• 05/06/2015
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A UFSM E O ANTISSEMITISMO
Percival Puggina

 Assisti atentamente as explicações do reitor da Universidade Federal de Santa Maria sobre o já famoso memorando em que o vice-reitor pede informações aos programas de pós-graduação sobre “a presença ou perspectivas de docentes ou discentes israelenses na universidade”.

A simples ideia do memorando é uma loucura. Invocar as obrigações da Lei de Acesso à Informação para a busca e o fornecimento dos dados aos requerentes foi um erro grave. O requerimento que chegou às mãos da reitoria da UFSM deveria ser encaminhado à delegacia de polícia mais próxima. E ponto final.

Ao ir atrás das informações, o alto comando da universidade revelou debilidade para enfrentar como deveria as entidades que as requereram. Não adianta colocar como foco da questão uma alteração no visual do documento acrescentando um apelo à causa palestina. Isso foi forjado? Certamente foi. Quem forjou cometeu um outro crime. Mas o documento original é uma aberração por conta própria. É um disparate dar continuidade formal a uma solicitação tipicamente racista e política, que poderia colocar em risco a segurança de professores e alunos israelenses, num momento de conflito armado na Faixa de Gaza (o requerimento é de agosto de 2014).

Não adianta o reitor vir a público, gravar um vídeo (ele pode ser assistido aqui: https://youtu.be/AF6Dyjka79k) para defender a UFSM quando o famigerado pedido de informações partiu de entidades que representam, para o bem ou para o mal, o conjunto da população acadêmica: a Associação dos Servidores da UFSM (Assufsm), a Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e "os demais integrantes do Comitê Santa-mariense de Solidariedade ao Povo Palestino". Ou seja, docentes, discentes e servidores, através de suas representações, braços dados com o comitê local de solidariedade ao povo palestino. Eles queriam saber quem eram os seus? Não, queriam os nomes e as relações da UFSM com o inimigo. E a UFSM ia fornecer.

Foi à delegacia de polícia registrar o fato? Encaminhou o assunto à sua Procuradoria? Convocou essas representações para esclarecimentos? Não, que se saiba.

E as tão ativas comissões de direitos humanos nada têm a dizer? Alô, vereadores, deputados e senadores do PT, do PCdoB, do PSOL! Tem uma bola picando aí. É só chutar.