Ó pátria amada, idolatrada
Vilipendiada
Atacada por matilhas famintas
À caça de presas dóceis e inúteis
Acéfalas e entorpecidas
Que logo perdem a doçura
Ganham utilidade pelo toque suave das mãos de Midas
E se juntam ao promíscuo banquete dourado da corrupção.
Ó pátria amada, idolatrada
Saqueada
Assaltada pela ignorância do próprio povo
Que enaltece a vigarice de analfabetos fúteis
E despreza a genialidade de cultos e letrados
Que difama da polícia aos magistrados
Só para ver livre o "Barrabás"
Enquanto jaz em casa um trabalhador de bem
Trancafiado como animal em jaula
Vendendo a liberdade para comprar a "paz".
Ó pátria amada, idolatrada
Tripudiada
Com o lábaro manchado de vermelho sangue
Tingido pelas feridas abertas do teu povo sofrido
Enganado
Estuprado por covardes cegos e pútridos
Imundos abutres que retiram o pão do faminto
O cobertor do desvalido
A dignidade do cidadão, tratado como cão
Acaso pertencem à espécie daquela matilha?
Claro que não!
São pessoas de bem
Enganadas pelo estômago e pelas telas coloridas
Pelos pagodes e modinhas
Simulacros das "rodinhas de playboys"
Sonhos de consumo de pobres coitados
Só lhes restam as dores das feridas e dos calos
Melhor a anestesia do fim de semana
"Garçon, desce mais uma pra afogar a mágoa, porque hoje é domingo!"
Eis, então, que a matilha comemora a segunda!
Tudo como dantes
"Viva" nossa democracia!
A sangria continua...
Harley Wanzeller. 07.09.2017