• Paulo Briguet
  • 20/01/2015
  • Compartilhe:

A GUERRA DOS CARNEIROS


1. “Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é.” Nunca saberemos se Lênin realmente disse tal frase. Mas convenhamos: uma frase cínica é fichinha para quem ordenava a morte de tantas pessoas. O fato é que até hoje os militantes revolucionários modernos seguem à risca o conselho do líder soviético. E isso nos levou a uma situação incontornável: estamos em guerra.

2. Sim, meus amigos. Quando os historiadores do futuro estudarem a nossa época, seremos vistos como aqueles que estavam no meio de uma guerra e não sabiam, pelo simples motivo de que ela não foi declarada nos moldes convencionais. E os inimigos são aqueles que pretendem mudar o mundo e corromper a estrutura da realidade utilizando a força, a malícia e a mentira como armas de destruição em massa. São os militantes do caos. É a invasão do cosmos. É o embate entre o fanatismo político-religioso e a civilização judaico-cristã.

3. Não se trata de uma guerra simples. O campo de batalha é escolhido aleatoriamente, mas apenas por um dos lados. Os outros – as pessoas comuns – têm de permanecer numa vigilância constante para não serem massacrados feito carneiros, como fregueses do mercado judeu em Paris. Se você é cristão, como os 2 mil nigerianos exterminados pelo Boko Haram na mesma semana do ataque ao Charlie Hebdo, conforme-se em virar notícia de rodapé na maior parte da imprensa internacional.

4. No exército inimigo, há os militantes que atacam com armas de fogo e os que atacam com as armas da mentira. Dizem, por exemplo, ser favoráveis à liberdade, mas na verdade querem mesmo é ficar livres para nos atacar em nossas casas, em nossas igrejas, em nossos locais de trabalho, até em nossos espaços na Internet.

5. Eu tenho uma arma especial contra eles. Chama-se Santo Rosário – e foi indicada por Nossa Senhora em 1917, no ano da revolução de Lênin. A cada Ave-Maria, é como se eu lançasse um míssil teleguiado sobre o território inimigo.

6. É triste ver amigos jornalistas, escritores, professores, artistas e intelectuais – inclusive boas pessoas – dedicando suas vidas a uma causa que eu sei ser uma grande mentira. Minha guerra não será contra eles, mas contra seus líderes e mentores, pessoas profundamente mergulhadas no universo do mal. Meu inimigo não é Maiakóvski, é Lênin.

7. Rezo todos os dias para que esses amigos não tenham o mesmo destino do poeta russo quando descobrirem que estavam mentindo para si mesmos o tempo todo. Ainda há tempo de voltar – agora e na hora da nossa morte.