Um poeta já disse que nada acontece na realidade política de um país sem antes já ter acontecido em sua literatura. Como no Brasil e na América Latina a literatura anda em baixa, a vida real tem imitado os discursos do PT e de seus aliados no continente. A realidade brasileira e latino-americana está cada vez mais parecida com as falas das presidentes Dilma e Cristina: sem lógica, sem direção, povoadas de clichês e ruídos incompreensíveis. Nas raras vezes em que se compreende alguma coisa do que as mandatárias quiseram dizer, pode-se ter certeza de que o oposto ocorrerá. Não é por obra do acaso que Dilma teve o pior início de governo na história da humanidade.
Se for preciso buscar alguma referência literária para o Brasil petista e a América Latina bolivariana, teríamos de ir ao livro 1984, de George Orwell. No país imaginado pelo escritor inglês, havia o Ministério da Verdade (que divulgava a mentira), o Ministério da Paz (que fazia a guerra), o Ministério da Fartura (que escondia a miséria) e o Ministério do Amor (que promovia o ódio). A diferença é que em 1984 havia apenas quatro ministérios; aqui são 40.
Cristina Kirchner é 1984 puro. Basta ver suas reações à morte do promotor Alberto Nisman. Primeiro, a Grande Irmã disse que ocorrera um suicídio. Depois, ela se convenceu de que fora um assassinato. Não me espantarei se amanhã ela disser que a culpa é de Israel, dos Estados Unidos ou do Clarín. Aliás, o que estou dizendo? Na internet, já tem gente culpando George W. Bush.
Também não ficarei surpreso se personagens incômodos para a esquerda brasileira começarem a ter fim semelhante ao do promotor argentino. É sempre bom lembrar que vivemos no país de Celso Daniel, Toninho do PT e 60 mil homicídios por ano. Por sinal, dias atrás morreu um dos delegados que investigaram a morte de Celso Daniel. Pelas minhas contas, é a oitava morte de pessoas ligadas ao caso – e não foi suicídio.
Há 40 anos, o jornalista Vladimir Herzog foi torturado e morto nas dependências do Dops. Os carrascos da ditadura militar tentaram simular um suicídio, mas a comunidade de São Paulo – especialmente a judaica – não aceitou. Ali o regime dos generais começou a morrer. Penso que a morte de Alberto Nisman será também um marco na luta contra os regimes do Foro de São Paulo. Até lá, usarei a minha arma nesta guerra: o Santo Rosário. Rezo uma Ave-Maria por Alberto Nisman, que era judeu, assim como Jesus e sua Mãe.