• Eguinaldo Hélio Souza
  • 20/03/2025
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Nosso Caso Dreyfus e o grito dos perversos

 

Eguinaldo Hélio Souza

            Provavelmente você nunca ouviu falar do Caso Dreyfus. Vale a pena pesquisar. Porque estamos vivendo a mesma coisa neste país. Dreyfus foi condenado injustamente e enviado para a Ilha do Diabo. Um inocente condenado, humilhado, desonrado, separado de seus familiares e amigos. Chamado de traidor da pátria por uma imprensa e um público desumano e cruel. Até que vozes se levantaram.

Primeiramente, umas vozes solitárias. Um famoso escritor lança seu grito na primeira página de um jornal: “Eu acuso!”. E acusou mesmo. Acusou as autoridades de injustiça, de manipulação, de parcialidade, de covardia. Houve um rebuliço. Novo julgamento.

A verdade começou a aparecer. Nua, crua e devastadora. Autoridades tiraram sua própria vida por vergonha. Outros confessaram. De outros foi exigida a renúncia. A França se dividiu entre aqueles que eram contra e os que eram a favor de Dreyfus. Por fim, após seis anos, ele foi libertado do Ilha do Diabo e teve sua honra e direitos restituídos. A verdade triunfou e venceu.

Todos sabem que a acusação de golpe de 8 de janeiro é uma farsa. São centenas de Dreyfus em suas Ilhas do Diabo, amargando um sofrimento que não merecem. Autoridades injustas declarando sentenças injustas. Uma imprensa vergonhosa fazendo eco às injustiças, sendo cúmplices do crime de incriminar inocentes. Dreyfus vive e passa mal.

“Sem anistia” é o grito dos perversos. É o eco daqueles que há quase dois milênios gritaram “Crucifica-o!”. É mais do que o sintoma da doença. É a infecção purulenta que salta através da pele revelando a podridão interna.

Anistia já! Uma nação não pode sobreviver moralmente com tanto sangue inocente manchando suas mãos e sua história.