PÂNICO DOS SALÕES ÀS LAVANDERIAS
Ainda há pouco assisti um áudio gravado em 2010 no qual Lula, com aquele jeito repetitivo de se expressar, afirmava que o Brasil tinha interesses em investir no Porto de Cuba, nas estradas de Cuba e na rede hoteleira de Cuba, porque o Brasil tinha interesse em ajudar Cuba a se desenvolver.
Lembrei-me, então, que o Estadão, na edição de ontem, publicou carta de leitor comentando as fortes possibilidades de o PT desembarcar do Palácio do Planalto. E indaga: onde países bolivarianos e assemelhados vão achar uma vaca leiteira do tamanho do Brasil?
Isso é bem verdadeiro no plano externo. Analisemos, agora, o que pode acontecer no âmbito interno. Uma possível derrota do PT representará o caos para muita gente que, há mais de uma década, se encastelou nos compartimentos do poder, prontos para aquela jornada de 20 anos com que sonhava José Dirceu. Tais pessoas têm acesso, gestão e autoridade sobre pesadíssimas fontes de recursos distribuídos ao longo da gigantesca máquina pública do país. E seu prazo de validade pode estar se esgotando dentro de escassos 120 dias. O PT que chegou ao poder era o PT que exsudava idealismo e pureza. O PT que pode estar fazendo as malas, não é bem assim. A incerteza quanto ao futuro ronda os castelos do poder nacional. Das adegas às chaminés. Dos salões às lavanderias.
Ademais, a derrota de Dilma faria minguar os votos petistas e reduziria suas bancadas parlamentares no Congresso e nas Assembleias Legislativas, enquanto a melhor expectativa do partido nas eleições estaduais convergem, hoje, para os governos do Acre e de Minas Gerais.
Está muito mal parada a coisa para o partido de Lula. No entanto, de modo contraditório, nas campanhas eleitorais parlamentares, aqui onde as vejo, em Porto Alegre, chama a atenção o fato de que as mais caras, com maior visibilidade, são, quase todas, de candidatos petistas, justamente o partido que faz vigoroso discurso contra a influência do poder econômico nas eleições.
A CONSTITUINTE EXCLUSIVA DO PT
Percival Puggina
A imagem acima mostra a mobilização que o PT e seus periféricos estarão promovendo ao longo desta semana para colher assinaturas e pressionar o Congresso a convocar uma "Constituinte Exclusiva" voltada para reformar o sistema político.
Ora, se é o PT que está propondo (com a CNBB e OAB, entre outras 99 organizações e movimentos periféricos ao partido) o tal projeto só terá um beneficiado, o PT, porque não é próprio do PT arrumar a cama alheia.
Depois, considere-se que é totalmente desnecessário convocar uma Assembleia Nacional Exclusiva quando nossos problemas institucionais podem ser resolvidos com leis ordinárias e umas poucas mudanças em dispositivos constitucionais.
O PT sabe que sua proposta é um disparate, uma demasia e uma impropriedade jurídica. O que essa coleta de assinatura pretende é promover seus promotores com vistas à eleição do mês que vem.
Se há alguém, ali, cuja vaidade consegue sobressair-se dentre todas, esse é o ministro Marco Aurélio Mello, da foto e frase acima. Imagino o mal-estar que cause entre os demais quando se põe a lecionar-lhes. No plenário ele é o Verbo. Sua excelência sequer fala como as pessoas comuns falam. As palavras lhe saem arquejadas, numa espécie de sopro divino, criador, forma verbal das cintilações do astro rei da constelação. Ante um brilho desses só se chega usando óculos escuros e protetor solar.
Ele sabe que paixão é uma coisa e valor moral é outra. Ele sabe que valer-se dos conceitos de Estado laico e de separação entre Igreja e Estado para enxotar as posições cristãs da sociedade é amordaçar a cidadania de quem as compartilhe. Sabe que se tal argumento for válido, toda condenação ao terrorismo, à tortura, ao assassinato, ao roubo, à calúnia e ao vasto universo das perversidades seria inaceitável pela mesma razão: a moral judaico-cristã também reprova tudo isso. E desde muito antes da Constituição de 1988, ao que me lembro. Até um embrião congelado entende algo tão simples.
