• 22/04/2016
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MEMORIAL DA INDIGNIDADE
Percival Puggina


 Lula ainda merecerá, no curso da História, um Memorial da Indignidade. A organização criminosa que gravitou e se instalou em torno do somatório de dois poderes extraordinários - a sedução do demagogo e os recursos do erário - é o fruto perfeito dessa combinação. E Lula foi, nela, o grande protagonista.

 O memorial cuja criação estou propondo conterá um extraordinário acervo de imagem e som através do qual os visitantes conhecerão detalhes de um período tão maculado de nossa trajetória como nação neste início do século XXI.

 A ideia do memorial ocorreu-me quando me caiu em mãos, vinda de alhures, matéria publicada no Estadão em 5 de outubro do ano passado sobre a fala de Lula durante evento com o tema "Bolívia dez anos - transformações políticas, éticas e sociais". Nessa fala, Lula registra o surgimento de forças conservadores (coisa à qual o PT estava desabituado e que surgiu, diga-se de passagem, graças ao próprio partido do presidente, suas iniquidades e desacertos). Depois de chamar a atenção para o esgotamento do Foro de São Paulo e à necessidade de ser construído algo compatível com a nova realidade, o presidente relatou o diálogo que teve com Evo Morales quando este era candidato ao primeiro mandato presidencial: Ao lado do segundo homem na cadeia de comando da Bolívia, Lula revelou que foi consultado por Evo Morales, então candidato a presidente do país vizinho, sobre a possibilidade de estatizar as plantas da Petrobrás em território boliviano.

"O Evo me perguntou: 'como vocês ficarão se nós nacionalizarmos a Petrobrás'. Respondi: 'o gás é de vocês'. E foi assim que nos comportamos, respeitando a soberania da Bolívia", disse Lula, como se a Petrobrás lhe pertencesse. No dia 1º de maio de 2006, Evo invadiu militarmente as plantas da Petrobrás onde o Brasil havia investido US$ 1,5 bilhão. Cantou de galo e nosso governo nem piou.

Coisas como essa, que eu já não lembrava mais, não podem cair no esquecimento! E saiba leitor: haverá conteúdo para encher pavilhões, organizados quase como um diário desse triste período em que Lula foi o grande protagonista da política brasileira. Grande até ser reduzido à sua verdadeira pequenez e cair, junto com o país, no fundo do poço do descrédito.