• Carlos I. S. Azambuja
  • 04/10/2015
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COMO A AL-QAEDA FOI DESCOBERTA


(Publicado origialmente em www.alertatotal.net)

Os terroristas são como baratas. Para cada uma encontrada existem centenas escondidas.

Desde o primeiro atentado ao World Trade Center em 1993, passando por um tiroteio diante da sede da CIA, até à bomba nos Jogos Olímpicos de Atlanta, entre outros, nenhum desses acontecimentos havia sido imputado pela CIA ou pelo FBI a algum organismo denominado Al Qaeda.

No dia 11 de setembro de 2001, os EUA e o resto do mundo puderam ver que um pseudo-financista excêntrico havia sido associado, de modo distante e especulativo, a um ou dois eventos mas não responsabilizado por eles. Segundo a CIA, talvez ele estivesse ligado ao fracassado atentado a americanos no Iêmen, em 1992, e provavelmente houvesse certa conexão entre ele e Ramzi Youssef, que praticara o atentado ao World Trade Center em 1993 e fugira para as Filipinas. Supostamente conhecidos, os responsáveis pelos atentados terroristas discutidos pela mídia formavam um conjunto desconexo, com ameaças aparentemente controláveis: à Inteligência iraquiana, pelo atentado ao ex-presidente Bush; à Inteligência iraniana, pelo atentado à Força Aérea Americana nas Torres de Khobar, na Arábia Saudita; dois americanos excêntricos, pela bomba de Oklahoma; um clérigo egípcio, pelo plano para explodir os túneis da cidade de Nova York; um aspirante a policial, atuando como guarda de segurança, pela bomba nas Olimpíadas de Atlanta; um grupo de sauditas, logo decapitados pelas forças de segurança, pelo atentado à bomba contra a missão norte-americana em Riad; e um atentado à bala matando dois agentes da CIA, nas portas da Agência, praticado por Rim Amal Kansi, que quatro anos depois seria capturado no Paquistão por uma equipe da CIA.

Esse padrão regular de destruição e mortes fez com que a administração Clinton iniciasse uma escalada de verbas destinadas ao antiterrorismo. Paralelamente, Clinton enfocou o terrorismo em uma série de discursos importantes: na Academia da Força Aérea, em Oklahoma, na Universidade George Washington, em Annapolis, duas vezes nas Nações Unidas, duas vezes no Monumento aos Mortos do vôo Panam 103, na Casa Branca, em Lyon, França e em Sharm e-Sheik, no Egito. No entanto, a maior parte da mídia ignorou essas advertências.

Enquanto alguns funcionários federais encontravam-se alarmados diante da ascensão do terrorismo e trabalhavam diligentemente contra ele, outros, inclusive no FBI e na CIA, davam mostras de não terem percebido ainda a urgência do assunto. É isso que nos dizem os livros que resgatam esse passado.

Hoje sabe-se que o atentado ao World Trade Center, em 1993, fora uma operação da Al-Qaeda. Na ocasião, todavia, esse evento foi atribuído pela CIA e pelo FBI a Ramzi Youssef e ao xeque cego Omar Abdel al-Rahman, ambos presos em 1995, e mais Muhammad Sadiq Awda. Todos condenados pelos tribunais norte-americanos. Circulavam rumores de envolvimento árabe nos incidentes contra as tropas norte-americanas na Somália, mas a CIA não conseguiu confirmá-los.

Os detalhes do atentado à missão americana de treinamento militar em Riad não foram bem esclarecidos devido à falta de cooperação saudita. O atentado a Khobar, na Arábia Saudita, foi praticado pelo Hezbollah saudita, sob a estreita supervisão da Guarda Revolucionária do Irã. O Irã organizara também atentados terroristas em Israel, Bharein e Argentina.

Os atentados de Oklahoma e Atlanta haviam sido realizados por americanos ligados a milícias de origem local e a extremistas religiosos. Outro atentado, potencialmente devastador, havia envolvido também milícias americanas, que pretendiam explodir uma instalação de armazenamento de gás. A vigilância do FBI sobre essas milícias evitou uma calamidade.

