Luiz Inácio da Silva está de saco cheio - nas palavras dele, naturalmente. Caprichando no timbre pré-histórico que o Brasil consagrou, Lula atacou mais uma vez o denuncismo da imprensa burguesa, que fica publicando coisas desagradáveis sobre a Petrobras. O ex-presidente em exercício disse que não aguenta mais a mesma coisa em toda eleição. De fato, se não fosse essa mídia golpista a serviço da elite branca, os companheiros poderiam continuar a roubar a maior empresa brasileira de forma silenciosa e discreta, sem esse falatório todo que só atrapalha os bons negócios privados feitos dentro da estatal (abaixo da camada pré-sal).O mais estranho de tudo é que, pelo cenário da corrida presidencial, parece que o eleitorado começou a acreditar nas manchetes da imprensa golpista - um absurdo, pois Lula já cansou de avisar aos brasileiros para não acreditar no que sai na mídia.
Eles nunca acreditaram, como se viu na reeleição dele em pleno mensalão e na eleição da sucessora, em pleno escândalo Erenice Guerra. Para corrigir essa perigosa distorção, segue um retrato do segundo turno da eleição mais surpreendente da história em manchetes elaboradas especialmente para não transbordar o saco de Luiz Inácio:
O presidente dos Correios que distribui panfletos de Dilma é ligado ao tesoureiro do PT que está no petrolão. Vote 13 pela coerência.
Dilma calou os críticos. Mesmo com os preços de energia amordaçados, ela acaba de estourar o teto da meta de inflação. Pensam que é fácil?
O despachante de José Dirceu na Papuda, e governador do DF nas horas vagas, não foi nem ao segundo turno. Infelizmente, há unhas que nem Delúbio desencrava.
Fantasmas do passado assombram a elite vermelha (aterrorizada com a ideia de ter de trabalhar a partir de 2015).
A Bolsa subiu, o dólar caiu, as ações da Petrobras dispararam. Volta, Dilma!
Com a boa votação de Luciana Genro, o Brasil enfim discutirá a sério a reforma agrária, o imperialismo ianque e, quem sabe, até as Diretas Já.
Marcelo Freixo, o revolucionário do bem, já declarou seu voto para Dilma. O recado das ruas em junho de 2013, portanto, foi o seguinte: deixa pra lá.
Lá vem a direita gritar que mais um petista (ligado ao governador eleito de MG, Fernando Pimentel) foi pego com uma montanha de dinheiro. Pura inveja da elite vermelha. Eduardo Jorge apoia Aécio e pira o GPS dos bonzinhos. Fica a dica: a esquerda éado relógio, e a direita a da caneta.
Falando em pureza, Luciana Genro liberou seus fiéis para votar em Dilma. Pela margem de erro, os puros poderão escolher de Collor a Sarney.
Mantega diz que Armínio cortará programas sociais. É verdade. O Bolsa Ministro Ocioso, por exemplo, desaparecerá.
Delatores revelam: Vaccari, tesoureiro do PT, regia o petrolão. Delúbio está morrendo de ciúmes.
Armínio ao PT: "Comparações com FH precisam ser mais honestas". Pedir honestidade ao PT? É um fanfarrão, esse Armínio.
O Brasil aguarda ansiosamente o manifesto dos intelectuais de esquerda em defesa da Petrobras e dos heróis que fizeram dela um anexo do PT.
Dilma diz que o petrolão só apareceu porque ela investigou. As cabeças cortadas também só apareceram porque o Estado Islâmico filmou.
Dilma disse que acha "muito estranha" a história contada pelos delatores da Petrobras. Bota estranha nisso, presidenta.
Dilma denuncia: divulgação dos podres da Petrobras é golpe. Cadê o manifesto dos intelectuais petroprogressistas contra o novo golpe da elite branca?
E os sonháticos... Cada vez mais erráticos. Nenhuma surpresa. A coletiva de Marina pós-eleição parecia um almoço de domingo. Haja poesia.
Um lembrete: nenhum jornalista, cientista político ou tucano genérico apostou em Aécio. Diziam que ele não batia no PT e estava no tom errado.
Aécio esterilizará as nordestinas (essa manchete é para poupar trabalho à central de inteligência dos companheiros).
Dilma reclamou das delações na Petrobras em época de eleição. É mesmo um absurdo. Mas roubar a empresa está liberado em qualquer época.
Se você também não suporta mais ver o filho do Brasil de saco cheio em véspera de eleição, siga @GFiu-za_Oficial: a política brasileira em manchetes que não ardem nos olhos e não irritam a alma sensível dos companheiros (só um pouco).