• Dr. Marco Antônio Fetter
  • 17/01/2024
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A importância da Família

 

Dr. Marco Antônio Fetter

         A Família é o eixo principal de solidariedade entre as gerações. É o espaço principal de responsabilidade social, que deve oferecer a mais leal rede de segurança e de afeto frente a qualquer ameaça.

Para muitos de nós, a Família nos permite e nos remete a este espaço de segurança, amor e solidariedade que constitui o nosso principal apoio motivacional, assim como é o reduto ante qualquer problema que enfrentemos na vida.

Cada Família é única, e de todas elas esperamos o cumprimento de suas funções básicas como provedora das satisfações emocionais e materiais fundamentais para o sadio desenvolvimento das pessoas.

Sem dúvida, e lamentavelmente, sabemos que não é assim em todos os casos. Em muitas ocasiões, é precisamente neste âmbito privado, oculto da vista de todos, que se escondem situações inaceitáveis.

Nos dias de hoje, está cada vez mais comprovado, que violência intrafamiliar está em todas as partes: contra a integridade das meninas, dos meninos, das mulheres, dos idosos ou com capacidades diferentes.

Este é um problema originado por múltiplas causas. Somente, de uns anos para cá, ele vem sendo discutido abertamente revelando que este tipo de violência tem raízes culturais. As respostas são necessárias e devem ser consistentes. Mas, nunca chegam...

O problema da violência intrafamiliar não aceita respostas parciais e tampouco podem ser solucionadas por decreto. É necessária a colaboração de toda a sociedade, a fim de modificar nossos padrões e valores que deram espaço e lugar a tudo isso.

É difícil aceitar, como pais, que ele mesmo foi receptor ou reprodutor destes padrões culturais negativos.

É difícil, também, encontrar junto aos filhos o equilíbrio necessário sem cair em atitudes autoritárias ou permissivas.

Igualmente é difícil – no próprio casal, um modelo equilibrado de conduta ética e honesta.

Felizmente, são cada vez maiores os recursos que podemos utilizar para refletir sobre nossas crenças e atitudes. Com isto, temos a oportunidade de corrigir muitas das atitudes que são nocivas para o desenvolvimento integral – sadio - dos membros de uma Família.

Entender, por exemplo, as dificuldades que vive uma mãe solteira em uma situação econômica difícil e sua preocupação com o cuidado dos seus filhos enquanto ela trabalha.

Entender, por exemplo, a dinâmica específica naquelas famílias que um de seus membros requer cuidados especiais, por alguma dificuldade física, doença crônica ou pela avançada idade.

Entender, por exemplo, o momento diverso e diferenciado que marca a própria evolução da Família não é o mesmo para aquelas que não têm filhos, ou que estes são pequenos ou adolescentes. Ou quando crescem e formam uma nova Família.

Frequentemente, repetimos que a Família é a célula da sociedade, sem nos darmos conta da verdadeira dimensão destas palavras e afirmação.

É na Família, com nosso exemplo, que os filhos aprendem as atitudes e valores que como sociedade logo vamos cobrar deles. Exigimos que nossas filhas tenham as mesmas oportunidades que nossos filhos. Mas, na nossa própria casa, este não é o nosso comportamento...

Desejamos que nossos filhos encontrem companheiros (as) para a vida a dois e os ame e os respeite. Nós, como casais e pais fazemos isso?

Criticamos a corrupção que prevalece na sociedade. Em casa, somos os primeiros a não respeitar as regras!

Queremos uma sociedade justa e democrática. Em casa não damos espaço para a democracia e nem para o diálogo

Pedimos mais segurança. Em casa, ultrapassamos todos os limites.

Queremos, pedimos, solicitamos tantas coisas...

Todos nós, indistintamente, dizemos que queremos um Brasil unido, onde a unidade deve ser o critério fundamental não somente para o bem do governo, mas também da sociedade.

Mas, uma reflexão se faz necessária: como querer um Brasil unido se nem sequer a Família é unida?

Se por um lado, a Família é o local onde se educa pelos valores. É também onde muitas vezes se educa pelas inverdades, pela simulação, pela dupla mensagem.

Se quisermos que a simulação, o engano e a mentira terminem no Brasil devemos, primeiramente, contribuir para estas mesmas inverdades e enganos terminem na nossa própria Família.

Nosso país necessita urgentemente de cidadãos, homens e mulheres de tempo completo, que solidifiquem um novo rumo no país e que sejam capazes de construir um novo rosto de uma nação.

Ao nos referirmos a Família como célula social, estamos reconhecendo nela a matéria fundamental para toda a possibilidade de nossa sociedade. Assim como a célula é a unidade básica de estrutura e função de todo o ser vivo, a Família é a unidade básica de construção e função de toda a construção da sociedade.

Não podemos negar a nossos filhos o contato com o mundo fora da Família. Podemos, sim, dar aos mesmos as melhores ferramentas para que enfrentem todas as dificuldades que irão aparecer: o nosso exemplo!

Quem sabe não é hora de aproveitar estas palavras... em Família!

*       O autor, Marco Antonio Fetter, é doutor em Família, Consultor da ONU para o Brasil em Assuntos de Família e Presidente do Instituto Pró-Família (IPFAM)