Apesar da falta de provas de uma participação de Osama Bin Laden nessa série de eventos terroristas, membros importantes da comunidade de Inteligência dos EUA, em 1993 e 1994 continuaram a solicitar que se descobrisse mais sobre o homem cujo nome parecia soterrado nos relatórios da CIA como “o financista terrorista Osama Bin Laden”, pois parecia improvável que esse homem, que tinha um dedo em tantas organizações aparentemente desconexas, fosse apenas um doador, um filantropo do terror. Tais organizações pareciam ter um poder centralizador e esse centro talvez fosse ele, que constituía o único elo conhecido entre os vários grupos terroristas.

Em 1991, o governo da Arábia Saudita desistira de tentar persuadir Osama Bin Laden a cessar suas críticas à família real, que havia permitido a presença de tropas dos EUA no país após a Guerra do Golfo e à aliança militar do país com os EUA, determinando que ele deixasse o país. Bin Laden decidiu ir para o Sudão, que na época era o supra-sumo do porto seguro para terroristas de todos os matizes. O governo do Sudão era dominado pela Frente Islâmica Nacional, chefiada por Hassan al-Turabi, um suposto líder religioso. Bin Laden chegou com seu dinheiro e seus homens, árabes veteranos da guerra no Afeganistão contra os russos. A maioria desses veteranos seria presa caso voltasse para o Egito, Kuwait, Argélia ou Marrocos.

Para entender Osama Bin-Laden é preciso entender o mundo em que ele operava: foi o ator principal de uma emaranhada e sinistra teia de Estados patrocinadores do terrorismo, chefões de serviços de Inteligência, como o ISI-Serviço Interno de Inteligência do Paquistão, o VEVAK-Serviço de Inteligência do Irã, e terroristas experientes. Há que entender também que nenhum sistema de defesa resiste à determinação de alguém que quer tornar-se um mártir.

Como hoje se sabe, Bin Laden e al-Turabi estabeleceram vários projetos conjuntos: uma nova companhia de construção, uma empresa de investimentos, controle dos mercados sudaneses de commodities, um novo aeroporto, uma estrada entre as duas maiores cidades, novos acampamentos para treinamento de terroristas, uma fábrica de couro, residências para veteranos árabes da guerra afegã, remessas de armas para a Bósnia, apoio a terroristas egípcios em complôs para derrubar o presidente Mubarak e desenvolvimento de uma indústria nacional de armas (incluindo armas químicas). Os dois fundamentalistas eram almas gêmeas, compartilhando a visão de uma batalha mundial para estabelecer um Califado puro.

Nas sombras e utilizando suas empresas, Bin Laden coordenou uma vasta operação para introduzir na Somália e em Cartum, no Sudão, em 1993, cerca de 3 mil terroristas de vários países, a maioria dos quais que havia lutado no Afeganistão contra a invasão soviética, bem como grandes quantidades de armas e equipamentos, além de 900 combatentes do Hezbollah.

Desde Cartum, organizou um conjunto de linhas de comunicação e sistemas de apoio logístico, principalmente através da Etiópia e Eritréia. Em 26 de setembro de 1993, uma emboscada abateu um helicóptero Blackhawk em Mogadício, capital da Somália, e as imagens na TV mostraram uma turba arrastando os corpos dos militares americanos pelas ruas. Pode ser dito que esse foi o início da luta contra as tropas norte-americanas e da ONU que se encontravam na Somália e em 1º de março de 1994 grande parte das forças norte-americanas já havia deixado esse país.

Bin Laden, que já mantinha contatos com o Serviço de Inteligência paquistanês, nessa época estabeleceu relações com os Serviços de Inteligência do Irã (VEVAK) e do Iraque, que viriam a se mostrar úteis em seu caminho para o alto. Os acontecimentos na Somália podem ser considerados um marco em sua evolução, por ter sido a primeira vez que liderou um empreendimento de vulto, com complexas tomadas de decisões e formulações políticas.
Paralelamente, os muçulmanos aproveitaram o colapso da União Soviética para buscar independência para a província da Chechênia. Bin Laden enviou veteranos árabes afegãos, dinheiro e armas para o conterrâneo saudita Ibs Khatab, na Chechênia, que parecia um cenário perfeito para a jihad (guerra santa).

Também a Bósnia parecia se qualificar para uma jihad. A queda do comunismo na Iugoslávia fez com que as repúblicas étnicas naquela união artificial passassem a girar em torno de suas próprias órbitas. A província predominantemente muçulmana da Bósnia por muito tempo havia sido discriminada pelo centro cristão, e sua tentativa de independência em 1991 havia sido brutalmente reprimida pelo governo de dominação sérvia de Belgrado.

