Akex Pipkin, PhD
Ontem à noite assisti ao filme “The Nest”. Li a sinopse e achei os atores e a história interessantes. Valeu a pena.
Jude Law atua como Rory, um homem de negócios, um vigarista de verdade - eles sempre existiram e marcam presença em qualquer profissão - , que vai para Londres em busca da fortuna.
Entretanto, sua ganância e sua vida de rico tipo “faz de conta” dá causa a que essa irrealidade não se crie, destroçando tudo, inclusive sua família. A propósito, sua esposa Allison no filme, a atriz Carrie Coon, está espetacular.
O personagem de Law é um executivo ambicioso e ganancioso, porém, num mundo real das transações capitalistas, de mercado, as enganações muitas vezes encontram a verdade, ou seja, os necessários princípios virtuosos pelo caminho, e não se criam.
Primeiramente acreditei que se tratava de uma crítica ao capitalista ganancioso, mas terminei pensando que o filme possa querer exaltar a verdadeira versão do capitalismo, aquela em que o interesse próprio racional, nada tem a ver com a ganância egocêntrica.
A ganância é mesquinha e autocentrada, mas o interesse próprio é uma força individual vital que nos motiva a agir na direção do atendimento de nossas próprias necessidades.
Contudo, quase todos os críticos das trocas livres e voluntárias nos mercados esquecem que esse interesse próprio racional só se concretiza e, ao mesmo tempo, exige que nos envolvamos em relacionamentos e colaboração benéfica com outras pessoas, reverberando em benefícios e em melhorias para os outros.
Inquestionavelmente, o capitalismo é inerentemente cooperativo.
A economia de mercado faz direcionar esse interesse próprio para as atividades produtivas e colaborativas.
Aliás, aqueles que atuam de maneira gananciosa e desleal com os outros, são punidos pela cada vez mais importante reputação. É por isso que a concorrência é tão vital, a fim de que os consumidores possam fluir com suas necessidades e seus desejos para outras ofertas competitivas.
Aqueles empresários que mesmo motivados pelo interesse próprio racional, não conseguem entregar um pacote de valor que satisfaz as necessidades dos cidadãos-consumidores, não prosperam no longo prazo.
Os consumidores, livres para escolher, operam como os juízes nos mercados.
Neste sentido, o estímulo para a destruição criativa e as inovações é o lucro. O surgimento de novas e melhores soluções para a vida em sociedade acontece por meio de empresários dispostos a inovar e a correr riscos para melhor atender os clientes e lucrar.
Não é por acaso que o grande Adam Smith pregava o respeito ao interesse próprio, na expectativa de que houvesse o benefício para toda a sociedade.
Quando as transações são livres numa economia de mercado, as próprias pessoas, por meio das relações interpessoais e comerciais, separam o joio do trigo, o interesse ganancioso do interesse próprio racional. Este último implica, portanto, em resultados sociais benéficos para todos.
Os gritos cada vez estridentes contra o capitalismo - que é distinto daquele com abissais intervenções governamentais - querem genuinamente trazer à tona um sistema centralizador e controlador que justamente inibe os processos de destruição criativa e a soberania do consumidor. As iniciativas nesta direção estão aí, transparentes para quem quiser enxerga-las.
Voltando ao filme, é interessante notar que o ganancioso Rory encontrou refúgio no seio de sua família - embora seja uma questão em aberto; é o que dá para depreender. Eram outros tempos, Reagan, Thatcher...
Nos tempos estranhos e “progressistas” de hoje, os puros de coração e de moral exterminaram com a instituição familiar.
E o apoio?! Agora só nas tribos.