Poemas e poesias em louvor do livre mercado e do capitalismo devem ser poucos e raros. Este é um deles. Aqui, um ex-militante do atraso faz um poema em louvor ao livre mercado e ao capitalismo.
Na loja de parafusos,
centenas de pequenas caixas,
cada mínima peça com seu preço.
E assim, bens e serviços
por aí, em quase todas ruas do planeta.
Objetivados por seus custos,
nutrem nossas vidas.
Flocos do meu coração magnetizavam
o amor diluído
nessas atividades humanas,
meus olhos provavelmente brilhando.
Nosso ancestral mais remoto
nunca imaginaria essa comunicação
através das coisas do dia a dia.
Atravessando espinhos
na mata densa ou no cerrado
na aurora da humanidade,
fugindo de bichos, à procura de comida,
abrigo, companhia ou cura,
ele não poderia crer
num dia onde tudo também
se falasse pelos preços,
que a grande colmeia humana
levaria a vida adiante
de forma muito mais fácil e prática,
nossas mentes livres a voos maiores.
Bilhões de vidas fizeram-fazem isso,
cada qual em seus passos e ofícios,
tudo tecido sem saber o tamanho,
textura, cor ou a utilidade transcendente dessa teia
que nos une e tantos chamam de mercado, capitalismo,
como poderíamos chamar de encontro,
praçona, interconexão, homos gregarius.
Saí da loja de parafusos
sorrindo do tanto que já fui confuso
quando malhava o capital.
Abracei invisível
tudo e todos a girar na imperfeição harmônica
de negócios esparramados pelo mundo.
Apesar dos inevitáveis problemas,
nossa condição humana se eleva
ao nos agregarmos nessa cosmovia
que tantos nomes é-foi chamada,
mas atende simplesmente como Economia.
Aqui, minha pequena atitude de gratidão.