Ao contrário da jihad na Chechênia, que a Rússia tentou manter longe dos olhos do mundo, a Bósnia tornou-se o centro das atenções durante sua luta com a Sérvia. A partir de 1992, os árabes que anteriormente haviam sido mujahidins (aqueles que travam a jihad) afegãos, começaram a chegar. Com eles vieram os coordenadores, os homens do dinheiro, da logística e dos fundos de “caridade”. Organizaram empresas e redes bancárias de fachada, tudo sob a coordenação direta de Bin Laden. Tal como haviam feito no Afeganistão, os árabes criaram sua própria brigada, supostamente parte do exército bósnio mas que operava por conta própria. Os mujs, como se tornaram conhecidos, eram ferozes lutadores contra os sérvios, se envolviam em horríveis torturas, assassinatos e mutilações que pareciam excessivas até para os padrões balcânicos.

O presidente bósnio, Alija Izetbegovic, decidiu aceitar toda espécie de ajuda que aparecesse. O Irã enviou armas. A Al-Qaeda fez melhor: enviou combatentes, homens treinados e durões. Os serviços de Inteligência europeus e americano começaram a rastrear o financiamento e apoio aos mujs, chegando até Bin Laden, no Sudão, e até às instalações que já haviam sido estabelecidas pelos mujs na própria Europa Ocidental.

Essas ligações levaram à Mesquita do Parque Finsbury, em Londres, ao Centro Cultural Islâmico, em Milão, e à Agência de Auxílio ao Terceiro Mundo, em Viena. Também levaram à Fundação Internacional de Benevolência, em Chicago, e à Organização Internacional de Auxílio Islâmico, na Arábia Saudita. Essas instituições de caridade estavam fornecendo fundos, empregos, documentos de identificação, vistos de viagens, escritórios e outros apoios à brigada internacional de combatentes árabes dentro e ao redor da Bósnia. Antes do 11 de Setembro, os governos ocidentais, entre os quais o norte-americano, não encontraram justificativa legal adequada para fechar essas organizações.

O dinheiro fluía através de um sistema financeiro imaginado e montado por Bin Laden. A princípio (meados dos anos 80) esse sistema foi organizado na então existente Fundação Al-Qaeda, uma instituição de caridade que Bin Laden criara para dar respaldo ao treinamento de guerrilheiros islamitas no Paquistão. Esse sistema semi-legal multiplicou-se rapidamente por todo o mundo em uma miríade de contas bancárias e obras de caridade aparentemente sem conexão e em organizações multifacetadas que interagiam e enviavam pessoas e fundos.

Não existe nenhuma Osama Bin Laden Inc. Em vez disso uma rede de companhias, empresas, parcerias e entidades em nome de outras pessoas, que interagem entre si e, por fim, encontram-se ocultas em outra camadas de entidades financeiras internacionais maiores, de modo que seu envolvimento em quaisquer desses investimentos não possa ser descoberto. Essas empresas administram investimentos, holdings imobiliárias, transporte marítimo, empresas comerciais, projetos de obras públicas, empresas de construção, locação de aeronaves, importação e exportação, empresas de contratação e empresas agrícolas. Esses empreendimentos possuem negócios na Ásia, África, Europa e América Latina. Com o seu envolvimento direto e o seu profundo conhecimento dos negócios internacionais na era da informática, solucionou os problemas relativos à movimentação clandestina e à lavagem de grandes somas necessárias para dar suporte ao terrorismo e à subversão em todo o mundo.

Além disso, Bin Laden mantinha participação em negócios politicamente corretos, que ajudam a sustentar o Sudão, o Iêmen e o Afeganistão, numa ampla variedade de empresas e negócios locais. Eis o resultado dos investimentos do Sudão no terrorismo internacional: em novembro de 2004, segundo as Nações Unidas, 1,6 milhão de pessoas passam fome em Darfur, no Sudão, mas esse número pode aumentar para 2 milhões no próximo ano.
Enquanto isso os organismos de Inteligência do Ocidente lutavam para deslindar a rede e concluíram, em meados de 1993, que na ex-Iugoslávia, especialmente na Bósnia, a maioria dos fundos para essas obras de caridade era coordenado pela Fundação Mostazafin, uma fachada da Inteligência iraniana, que mantinha de 4 a 6 mil terroristas islamitas em operação na Bósnia, sob a proteção de cerca de 20 “obras de caridade” ou “projetos humanitários”.

