Liberdade! Liberdade de escolher, de não se sujeitar passivamente às imposições do agressor a quem denominam de “Estado” (e ainda por cima usando E maiúsculo). Liberdade de pensar, de exprimir as próprias ideias sem que sejamos censurados por fazê-lo, de saber que a economia de mercado é o único meio para indivíduos e sociedades atingirem a prosperidade. Liberdade de empreender, de comprar e vender, de poupar e investir, de entrar e sair dos mercados, de fazer o que bem entender com nossa vida, já que ela é nossa. Liberdade, enfim, mas sabendo que esta deve estar sujeita aos princípios e comportamentos básicos exigidos pela vida em sociedade, já que o homem nasceu não para ser um ser solitário, mas um ser solidário, ou seja, para viver sob a égide da cooperação voluntária e do princípio clássico da divisão do trabalho e das trocas. Alguns pensadores, como o antropólogo espanhol Luís Lorda, denominam a subordinação a esses princípios deliberdade sitiada, ou seja, demarcada pelos hábitos, costumes e tradições de um país ou sociedade. Afinal, desde que nascemos somos sujeitos a esses hábitos e normas de conduta: ninguém pode ser livre, por exemplo, para matar, apropriar-se do que não é seu, roubar, estuprar, etc.
Propriedade! Propriedade, sim, porque sem direitos assegurados à propriedade é impossível subir de padrão de vida, seja no âmbito individual, seja no social. Sem propriedade, instala-se o caos e germina o totalitarismo de qualquer nuance. Não há exemplo, um solitário exemplo sequer, de economias e de sociedades que conseguiram sucesso sem respeitar os direitos de propriedade.
Paz! Paz, sempre paz, porque sabemos que sem ela os mecanismos do verdadeiro progresso emperram e porque recursos dos pagadores de tributos desviados para gastos bélicos jamais beneficiaram esses pagadores (recuso-me a usar o termo “contribuinte”, por uma questão de discernimento e, até, de honra) e, pelo contrário, sempre prejudicaram os que trabalham e dão o melhor dos seus esforços. Paz, porque, como disse Benjamin Franklin, “nunca houve uma guerra boa nem uma paz ruim.”
Quem abrir a página do IMB encontrará, logo abaixo do nome do Instituto e do nosso logotipo, essa trilogia. Liberdade, Propriedade, Paz. Esse é, resumido, o ideal de nossa instituição.
Na seção “sobre nós”, uma declaração de princípios e ações do IMB, que reproduzo abaixo:
“O Instituto Ludwig von Mises - Brasil ("IMB") é uma associação voltada à produção e à disseminação de estudos econômicos e de ciências sociais que promovam os princípios de livre mercado e de uma sociedade livre.
Em suas ações o IMB busca:
I - promover os ensinamentos da escola econômica conhecida como Escola Austríaca;
II - restaurar o crucial papel da teoria, tanto nas ciências econômicas quanto nas ciências sociais, em contraposição ao empirismo;
III - defender a economia de mercado, a propriedade privada, e a paz nas relações interpessoais, e opor-se às intervenções estatais nos mercados e na sociedade.
O IMB acredita que nossa visão de uma sociedade livre deve ser alcançada pelo respeito à propriedade privada, às trocas voluntárias entre indivíduos, e à ordem natural dos mercados, sem interferência governamental. Portanto, esperamos que nossas ações influenciem a opinião pública e os meios acadêmicos de tal forma que tais princípios sejam mais aceitos e substituam ações e instituições governamentais que somente:
a) protegem os poderosos e os grupos de interesse,
b) criam hostilidade, corrupção, e desesperança,
c) limitam a prosperidade; e
d) reprimem a livre expressão e as oportunidades dos indivíduos.”
O IMB - é importante manifestarmos isso claramente - não tem nenhum tipo de ligação nem de envolvimento com qualquer partido político, nem com qualquer político. Nossas ações são voltadas exclusivamente para o campo das ideias, porque temos a convicção de que apenas elas podem, de forma espontânea, não coercitiva, mas pela simples força lógica de argumentos, forjar indivíduos que valorizem suas liberdades e que saibam que uma sociedade em que prevalecem esses valores só se torna possível quando os agentes individuais que a compõem também os prezam e lutam para conquistá-los e mantê-los.
Nosso Instituto nasceu a partir de mensagens trocadas no Orkut por um grupo de jovens, liderados por Helio Beltrão, pelos três fratelli Chiocca, Leandro Roque e por outros valorosos idealistas e homens de ação, que sempre acreditaram nessas ideias e na máxima de Ludwig von Mises de que elas são mais poderosas do que exércitos. Esse pequeno grupo, em um abençoado dia, há cerca de seis anos, decidiu fundar o IMB. O começo foi, como a maioria dos começos, uma interrogação, mas também uma certeza, a de que com trabalho sério, idealismo, perseverança e bons propósitos podemos realizar coisas realmente fantásticas.
