O significado deste "15 de março de 2015", 30 anos exatos da "Nova República"
A era PT agoniza como numa tragédia grega, que não se sabe como irá acabar. É o 13º ano de um governo que custa passar, que custa entender o que poderá ter dado de tão errado em tudo o que fizeram. O coro acusa que a realidade pesa demais, e as moîras estão prontas para agir. É a hora e a vez do povo brasileiro, novamente, sair às ruas, como único protagonista da indignação geral, mesmo sem saber o que fazer para começar tudo de novo. A crise é sistêmica, uma crise das instituições, crise de liderança, de identidade, de representatividade, de auto-estima.
São 30 anos exatos da "Nova República", gestada ainda nos tempos do CEBRAP, para um projeto de poder que se revelou uma obsessão e uma volúpia, de patologia macunaímica, daquilo que os gregos tanto temiam: o furor da hybris, a desmedida das paixões. E o que houve, nesses 30 anos, foi isso: uma volúpia de poder que estrapolou em todas as dimensões.
O povo brasileiro sai às ruas agora, mais uma vez, como vórtice dessa crise, sem vislumbrar saída, de imediato. Mas sabe que precisa se manifestar, levantar a bandeira verde e amarela, faixas e cartazes "por um Brasil decente", como vem fazendo, desde as primeiras manifestações que fizemos, logo após o 2º turno das eleições presidenciais, em 26 de outubro passado. Como destacamos no "Manifesto pela Democracia", "o impacto da fraude eleitoral foi o ápice da insatisfação geral, agravado pelo escândalo dos desvios de recursos da Petrobrás e da confirmação dos propósitos bolivarianos do PT. (...) O sentimento geral do povo brasileiro é de indignação!"
Em meio a tudo isso, relendo o livro do meu amigo Gilberto de Mello Kujawski, "A Pátria Descoberta", emerge a necessidade de redescobrir o Brasil e reencontrar o "saber a que me ater, e aí vai incluído o destino da minha pátria, e nele inscrito o meu destino pessoal". Agora é a hora e a vez do povo brasileiro, no desafio de reencontrar a realidade projetiva da nação brasileira, porque "nesse projetar-me conjuntamente com a pátria reside a existência do patriotismo". Se nos encontramos neste sem saber ao que se ater, é porque a pátria está mergulhada em sombras e aviltada, e requer que recobremos a virilidade da verdadeira virtude cívica, para salvaguardar a pátria e o nosso próprio destino promissor, pois, "na essência da pátria eu me encontro com o destino", na essência da pátria, encontramos a alegria de sermos brasileiros. E completa Kujawski: "Para saber o que fazer com o País como um todo, para colocar a Nação em forma, é preciso um projeto nacional, um projeto de vida em comum, apto a mobilizar todas as regiões, todos os setores do trabalho, todas as classes, sinergicamente. Como perdemos de vista o projeto nacional, já não sabemos o que fazer conosco. Isso é a crise."
Por isso agora é a hora e a vez do povo brasileiro, protagonizar esta retomada, porque os fatos comprovaram que o PT nunca teve um projeto nacional, mas um projeto de gula de poder para uma facção inteiramente amoral e imoral, que em nome do povo, traiu a nação, com a vileza desmedida, hoje escancarada. Por isso pesa a realidade para os traidores da Pátria, com as manifestações efetivamente populares, "por um Brasil decente".
Hermes Rodrigues Nery é coordenador do Movimento Legislação e Vida. E-mail: hrneryprovida@gmail.com