(Publicado originalmente na Gazeta On Line)
Em tempos de reforma trabalhista, um discurso voltou à tona: a oposição entre “empresários e proletariado”. Encampado pelo PT, o conto de fadas do século XIX diz que o patrão explora os pobres e acumula lucros exorbitantes enquanto o povo colhe migalhas. Para eles, empresários são senhores gordos que usam cartola, fumam charuto e chicoteiam operários.
A falácia, porém, se desfaz diante dos fatos: é que no Brasil a maioria dos empreendedores é negra e abriu o próprio negócio por necessidade; 44% possui apenas 7 anos de estudo e mais da metade trabalha por conta própria e, assim, não possui ninguém para chicotear.
A CLT tão aclamada pelos sindicatos passa longe do empreendedor brasileiro. Segundo o Sebrae, 43% trabalham dez horas por dia, 51% simplesmente não tiram férias e apenas 3% acumulam quatro semanas seguidas de descanso. A razão é simples: no quinto dia útil sobram despesas e não há sustento garantido.
De acordo com o Sebrae, 58% dos nossos empreendedores são de “baixa renda”, vivendo com menos de 2 salários. Enquanto isso, 58% dos funcionários públicos pertencem à classe alta e recebem acima de R$ 9.920. Em 2015 1,8 milhão de empresas fecharam as portas no país; já o funcionalismo público registrou reajustes em quase todos os setores sob o discurso de “direito adquirido”.
Agora, pasme com os lucros: 32% das micro e pequenas empresas do Brasil gastam mais de 30% de seu faturamento com impostos, o que normalmente supera os lucros. Com os gigantes não é diferente: os supermercados Guanabara registram apenas 1,1% de lucro; a Dias Branco, maior produtora de massas do país, opera com 13%; a Walmart tem margem de 3,1%.
Ou seja: nenhum discurso é tão irreal como o “ódio ao empresário”. Enquanto políticos e sindicalistas vivem do salário alheio, empreendedores sustentam a economia, geram empregos, pagam impostos e limitam-se diante da maior legislação trabalhista do planeta. Se as empresas deixassem de existir (como sonha a esquerda), viveríamos em caos e miséria! Agora diz pra mim: será que o mesmo aconteceria se políticos e sindicatos desaparecessem?
*O autor é graduado em História e Filosofia, e pós-graduado em Sociologia