• Paulo Eboli
  • 18/03/2015
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MEA CULPA


Chorei muito, outra noite, durante e após o pronunciamento impronunciável da Dilma .
Ela (que falta faz o "it", na língua portuguesa!) demonstrou por A + B... que eu sou
o responsável pela crise econômica e política do Brasil.

Claro! Como não eu não havia chegado a essa conclusão antes? Se não, vejamos:
Leio a Veja e o Globo; assisto a TV Globo; trabalho; nunca roubei; estudei muito;
pago impostos, todos; penso; acredito em mérito; acho Cuba e Venezuela duas
merdas; não gosto do Estado Islâmico; não leio a Carta Capital; acho o Lula um ladrão
safado; gosto de coxinha, inclusive a de galinha; não acho o Lindberg bonito; meu pai
trabalhava; meu avô trabalhava; minha mulher trabalha; entendo que educação é
fundamental; meus filhos trabalham; acredito que o Roberto Marinho já morreu;
pra mim, o MST é um bando de vagabundos fora da lei; acho o Mercadante uma
besta; sou a favor da extradição do João Santana para a Guiné Equatorial; vou pra
rua no dia 15; me recuso a discutir ideias da Dilma, porque estas não existem;
votei duas vezes no FHC; sou pela versão da descoberta do Brasil por Cabral, não por
Lula; sou contra cotas, sejam quais forem; idem com as bolsas; acho o Chico Buarque
um analfabeto político; e o José de Abreu um farsante; na minha opinião, Maduro,
Evo Morales e Cristina Kirchner, deveriam trabalhar num circo de aberrações; tenho
nojo da Luciana Genro; meu ouvido não é penico; minha tolerância anda em torno
de zero; acho que os comunistas deveriam ser reunidos num museu e deixados lá,
em exposição pública; ser de esquerda ou direita, não quer dizer nada pra mim;
ainda acredito em ética; também em democracia plena; não ganho nada do governo;
acho a justiça brasileira uma bosta; quero o fim da pobreza, não a sua eternização;
acho o Foro de São Paulo um projeto fascista; detesto mentiras; não gosto de marginais;
não voto em bandido; estou de saco cheio de ser sacaneado!

Como podem ver, a Dilma tem razão.

A situação lamentável do país tem tudo a ver com a minha existência.

Talvez, com a de vocês também, quem sabe?

No meu caso, eu prometo, daqui pra frente, continuar sendo exatamente como eu sou.

Viu, Dilma?