"Devemos buscar a perfeição na criação, na vocação, no amor, no prazer. Mas tudo isso no campo individual. No coletivo, não devemos tentar trazer a felicidade para toda a sociedade. O paraíso não é igual para todos." (Mario Vargas Llosa)
Foi mais do mesmo. Se alguém ainda tinha dúvidas de como seria a tal greve geral programada para a última sexta-feira, dia 28/04, esse alguém não foi eu. Cantei a pedra falando que o protesto iria ser como o de crianças birrentas quando não conseguem o que querem e foi exatamente isso que aconteceu. Vimos um bando de vândalos fechando ruas, quebrando propriedades privadas e públicas só para chamar a atenção da população. E por quais motivos? Eles alegam os mais nobres, mas no fundo sabemos que são os mais ardilosos.
Se os gritos entoados durante as manifestações eram de perda de direitos trabalhistas, na prática os gritos que estufavam seus peitos eram de perda de tetas trabalhistas. Nenhuma entidade organizadora da manifestação estava ali para reivindicar direitos trabalhistas. Aliás, eles jamais estiveram em alguma manifestação por esse motivo. A verdadeira demanda desses grupelhos organizados sempre foi e sempre será de perder o direito de ganhar dinheiro sem fazer nada. E com o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical isso inevitavelmente irá ocorrer.
Seria chover no molhado a essa altura do campeonato falar que a reforma trabalhista não retira nenhum direito trabalhista. Mas e daí também se tirasse? Qual seria o grande crime? O grande crime seria, diria o pelego tapado, que nossos salários estariam nas mãos dos empresários. Ok, deixe-me ver se entendi. Então quer dizer que os salários ficarem nas mãos dos empresários, o que é completamente falso, é ruim; mas ficar nas mãos dos nossos maravilhosos políticos é ótimo? Essa mesma classe política que nos rouba na entrada e na saída? É nas mãos dessaclasse que o nosso dinheiro está bem empregado? Sim, porque mais da metade do seu salário e dos seus "benefícios" vão justamente para sustentar todas as mordomias imorais e privilégios legais de políticos e seus apaniguados.
E como falei antes, é uma falácia achar que nosso dinheiro ficaria nas mãos dos empresários. Mas para não ficar no achismo vamos fazer as contas. Imaginemos um funcionário que ganha R$5.000. Este funcionário custa a empresa cerca de R$7.650 (sem vale refeição e plano de saúde), mas só vê R$4.000 ao fim do mês. Neste caso, em um ano o funcionário receberá (com férias e 13º) R$56.000. Só que este mesmo funcionário custará a empresa R$107.100! Não precisa ser nenhum gênio para se perceber que nenhum dos lados está saindo vencedor nessa história. Logo, não seria nada difícil que em posse desses números, funcionário e patrão façam um acordo que seja vantajoso para ambos os lados. Que tal fechar em R$80.000 ao ano? Parece difícil essa situação? Impensável? Pois é assim que funcionários de países como os EUA negociam seus salários.
Daí vejo um "intelectual" de esquerda falando: "se o trabalhador não consegue nem negociar uma greve, como irá negociar seu salário?" É, até porque são duas coisas bem similares, não é verdade? Em uma eu quero ganhar sem trabalhar e na outra eu quero ganhar com o que produzo. Tem razão, são situações exatamente iguais!
Em tempo, me desculpem a sinceridade, mas uma pessoa que não sabe negociar nem seu próprio salário, que é o seu ganha-pão, não sabe negociar nada. Uma pessoa assim só pode ser mentalmente incapaz. Sendo assim, sinto informar que negociação salarial é o menor dos seus problemas; você precisa de uma ajuda médica urgente. Alguns já até acharam o remédio, se chama socialismo.
O pior de tudo é que essas pessoas falam em negociação salarial como se fosse uma aberração e que os trabalhadores que estão sob o regime CLT não negociassem salários. Falo isso por experiência própria, que quando era escravo dessa praga celetista tive que negociar salários emtodas as empresas que passei. E adivinhem só. Sempre ficava abaixo do que eu pedia. Foi quando abandonei o regime celetista que pude ver a maravilha que é uma livre negociação, pois foi aí que percebi que cada valor colocado por mim (contratado) na mesa de negociação não representava um valor dobrado para o contratante.
Desta forma, quem quiser continuar sendo extorquido por sindicatos e políticos, fiquem a vontade. A reforma prevê a manutenção dos seus famosos direitos trabalhistas e deixa a opção de contribuição para sindicatos. Mas por favor, não obriguem a todos a seguirem o mesmo raciocínio, tampouco achem que vocês tem procuração para falar em nosso nome. Acreditem, existe inteligência fora da esquerda também, sabiam?
Por isso, espero ansiosamente que essa reforma trabalhista seja aprovada, pois ela é um começo – tímido, mas é um começo. Da mesma forma, espero que futuramente uma reforma mais profunda permita que as pessoas possam abandonar de vez a CLT sem ficarem na ilegalidade. Quem quiser continuar com a CLT, que continue; quem não quiser, sai. É imprescindível que exista essa possibilidade de escolha, pois como podemos ver, algumas pessoas gostam da laranja, já as outras...