1. Há um consenso que se constrói a cada dia entre os analistas econômicos e políticos. Olhando para frente, o momento em que o Brasil se encontra é o melhor momento da crise.
2. A crise política ainda está em seu início. Dilma teve uma recaída esquerdoide e partiu para o confronto com a oposição. Quando muitos entendiam que seria um momento de conciliação, Dilma nomeou um ministério na expectativa de comprar o parlamento. Foi para a CUT radicalizar o confronto e na Suécia decidiu agredir o presidente da Câmara como se fosse apenas pessoa física.
3. Lula, a cada dia, está mais na oposição à Dilma e quer a demissão de Joaquim Levy. Levou o ministro do planejamento Nelson Barbosa para fazer palestra no Instituto Lula, estimulando o confronto entre este e o ministro da fazenda. A CUT e outras organizações ditas de representação social estão abertamente no governo (pelo dinheiro que recebem) e na oposição (pelos ataques sem pejo) à política econômica proposta.
4. O desgaste do presidente da Câmara criou um vácuo quanto ao futuro desta, tanto em relação ao tempo de sua resistência, como às reações que adotará, quanto, no caso de sua saída, que grupo assumiria a direção da casa. A única coisa certa é que não haveria maioria definida e as votações flutuarão ao sabor das pressões das ruas, do momento, do pragmatismo e do oportunismo.
5. O pacote fiscal naufragou de véspera. Ninguém mais acredita que seus vetores vertebrais passarão no Congresso nos próximos meses. O pacote fiscal integral ficou para depois do carnaval, ou da semana santa, ou das festas juninas, ou dos jogos olímpicos, ou das eleições municipais... Ou até mudanças políticas substantivas.
6. Os indicadores econômicos não apenas estão nos piores níveis dos últimos anos, como todos eles, sem exceção, apontam para curvas de tendência negativa. E no centro deles a relação entre Dívida e PIB, referência para as avaliações das agências qualificadoras de risco, como para o BCE, FED, FMI, BIRD, BID..., que aponta para 80% em alguns meses.
7. E a capacidade de gestão da presidenta num regime de presidencialismo vertical esvaiu-se. Se antes os analistas e a opinião pública falavam em perda de autoridade, agora têm a convicção de que o que há é desintegração da capacidade de governar.
8. A lei 1079/1950, que o STF usou para impedir mudança na tramitação dos pedidos de impeachment, reforçou a autoridade do presidente da câmara para decidir a favor do impeachment. E mais, essa mesma lei contempla a possibilidade de impedimento da/do presidente da república quando se demonstre sua incapacidade de governar. Aquilo que Dilma cita como golpismo paraguaio é, na verdade, mandamento legal há 65 anos no Brasil.
9. Mantida a atual dialética entre presidenta, congresso e sociedade civil, em pouco tempo teremos saudades de outubro de 2015.