Alex Pipkin, PhD
Olhando pelo espelho retrovisor, não é difícil observar os passos para trás que caminhamos - e de maneira acelerada. Aparenta ser uma ficção que se tornou realidade, nos moldes do “curioso caso de Benjamin Button”.
Faz, aproximadamente, 30 anos. Mais do que pelas transparentes transformações do corpo físico, nosso “mindset” definhou. Os nefrálgicos incentivos, aqueles que moldam o conjunto de nossas crenças e de nossas atitudes, e que nos faz tomar decisões verdadeiramente progressistas, foram quase que completamente transformados. De forma inequívoca, para pior.
Os propósitos individuais e coletivos, os valores virtuosos da auto responsabilidade, da ética, do esforço e do trabalho com afinco, orientado por uma visão de auto desenvolvimento, cambiaram-se pelos vícios do fracasso, por uma visão coletivista bom-mocista, francamente, da abstração.
Os fundamentais incentivos se bandearam para o vitimismo, para a incompetência, para o banal e o vulgar, materializando-se em questões puramente ideológicas, como o da busca da miragem “justiça social” e, em especial, pelos temas ligados ao identitarismo: de raça, de gênero e de orientação sexual.
De maneira destruidora, esses corroeram o efetivo desenvolvimento, desembocando em escassez de coesão e abundante divisionismo social. Ao “nobre” estilo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, o polido exercício retórico das (des)elites tupiniquins, jorrou para fora meras palavras, tais como “democracia, liberdade, igualdade e Estado de Direito”.
A mentalidade desagregadora e destrutiva gestada e incentivada, e infiltrada na “massa do sangue” da massa, manipulou e criou uma série de instituições extrativistas, mantendo fixas hierarquias - as tradicionais castas (podres) -, e as consequentes posições sociais e econômicas.
O vírus do “mindset” coletivista ceifou, fortemente, mais do que a genuína democracia, mas às liberdades individuais e econômicas, a auto responsabilidade e a confiança individual e, de maneira avassaladora, a percepção de que é possível ascender social e economicamente, por meio do esforço próprio.
O que move o modo de comportamento de um contexto social são as crenças, as ideias e as opiniões. Em última análise, os hábitos mentais das pessoas. Ao contrário da politizada ênfase em questões da impossível igualdade, da “justiça social” e de políticas identitárias, é o vigoroso pensar e agir no desenvolvimento econômico e social, no empreendedorismo “mágico”, na capacidade de ser legitimamente livre para pensar, dizer e fazer o que se alinha com os próprios objetivos individuais, aquilo que faz tal contexto social se desenvolver, de fato, e prosperar.
É exatamente esse “mindset” aquele que motiva o aparecimento de novas ideias e tecnologias, das virtuosas e vitais inovações. Acima de tudo, o que gera aumento de produtividade, e faz emergir o crescimento econômico e social.
Os incentivos foram perversamente pervertidos. Deveriam voltar à cena aqueles umbilicalmente ligados a geração de relacionamentos econômicos e sociais, voluntários e colaborativos, geradores de investimentos; os reais criadores de emprego, de renda, de riqueza e de prosperidade.
A “juventude perdida” deveria ser motivada por tais incentivos virtuosos, aqueles que conduziriam a aprendizagem por imitação das habilidades e dos comportamentos daqueles que empreendem - e aprendem. Isso através da liberdade de poder pensar e agir individualmente.
De forma pesarosa, atualmente, tais incentivos invertidos operam na direção de fazer os mancebos permanecerem presos em suas cavernas mentais da injustiça e da opressão! Funesto.
É o “mindset” que molda a conduta e as formas de comportamento social. Esses, por sua vez, deveriam impactar na formatação de nossas instituições, que determinam a estrutura de incentivos, através de leis e do regramento institucional. Mas há um sopro de esperança nos ares! O processo social - e econômico - nunca é estático.
Parece ser somente uma questão de tempo. Tempo capaz de transformar as instituições e, fundamentalmente, a definição de incentivos de natureza distinta. Esses direcionados para a formação de crenças e de valores morais impulsionadores das liberdades individuais e econômicas, das trocas e do empreendedorismo, da geração de genuínas oportunidades para todos e, especialmente, da justiça com “j” maiúsculo.
Não há como esperar por muito mais tempo. Urge transformar o “mindset” brasileiro e a correspondente percepção de que é possível se desenvolver, social e economicamente, por meio da auto responsabilidade e do esforço e trabalho individual. Chegou a hora!