Desde então, a situação não mudou muito.

No verão de 1995, a CIA passou a desenvolver planos para uma equipe exclusivamente destinada a investigar o que agora concordavam ser uma “rede Bin Laden”. E, finalmente, em 1996, duas peças se moveram no tabuleiro: Bin Laden dirigiu-se ao Afeganistão, fechando algumas de suas empresas em Cartum, Sudão, e Jamal Al-Fadl, que tinha informações secretas sobre grande parte da “rede Bin Laden” baseada no Sudão, procurou proteção americana, pois vinha desviando fundos e receava que a Al-Qaeda o eliminasse.

O interrogatório de Fadl ajudou na descoberta do tamanho e forma da rede. Foi descoberto que ela era generalizada e ativa em mais de 50 países e dela faziam parte o xeque cego Omar Abdel al-Rahman e Ramzi Youssef. Bin Laden não era apenas seu financiador e mentor intelectual. Foi descoberto que a rede também tinha um nome. Osama Bin Laden, filho de um empreiteiro da construção, chamara sua rede terrorista pela palavra árabe Al-Qaeda (“A Fundação” ou “A Base”), uma primeira peça, a base necessária para o edifício que seria uma teocracia global, o grande Califado.

Muitos dos nomes encontrados na Bósnia, mais tarde, revelaram-se vinculados à Al-Qaeda. Entre os principais estavam Abu Sulaiman Al-Makki, que mais tarde apareceria ao lado de Bin Laden, em dezembro de 2001, quando o líder da Al-Qaeda elogiou os atentados de 11 de setembro; Abu Zubair Al-Haili, que seria preso no Marrocos, em 2002, num complô para atacar navios norte-americanos no Estreito de Gibraltar; Ali Ayed Al-Shamrani, que foi preso, em 1995, pela polícia saudita e rapidamente decapitado por envolvimento no atentado à missão americana de ajuda militar na Arábia Saudita; Khalil Deek, que seria detido em dezembro de 1999, por seu envolvimento no planejamento de atentados a bases americanas na Jordânia; e Fateh Kamel, que seria delatado como integrante da célula “Conspiração do Milênio”, no Canadá. Embora as agências de Inteligência ocidentais nunca rotulassem a atividade dos mujs na Bósnia como uma jihad da Al-Qaeda, está claro agora que era exatamente isso que ocorria.

O governo dos EUA fez da cessação da guerra nos Bálcãs a sua mais alta prioridade de política externa, introduzindo tropas americanas e elaborando a duras penas o Acordo de Dayton. Uma parte desse Acordo previa a expulsão dos mujs da Bósnia após o fim dos combates. Ainda não se sabia que eles eram da Al-Qaeda, mas sabia-se que eram terroristas internacionais.

Em 1998, na medida em que ficava claro que a diplomacia não estava funcionando inteiramente, tropas francesas invadiram uma das bases mujs restantes, que ainda operavam na Bósnia, em violação ao Acordo de Dayton. Prenderam onze deles, entre os quais dois diplomatas iranianos e nove mujs. A base estava cheia de explosivos, armas e planos para atentados terroristas a tropas americanas e outras tropas ocidentais. Ainda em 1998, um carregamento de explosivos plásticos C-4 foi interceptado, na Alemanha, a caminho de uma célula terrorista da Jihad Islâmica Egípcia. Havia indícios de que os explosivos destinavam-se a uma rodada de atentados a bases militares americanas no país.

Os EUA ameaçaram o presidente Izetbegovic com uma interrupção da ajuda militar e, depois, de uma cessação de qualquer ajuda, se ele não implementasse integral e fielmente o Acordo de Dayton, mediante a expulsão dos mujs.

