• Rachel Lacroix
  • 01/08/2016
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NO DIA 26/07/16 FUI AO ENTERRO DO LUCIANO



Ele foi arrancado de dentro de sua casa em um dos tantos morros "urbanizados" aqui em Porto Alegre.
Foi torturado, sofreu severas lesões corporais, dentre elas, teve perfuração craniana com exposição de conteúdo encefálico. Os monstros que o raptaram de dentro de sua própria casa na frente de seus familiares para o torturarem até a morte, em outro morro ali perto, teriam ficado "aborrecidos" com Luciano alguns dias antes, por ele pedir e até reclamar que não guardassem no terreno ao lado do seu, tantas drogas e armamentos expostos, pois algum de seus cinco filhos menores poderiam se machucar, uma vez que sua casa não tinha (como todas por ali) cerca ou muro protegendo o acesso ao terreno em questão. Vejam bem, Luciano não era drogado e nem alugava terreno para bandido, ele simplesmente ousou reclamar da "logística" que os marginais fazem, se apossando de cantos e becos que lhes forem convenientes, colocando em risco seus familiares e vizinhos.

Luciano tinha 36 anos. Era um ótimo pai de família, deixando a esposa e cinco filhos, todos com idades entre 3 e 14anos. Era trabalhador e muito bem conceituado na empresa onde estava empregado há alguns anos como motorista de caminhão. O enterro estava cheio de pessoas que testemunhavam as virtudes de Luciano e confirmavam sua inocência.

Repito: Luciano não era drogado. Não era estuprador. Não era desonesto. Não era bandido. Não era ladrão. Não era marginal. Pelo contrário, nosso Luciano, era um verdadeiro herói brasileiro, que trabalhou duro para conquistar a casinha simples que morava com a família e que agora está ameaçada de ser tomada definitivamente pelos marginais e traficantes que governam este morro onde o Luciano morava, e continuam morando muitos de seus vizinhos, trabalhadores honestos como ele, e continuarão sob o jugo de seus algozes.


Há meses que ali ocorre uma guerra entre facções criminosas para disputar qual grupo de delinquentes mais poderoso irá mandar naquele pedaço.

Luciano não é a primeira vítima e infelizmente parece que não será a última.

A polícia tem ordens (de quem?) de só subir o morro quando for chamada. Os moradores do morro bem que gostariam de chamar a polícia sempre, mas os marginais é que mandam, e executam, e é na base do "bala na cara" em quem ousar não obedecer as ordens. É o terror. Luciano foi martirizado por assassinos cruéis como prova de que a população no morro deve aguentar calada, uma vez que a lei local é não chamar a polícia, e a polícia não pode ir onde não foi chamada, pois há políticos, imprensa, e intele-teco-tuais que concluíram e sacramentaram como um dogma, que um policiamento ostensivo em zonas pobres seria muito opressivo aos pobres, melhor deixá-los assim como estão há décadas, aos cuidados maternais desta bandidagem carniceira que tomou conta...

Luciano não pode se despedir de nenhum de seus familiares, foi arrastado, só podendo implorar que não fizessem nada com seus filhos e esposa, os quais foram devidamente "desencorajados" a chamarem a polícia. Se limitaram a dar queixa de sequestro longe dali e bem depois, e aguardarem em estado de choque o que as próximas horas lhes trariam de notícias do Luciano. Receberam um corpo desfigurado e sem vida.

Narro em detalhes toda esta história, porque Luciano era o genro da Ana. Ana trabalha há muitos anos na casa de meus pais, e ela própria já viveu outras tragédias pessoais, também relacionadas com os crimes do tráfico de drogas.

Luciano não era celebridade funkeira, nem esportiva... Luciano não era político. E que nem à imprensa, nem à políticos vermelhos interessaria divulgar sua trágica morte, já sabemos, pois ele era só mais um de nós mortais insignificantes e pagadores de impostos, sujeitos a vala comum do anonimato, silêncio e descaso com as vítimas da violência praticada pelos criminosos deste infeliz país chamado Brasil.
...
Como chegamos a este ponto?
Sim porque não se chega a tal dominância de um mal, sem que antes se negligencie de alguma forma, e muito, um bem. Um mínimo de segurança pública era um bem que possuíamos, mas que perdemos. Acabou. Vivemos na barbárie completa. Vivemos no terror e com números recordes de vítimas em uma verdadeira guerra civil.

Como comentou um amigo que viaja a outras capitais brasileiras: aqui em Porto Alegre a crise da segurança é a prova da inépcia, indiferença e incompetência de várias gerações de políticos no poder Estadual e Municipal. Culminou no governo Tarso e se agrava com a relutância da Administração Sartori. Há um pano de fundo social, mas a violência é, sem sombra de dúvida, resultado de maus governos.

Maus governos com más políticas de segurança pública no Brasil inteiro.

Com Porto Alegre virando quase um ícone daquela elite de esquerda que não abre mão de segurança armada 24h e carro blindado, ao mesmo tempo que prega a paz através do fanatismo na crença dogmática do desarmamento da população comum. São políticas que sonham e salivam em desarmar a polícia, e acham opressor demais que se reaja à violência e se atire em delinquente! É aquela política do protecionismo aos bandidos, de lágrimas de crocodilo que só escorrem por outros crocodilos. Um estado modelo de uma (in)justiça com excesso de juízes ativistas sociais que mandam soltar bandidos quando nem bem a polícia conseguiu prender direito. Aquela política esquerdofrênica que adoraria acabar com a polícia, fechar presídios e por um decreto mágico declarar "paz". Foram políticas públicas incompetentes em formar e valorizar policiais bem preparados, treinados e equipados, fazendo vigilância nas ruas, nos morros e nos bairros pobres sim, por que pobre nem sempre consegue ter cerca elétrica ou sistema de segurança particular, mas também quer segurança para viver em paz.

Uma elite de esquerda que faz romance do bom marginal, que adora vitimizar o bandido e culpar a vítima que paga impostos, e que por ignorância, impotência, ou pura imbecilidade mesmo, ainda vota nesta mesma esquerda ingrata e hipócrita. Aquela esquerda que quer descriminalizar as drogas para "profissionalizar" o traficante, aquela esquerda que grita e cospe em benefício de direitos humanos de bandidos, com o total sacrifício dos Lucianos honestos, foram quem e o que nos trouxeram até aqui.

Até quando seremos escravizados por este modelo? Quantos Lucianos terão que ser cruelmente assassinados para que se prove o total colapso na segurança pública? E que se admita urgentemente outras políticas, não mais estas de chorar por bandidos e assassinos, que são bandidos e assassinos por serem maus, e não por serem pobres! Deixar de punir um criminoso, alegando ele ser pobre e que "não teve outra escolha na vida", é a maior ofensa e falta de respeito com as pessoas pobres e honestas e que não cometem crimes e sim sofrem crimes! Aliás é um desrespeito com todas pessoas de bem, sejam elas pobres ou ricas.

A certeza da impunidade deixa óbvio que tem como consequência direta o aumento da criminalidade e de mais vítimas, mas parece que perdemos a lucidez até para perceber o óbvio, nos encovando num fosso cada vez mais fundo.