• Alex Pipkin, PhD
  • 27/04/2023
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Desigualdade: sim, a favor do setor público, em detrimento do privado.

 

Alex Pipkin, PhD

Sempre acreditei que entre as funções precípuas do Estado justo, estavam a garantia da lei e da ordem, a preservação das liberdades individuais, a provisão de bens públicos de qualidade, e o crucial papel do setor público como definidor de incentivos adequados à criação de empresas e de empregos, em especial, àqueles relacionados a geração de inovações.

Desafortunadamente, o que se constata a olhos nus no Brasil, apesar da retórica das desigualdades sociais, é uma profunda desigualdade de condições, em nível salarial e de benefícios, do setor público em relação aos trabalhadores do setor privado.

Evidentemente existem exceções tanto na esfera pública como na privada.
No entanto, a narrativa construída é bem outra: empresários inescrupulosos sugam a renda dos trabalhadores, e a era da sinalização de virtude corrobora para fazer crer que a solução para a vida dos cidadãos vem do grande Estado “salvador”.

É desprezível que hoje, no Brasil, estejamos enclausurados no buraco da tirania de agentes estatais autoritários, ao invés de estarmos gozando dos ares produtivos das efetivas liberdades individual e econômica.

Apesar disso, muitos grandes empresários, inclusive têm fomentado essa ladainha de desigualdades, e externado sob os holofotes nobres sentimentos de culpa e desejos de redução das desigualdades sociais.

Desejo destacar dois aspectos fundamentais.

O primeiro é que todo esse entorno das narrativas vitimistas têm fornecido gás e justificativas para uma atuação cada vez mais intrusiva dos governos, com mais intervencionismo que impõe aos indivíduos e as empresas, criadores de riquezas, mais regulamentos e dificuldades, mais burocracias e exigências laborais. Todo esse conunto impacta em maiores custos e menor propensão ao investimento e a geração de empregos e renda, além da mitigação de uma cultura empreendedora.

O segundo e mais nocivo aspecto se refere a uma espécie de aval popular geral, por parte da população, o que propicia aos governos um cheque em branco para formular e implementar políticas públicas bom-mocistas que, comprovadamente, vão de encontro a uma maior criação de empregos, de aumento da atividade empresarial, de redução da inflação e dos respectivos preços e, fundamentalmente, do fomento ao investimento produtivo no país.

Ainda que bem-intencionadas, políticas públicas populistas quase sempre vão na contramão daquilo que elas se propõem a cumprir.
O saudoso Roberto Campos dizia: “O mundo não será salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes”.

É perigoso e lastimável que a narrativa vitimista das desigualdades esteja ganhando o jogo de goleada, pois ela seduz corações culpados, nobres e carentes.

A fim de atacar e vencer o real problema da pobreza, são necessárias ações duras de redução do tamanho do Estado, tornando-o mais eficiente, da criação de um ambiente de negócios mais favorável ao empresariado, com muito menos regulamentos e normas contraproducentes, desburocratizando e privatizando empresas estatais completamente ineficientes. É mister transformar a educação, orientando-a para preparar os estudantes para os desafios dos novos tempos, contrariamente ao atual teatro de doutrinação marxista.

O problema é que para tanto, é preciso impulsionar um forte debate para se romper com a distorcida agenda coletivista da esquerda do amor.

É desolador que a prioridade de governos esquerdistas esteja em políticas identitárias - que dão voto -, ao invés de estarem prioritariamente em políticas econômicas experimentadas, que melhoram a vida de todas as pessoas, não somente de funcionários públicos.

Não se trata de criticar o setor público, mas sim de torná-lo justo e eficiente para o bem de todos.

O Estado existe para servir, e não para se servir do setor privado. Urge inverter essa agenda coletivista, populista e equivocada. Narrativas são muito distintas dos fatos, da realidade.

É indispensável centrar o foco e os esforços nos incentivos adequados aos indivíduos e as empresas, criadores de emprego, renda e riqueza para todos.

Sem a criação de riqueza, com maior atividade econômica, que produz mais a ser arrecadado, sem os impostos, o Estado não sobrevive. O resto são narrativas.

A crueza e a dureza estão em que essa façanha não é nada singela.