• Harley Wanzeller
  • 09/09/2018
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NAÇÃO FERIDA

 

Ó pátria amada, idolatrada

Vilipendiada

Atacada por matilhas famintas

À caça de presas dóceis e inúteis

Acéfalas e entorpecidas

Que logo perdem a doçura

Ganham utilidade pelo toque suave das mãos de Midas

E se juntam ao promíscuo banquete dourado da corrupção.

 

Ó pátria amada, idolatrada

Saqueada

Assaltada pela ignorância do próprio povo

Que enaltece a vigarice de analfabetos fúteis

E despreza a genialidade de cultos e letrados

Que difama da polícia aos magistrados

Só para ver livre o "Barrabás"

Enquanto jaz em casa um trabalhador de bem

Trancafiado como animal em jaula

Vendendo a liberdade para comprar a "paz".

 

Ó pátria amada, idolatrada

Tripudiada

Com o lábaro manchado de vermelho sangue

Tingido pelas feridas abertas do teu povo sofrido

Enganado

Estuprado por covardes cegos e pútridos

Imundos abutres que retiram o pão do faminto

O cobertor do desvalido

A dignidade do cidadão, tratado como cão

Acaso pertencem à espécie daquela matilha?

Claro que não!

 

São pessoas de bem

Enganadas pelo estômago e pelas telas coloridas

Pelos pagodes e modinhas

Simulacros das "rodinhas de playboys"

Sonhos de consumo de pobres coitados

Só lhes restam as dores das feridas e dos calos

Melhor a anestesia do fim de semana

"Garçon, desce mais uma pra afogar a mágoa, porque hoje é domingo!"

Eis, então, que a matilha comemora a segunda!

Tudo como dantes

"Viva" nossa democracia!

A sangria continua...

 

Harley Wanzeller. 07.09.2017