• Paulo Briguet
  • 18/08/2014
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ANTITEÍSMO

1. O problema do nosso tempo não é o ateísmo, mas o antiteísmo. Marx e Lênin, Nietzsche e Hitler, Mao e Gramsci não são simplesmente descrentes: eles odeiam a própria ideia de Deus. Deus é conservador: representa a negação do super-homem revolucionário.

2. Parte do ambientalismo contemporâneo procura substituir Deus pela mãe-natureza. Sai o Criador, entra Gaia. É uma nova religião civil. Chesterton já dizia, em tom de alerta, que existe uma terrível consequência em acreditar que a natureza é nossa mãe: ela acabará se revelando como madrasta. Na verdade, a natureza é nossa irmã: devemos protegê-la e amá-la, como ensinava São Francisco, mas nunca adorá-la ou transformá-la em ídolo inquestionável.

3. Desculpem-me o que pensam assim, mas essa história de que a Terra viveria muito bem sem a humanidade, de que o homem poderia ser eliminado do planeta sem maiores prejuízos – isso tudo é conversa do diabo.

4. Diabo é aquele que divide. A ideologia da luta de classes, muitas vezes disfarçada de ambientalismo ou radicalismo, funciona hoje como a principal arma do Inimigo.

5. Nas redes sociais, a trágica morte de Eduardo Campos, que comoveu o País, despertou uma onda de comentários abomináveis, procedentes de grupelhos politicamente radicais. Como disse um amigo, a gente fica imaginando o que tais grupos fariam se chegassem ao poder. A resposta está nos regimes totalitários que provocaram milhões de mortes no século XX. O comunismo não era somente um regime ateu; era um regime antiteísta. Gaia, História, Revolução, Dialética e Vontade de Poder são nomes diferentes para o mesmo ídolo. Conversa do coisa-ruim.

6. Grande parte do discurso contra Israel nos tempos atuais está ligada ao mesmo sentimento antiteísta que corrói a civilização ocidental. Aos que defendem o boicote a produtos israelenses, sugiro que comecem desligando seus computadores, e em seguida deixando de tomar remédios ou utilizar técnicas agrícolas avançadas.

7. A natureza não escreve Guerra e Paz nem A Divina Comédia. A natureza não compõe as Variações Goldberg nem a Missa Solene. A natureza, lamento informar, não esculpe Moisés, não pinta A Conversão de São Paulo e não produz um só diálogo de Hamlet, que dirá um Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda. A natureza não produz uma mísera cerveja artesanal, tampouco o menos delicioso dos vinhos do Reno. A natureza não transforma deserto em terra fértil, como fizeram os israelenses. A natureza sabe ser cruel: devora seus filhotes sem dó quando julga necessário. Sim, devemos proteger a natureza. Mas às vezes temos de nos proteger dela, como Israel protege seus filhos.

*Jornalista

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