Ainda em 1998, em maio, no Afeganistão, Osama Bin Laden, já então um dos dirigentes da Frente Islâmica Mundial para a Jihad (luta) contra Judeus e Cruzados – constituída em março desse ano, agrupando terroristas de organizações de diversos países - declarou “que as fronteiras geográficas não têm importância para nós. Somos muçulmanos e desejamos o martírio. Não temos preconceito de cor ou raça. Apoiamos cada muçulmano oprimido e pedimos a Deus que nos ajude e nos faça capazes de ajudar cada muçulmano oprimido”. Essa declaração antecedeu os atentados terroristas simultâneos, organizados por essa Frente Islâmica, em 7 de agosto de 1998, uma sexta-feira, contra as embaixadas dos EUA em Nairóbi, Quênia e Dar-es-Salaam, Tanzânia, que causaram 224 mortes e centenas de feridos. Esses atos terroristas foram assumidos oficialmente pelo Exército Islâmico para a Libertação de Lugares Sagrados, entidade até então desconhecida, e patrocinados por um Estado terrorista: o Irã. Dez dias depois, em 17 de agosto, a Frente Islâmica Mundial emitiu uma Declaração endossando e elogiando as operações do Exército Islâmico, sendo que essa Declaração foi divulgada praticamente ao mesmo tempo em que as mensagens do Exército Islâmico sobre os atentados, não deixando dúvidas sobre suas ligações.

O fato de Bin Laden não receber créditos pelas operações, mas antes encorajar as entidades locais a fazê-lo, identificando-se por nomes fictícios, tais como esse “Exército Islâmico”, atraíram para ele a estima dos comandantes locais, que não o viam como uma ameaça às suas posições pessoais.

Nesse mesmo ano de 1998, em outubro, um alto funcionário de um Serviço de Inteligência árabe afirmou que Osama Bin Laden havia adquirido armas nucleares táticas das repúblicas islâmicas da Ásia Central criadas após o colapso da União Soviética. Evidências do número de armas nucleares adquiridas pelos chechenos para Bin Laden variavam de “algumas” (Inteligência russa) a “mais de vinte” (Serviços de Inteligência de países árabes conservadores). A maior parte das armas foi comprada em quatro dos antigos Estados soviéticos: Ucrânia, Cazaquistão, Turcomenistão e Rússia. Os preparativos para a utilização dessas armas constituem um grande segredo.

Voltando à antiga Iugoslávia, somente no ano de 2000, em sua última semana no cargo, Izetbegovic expulsou o líder muj remanescente, Abu Al-Ma’ali, que foi acolhido pela Holanda. No entanto, Izetbegovic nunca chegou a expulsar todos. Células da Al-Qaeda na Bósnia foram identificadas e desmanteladas pela polícia bósnia até o ano de 2002.

Finalmente, analistas internacionais apontam três fatores como tendência regional em favor do Islamismo: 1) É a única ideologia crescente e verdadeiramente popular no Oriente Médio. Muitas pessoas acreditam genuinamente que “o Islã é a solução”, mesmo que variem as idéias do que possa ser esse “Islã”; 2) Os regimes conservadores pró-Ocidente estão perto do colapso, mais por autodestruição do que por qualquer outro fator, especialmente a Arábia Saudita; 3) A tendência histórica dominante na região é a inflexível oposição à mera existência de Israel.

Em uma conferência realizada com os chefes dos 56 escritórios regionais do FBI, antes de setembro de 2001, Richard Clarke, Coordenador Nacional para Segurança, Proteção de Infraestrutura e Antiterrorismo nos governos de George Bush, Bill Clinton e George W. Bush assim definiu a Al-Qaeda:

“A Al-Qaeda é uma conspiração política maquiada de seita religiosa. Ela comete o assassinato de inocentes para chamar a atenção. Seu objetivo é uma teocracia à moda do Século XIV no qual mulheres não têm direitos, todos são forçados a serem muçulmanos e a Sharia (Lei de Deus) é o sistema legal, que corta mãos e apedreja pessoas até a morte. Ela usa um sistema financeiro global para financiar suas atividades. Essas pessoas são inteligentes, muitas estudaram em nossas universidades e têm visão em longo prazo. Eles acreditam que pode levar um século até que alcancem seus objetivos, um dos quais é a destruição dos EUA. Eles têm uma rede eficiente de espiões e formam células e grupos de ataque que planejam suas ações anos antes de agir. Eles são o nosso inimigo número um e estão entre nós. Achem eles!”.

Dados Bibliográficos:
“Bin Laden – O Homem que Declarou Guerra à América”, Editoral Prestígio, 2002
“Contra Todos os Inimigos”, Richard A. Clarke, Editora Francis, 2004