• Alex Pipkin, PhD
  • 21/07/2024
  • Compartilhe:

Desembarcando o ESG

 

Alex Pipkin, PhD
      Definitivamente, o propósito de uma empresa é gerar lucro para os seus donos, ou seja, seus acionistas. Importante destacar que entre tais donos, encontram-se pequenos poupadores que buscam remuneração para seus recursos de toda uma vida.

Até então me parecia algo intuitivo. Sem lucro, não há investimentos, e sem investimentos não existe geração de empregos, de inovações e, notadamente, estímulo para o crescimento organizacional. Aliás, sem lucratividade, governos arrecadariam menos tributos das empresas para financiar serviços públicos básicos e essenciais.

Disse que parecia intuitivo, entretanto, nesse "novo mundo "progressista"", emergiu vorazmente a grande indústria do ESG - Governança, Social e Ambiental.

Como liberal, considero que os mercados devem ser livres, a fim de estimular a concorrência e as inovações. Uma empresa só sobrevive no longo prazo se for capaz de satisfazer as necessidades e os desejos de seus clientes-consumidores, visando o lucro. Sem lucratividade, seguramente, não haverá empresa no futuro.

Tal missão é alcançada por meio do fornecimento de soluções para os consumidores, materializadas através de melhores produtos e serviços, a preços, cada vez mais, competitivos. A missão da organização é exatamente essa, não a utopia da salvação da humanidade. Empresários que satisfazem, efetivamente, os consumidores, de fato, estão gerando bem-estar social para todos. Ponto.

No entanto, nesse "novo mundo "progressista"", a sanha coletivista, anticapitalista, crê que são as políticas autoritárias e intervencionistas impostas pelo Estado grande, aquelas que devem ser protagonistas, em nome da "justiça social". Portanto, impõem-se práticas ESG no seio empresarial.

Note-se que a exigência estatal quanto ao ESG, ao cabo, impacta negativamente nos mercados, impulsionando um comportamento discriminatório e anticompetitivo. Verdadeiramente, as escolhas estratégicas das empresas, devem ser tomadas por seus próprios acionistas que, em tese, desejam e operam mirando a maior lucratividade possível.

Evidente que uma organização deve praticar ações antidiscriminação, porém, a diversidade, equidade e inclusão, tão propaladas por "progressistas", ideologicamente, têm se restringido à questões de raça e gênero. Nada de idosos, de pessoas de "todas as cores", de indivíduos em más condições socioeconômicas, de diferentes etnias, entre outras.

Se os governos deixassem de se intrometer na economia - e na vida privada das pessoas -, certamente haveria maiores e melhores oportunidades para os indivíduos, e de maneira genuína, para todos. Inquestionavelmente, onde existe liberalismo econômico, há mais prosperidade.

Mesmo com a imposição governamental, uma série de empresas têm abandonado tais práticas ESG, por entender que o ativismo não tem contribuído para a verdadeira melhoria das condições daqueles que verbalizam defender.

Repito, são os acionistas aqueles que devem decidir se o ESG faz sentido para o seu negócio ou não, não burocratas estatais interesseiros, tampouco a turma "moderna de marketing". Essa, surpreendentemente, anda tomando decisões "estratégicas", isto é, realizando maquiagens nas comunicações, que contradizem a realidade objetiva das operações pragmatizadas pelas empresas.

Importante mencionar que apesar do estardalhaço e da retórica da indústria do ESG, estudos científicos fidedignos atestam que não há evidências de que os fundos de alta sustentabilidade superem os fundos de baixa sustentabilidade, como também, de que os fundos ESG tenham um desempenho social superior.

Quando se sai da retórica para a vida real das ações, ficam claras as contradições da narrativa ESG. Em síntese, são os donos das organizações, não os governos, aqueles que devem determinar o que deve prevalecer no ambiente empresarial.

Penso eu que é a lucratividade superior quem manda, embora algumas empresas possam continuar a investir no ESG, às custas de uma baixa lucratividade. Parecer "verde e bondoso" não basta. É necessário, preto no branco, ganhar dinheiro, visando a ser sustentável. Sustentável? Sim, alcançando uma lucratividade sustentável ao longo do tempo.