Na história da democracia pós Grécia clássica, teve seu momento mais definidor na França do Iluminismo, do culto à racionalidade no pensamento de Voltaire, Diderot, Condorcet, os filósofos responsáveis pela queda da ditadura monárquica de Luiz XVI e a implantação da República. Foi Voltaire que imortalizou num dístico a essência da democracia. Sua expressão serviu de epígrafe do saudoso Jornal de Debates (1946) com a queda da ditadura Vargas. Um momento épico da imprensa brasileira. Dito tão conhecido que dispenso reescrevê-lo.
O conceito voltairiano me vem à memória toda vez que acontecimentos promovidos por agitadores truculentos, agridem a liberdade de expressão de pessoas que pensam diferente dos admiradores das ditaduras cubana, venezuelana ou norte coreana. Como conciliar o conceito democracia aos episódios sofridos pela jornalista cubana Yoni Sanchez em visita ao Brasil, aterrorizada por um grupelho de marmanjos atléticos e covardes contra a moça frágil no físico e forte na palavra? E os jovens mascarados nas ruas de São Paulo depredando patrimônio público e privado, armados com rojões e estilingues ferinos contra a polícia? Exigem transporte gratuito! Privilégio que lhes parece justo! Com que direito? Em que princípio democrático se apóia esta turba demolidora pra se arvorar em juiz absoluto e supremo da coletividade ou do indivíduo, para impor aos cidadãos o que devem pensar, falar e ouvir? Que direito lhes assegurava impedir uma platéia pacífica de ouvir o deputado Jair Bolsonaro ?
Seus apologistas na imprensa, explícitos e camuflados ainda não justificaram o vandalismo e terrorismo ideológico dessas hordas eufóricas em exibir-se com ”beijaços” para demonstrar sua importância diante da crise econômica e moral que sacrifica milhões de brasileiros pelo desemprego, a calamidade da saúde, a catástrofe do ensino público, a dívida governamental de 500 bilhões, a insolvência da Petrobras, cujo valor atual não paga sua dívida internacional. No vórtice da crise em 1770, Luiz XVI convocou a Assembléia dos Notáveis para salvar a monarquia; no Brasil de 2016, a presidente Dilma convocou o Conselhão para salvar o mandato.