A separação entre Igreja e Estado tem sentido superior. Significa autonomias recíprocas. Ora, se não existe a hipótese da ignorância para explicar a frase acima, resta a desonestidade. Ela se expressa como desejo de vencer o debate sem preocupação com a verdade (sofisma), ou de resumir o exercício dos direitos civis à minúscula minoria cuja moral não tem qualquer fundamento.
O governo federal pagará mais R$ 1,17 bilhão de reais para a ilha comunista de Cuba.
A CONTA JÁ SUPERA OS R$ 2,6 BILHÕES DE REAIS!
Esta matéria da Revista Veja, está de acordo com o que me informam meus correspondentes em Cuba, para os quais o apoio brasileiro ao governo de Havana vai contra os interesses do povo cubano e seus anseios por redemocratização.
"O novo termo aditivo, publicado no Diário Oficial da União no dia 18, estabelece que o Ministério da Saúde pagará mais 1,17 bilhão de reais pelos serviços dos médicos cubanos que já estão no Brasil. A ditadura cubana terá um lucro de 782 milhões de reais. Com o valor que o regime cubano vai receber, daria para construir 1.388 UPA´s, 15.765 ambulâncias e manter 17.716 leitos hospitalares."
Fonte: Revista Veja, 22 de agosto de 2014, edição 2388, página 90.
AVENIDA CASTELO BRANCO OU DA LEGALIDADE?
Percival Puggina
A Câmara Municipal de Porto Alegre deve deliberar sobre o projeto de mudança de nome da Avenida Castelo Branco. Motivo: uma desavença entre dois vereadores do PSOL e o falecido ex-presidente da República, que cumpriu mandato entre 11 de abril de 1964 e 15 de março de 1967.
Os dois edis implicam com o nome da avenida. Ela lembra um marechal do Exército Brasileiro, chefe de operações da FEB durante a 2ª Guerra Mundial e o primeiro dos governantes militares brasileiros entre 1964 e 1985. Alegam que o marechal participou de um golpe e que, embarcado nesse golpe, chegou à presidência. Ora, quantas cidades e logradouros públicos homenageiam o Marechal Deodoro? Também ele, no seio de um golpe contra a monarquia constitucional, chegou inconstitucionalmente à presidência. O marechal Floriano, destinatário de iguais homenagens póstumas, participou dos mesmos eventos cívico-militares. Como vice-presidente, assumiu o poder na renúncia de Deodoro, exercendo o governo como ditador de fato e prorrogando o próprio mandato para muito além do tempo constitucional previsto para si. Nada diferente a assunção de Vargas em 1930, no bojo de uma revolução, e sua longa ditadura até 1945.
No Rio Grande do Sul, com Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, tivemos três décadas de governos estaduais sob constituição não democrática e eleições fraudadas. E não há cidade gaúcha sem rua ou praça que os reverencie.
Castelo Branco foi eleito presidente, em sessão conjunta do Congresso Nacional, recebendo 361 votos de um total de 388, numa eleição em que os congressistas poderiam escolher o candidato que bem quisessem (inclusive houve votos para Juarez Távora e Eurico Gaspar Dutra). Entre os eleitores de Castelo Branco alinharam-se ilustres brasileiros, como JK, Ulysses Guimarães, Plínio de Arruda Sampaio (ex-PT e depois PSOL, recentemente falecido), Tancredo Neves e Franco Montoro.
É um caso de lanterna na popa, segundo a consistente imagem concebida pelo saudoso Roberto Campos.
Não creio que esse quadro traga uma boa notícia.
Engana-se quem pensa que Marina Silva seja uma petista melhorada. Ela não saiu do PT, após vinte anos e muitos mandatos pelo partido, porque abraça ideias liberais para a economia e conservadoras para os valores apreciados pela sociedade brasileira. Não. Nem ela nem seu partido se posicionam assim. A 40 dias da eleição, experiências de voto útil podem conduzir a um resultado inepto para o país. Sim, é inepto deixar de votar em quem se quer para votar em quem não se quer, e que, ainda por cima, é muito parecida com quem não se quer.