Aos poucos, as visitas à nossa página foram aumentando. O número de jovens (principalmente, mas não exclusivamente) que começaram a ler os artigos de nossa página começou a crescer, a taxas ascendentes e, hoje, vertiginosas. Atualmente nossa página registra, em média, 15.000 visitantes por dia. Alunos de universidades de todo o país e até do exterior começaram a nos procurar para palestras, debates, indicações quanto a cursos de mestrado e doutorado no exterior ou para simples orientações de leituras. Muitas associações de jovens afinados com as ideias da Escola Austríaca de que o IMB se tornou o principal porta-voz no Brasil foram e estão sendo criadas em um ritmo que chega a espantar. Não cito os nomes dessas iniciativas aqui por simples receio de cometer injustiças por eventuais esquecimentos.
Em resumo, a liberdade está se espargindo pelo Brasil como uma estrela do mar, para usar a felicíssima imagem de Helio Beltrão sobre a expansão das ideias libertárias no mundo de hoje.
Tive a grande alegria de me incorporar a esse grupo extraordinário de fundadores do IMB em 2009, na qualidade de Diretor Acadêmico, e desde então tenho acompanhado de perto e tentado contribuir com o melhor de mim e com renovada esperança o seu excepcional e incansável trabalho.
Foram realizados três seminários, em Porto Alegre (2010 e 2011) e em São Paulo (2012). Muitos livros de autores internacionais consagrados e também de brasileiros foram e continuam sendo editados. Em 2011 foi realizado um curso presencial de 60 horas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A partir de 2012, foram oferecidos diversos cursos de pouca duração na Universidade Mises on line. Em 2013, foi lançado o primeiro número da revista MISES: Revista Interdisciplinar de Direito, Filosofia e Economia, com a excepcional colaboração de Alex Catharino, sua esposa Márcia Xavier de Brito, Fabio Barbieri, Adriano Gianturco Gulisano, Fernando Ulrich, e outros na seleção, composição, tradução e revisão de artigos e resenhas. Inúmeras palestras e conferências foram e têm sido proferidas em muitas cidades do Brasil e também do exterior por nossos acadêmicos. Em 2013, graças à visibilidade que o IMB alcançou, um deles foi laureado com um prêmio internacional na Itália, por sua obra persistente e obstinada da Escola Austríaca em defesa dos princípios da liberdade, que o IMB lhe permitiu aprofundar e popularizar. Devo destacar também o sensacional trabalho de Bruno Garschagen, responsável por nosso Podcast, que, ontem e hoje (escrevo no primeiro dia do mês) alcançou o primeiro lugar no ranking do Top Audio Podcasts, na categoria News & Politics e o segundo lugar na classificação geral de áudio da iTunes Store. Fora outras ações que, por economia de espaço e – admito reconhecer, apagão (breve, felizmente) de memória – deixo de mencionar.
Mas e quanto ao futuro? O que pretendemos fazer, dado o vertiginoso crescimento que vem acontecendo? É claro que esse crescimento exponencial do IMB e de sua influência impeliu-nos a definir uma estratégia de ação que levasse em conta esse auspicioso fato, que pode ser resumida em um dito popular bastante conhecido, aquele de que nunca é aconselhável “colocar a carroça na frente dos bois”.
Assim, as metas para este ano são: primeira, consolidar a Revista MISES, levando em conta que o segundo número (que já está em adiantada fase de revisão) seja melhor do que o primeiro, que o terceiro seja superior ao segundo, o quarto ao terceiro e assim sucessivamente, até que, em um tempo que estimamos entre 4 a 5 anos, a revista já venha a figurar na melhor classificação da Capes.
A segunda meta é um sonho que se transformará em realidade em 6 e 7 de setembro deste ano, com a presença de Ron Paul e outros conferencistas brasileiros e estrangeiros na quarta Conferência do IMB, a ser realizada em São Paulo.
A terceira é na área dos cursos on line, em que passaremos a dar ênfase a cursos com maior duração, o que não excluirá, entretanto, os cursos com cargas horárias menores. O primeiro deles será uma réplica aperfeiçoada do Curso de Iniciação à Escola Austríaca de Economia que foi realizado em 2011 na UERJ, cobrindo as áreas de História, Filosofia, Epistemologia e Economia, a ser ministrado por diversos professores. Este curso deverá começar em junho e se estender até outubro/novembro.
A quarta é continuar lotando o mercado de livros com os ideais da liberdade, consertando aos poucos, porém com passos seguros, a enorme deficiência que existe em nosso país de traduções de pensadores austríacos imortais, sem esquecer as contribuições de autores brasileiros, que também vêm aumentando a olhos vistos.
Por fim, a quinta. Continuar acreditando que a liberdade é o único insumo do progresso individual e social e intensificar o trabalho para transmitir essa convicção para o maior número possível de pessoas, para que, no longo prazo, possamos dizer com enorme alegria: “Cumprimos nossa tarefa; o Brasil é hoje uma sociedade de indivíduos livres!”
God bless liberty! God bless the Mises Institute of Brazil!
E, para finalizar, em caráter estritamente pessoal, quero lembrar o lema de minha página, extraído da segunda carta de São Paulo aos Coríntios: Ubi autem Spiritus Domini, ibi libertas (II Cor, 3-17). Em português: "Onde estiver o Espírito do Senhor, aí estará a liberdade".
*Doutor em Economia