STF ABRE NOVO INQUÉRITO PARA INQUIRIR JUCÁ E RENAN EM FATOS LIGADOS À ZELOTES

Da Folha, em 30/04/2016

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia abriu inquérito para investigar a eventual participação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no suposto esquema de compra de medidas provisórias que está na mira da Operação Zelotes.

O ex-servidor da Receita Federal João Gruginski contou à Polícia Federal, em dezembro, que participou de reunião na qual o lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, teria falado "abertamente" sobre o pagamento de propina a parlamentares, entre eles os dois parlamentares.

De acordo com Gruginski, APS disse-lhe que Jucá, Renan e o ex-senador Gim Argello, preso pela PF durante a Operação Lava Jato, pediram R$ 45 milhões de suborno para trabalharem pela aprovação de emenda de interesse do setor automotivo.

As informações prestadas pelo ex-funcionário da Receita deram origem ao pedido de instauração de inquérito no Supremo relativo aos peemedebistas. Por serem senadores, ambos têm foro privilegiado. A relatoria ficou a cargo da ministra Cármen Lúcia. A abertura da investigação no STF foi veiculada pelo "Globo" neste sábado (30).

Um manuscrito apreendido na casa de APS, que está preso em consequência dos fatos investigados na Zelotes, também reforça as suspeitas contra o trio. Na folha de papel, lê-se o número "45" e, ao lado, as seguintes anotações: "15 - GA"; "15 - RC"; e "15 - RJ". As referências aos nomes dos parlamentares foram reveladas pela Folha.

A Zelotes, cuja primeira fase foi deflagrada em março do ano passado, aponta para um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no país. Suspeita-se que quadrilhas atuavam junto ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, revertendo ou anulando multas.

Além dessas ilegalidades, a operação tem como foco suposto pagamento de propina para a compra de medidas provisórias que interessavam à indústria automotiva. Um a ação penal relacionada a esses casos está correndo na 10ª Vara Federal em Brasília.

OUTRO LADO
O senador Romero Jucá nega, por da assessoria de imprensa, que ele tenha recebido recursos pela apresentação de emendas a MPs. Jucá ressalta que a acusação, feita por causa de uma anotação de diário, já foi desqualificada pelo próprio APS.

O senador, assim como Renan Calheiros, que também respondeu por intermédio da assessoria de comunicação, lembraram que o lobista já afirmou que a anotação se referia a "boatos" que ele teria ouvido no mercado.

Renan acrescenta que sequer conhece o ex-servidor da Receita João Gruginski.

Quando procurado, antes de ser preso, em março, Gim Argello afirmou que a menção a seu nome é uma "ilação absurda" e que a "repudia veementemente". Em depoimento à PF, disse que propôs medidas que beneficiaram montadoras de Goiás visando benefícios indiretos a Brasília.
 

  • 01 Maio 2016

VOCÊ ACHA QUE IRRESPONSABILIDADE FISCAL NÃO É NADA?

O Brasil é o país que mais desemprega no mundo.


Carta de Conjuntura ITV - Abril 2016

Síntese: Em 2015, o Brasil tornou-se o país que mais gerou desempregados em todo o mundo. O país viveu uma reversão no mercado de trabalho como nenhuma outra nação, em análise que leva em conta 59 principais países. A economia brasileira é hoje a terceira com mais desempregados, atrás apenas das superpopulosas China e Índia. Países que sofreram com a crise global de 2008 hoje exibem expressiva geração de postos de trabalho: no ano passado, os EUA liderou a redução do número de desempregados. Em termos relativos, o Brasil também aparece mal na lista: a taxa de desemprego aumentou 2,5 pontos, abaixo apenas da Nigéria, atolada em guerra civil.

No primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, o Brasil tornou-se detentor de um triste título: o país que mais gera desempregados em todo o mundo. A constatação vem de levantamento feito a partir de estatísticas relativas ao mercado de trabalho em 59 países referentes ao ano de 2015. O Brasil lidera a lista com 2,6 milhões de novos desempregados.

Em 12 meses, o total de desempregados no país passou de 6,5 milhões para os 9,1 milhões registrados em dezembro último, de acordo com a Pnad Contínua, do IBGE. Nenhuma outra nação do mundo sofreu reversão tão abrupta no mercado de trabalho em tão pouco tempo. O Brasil aparece no ranking à frente de países cuja situação política, econômica e social é muito mais conturbada que a nossa.

O segundo lugar da lista é ocupado pela Nigéria, que sofre com o terrorismo do grupo radical Boko Haram. Lá 2,4 milhões de pessoas perderam o emprego em 2015, ou seja, quase 10% menos que no Brasil. Em seguida, estão a Rússia (276 mil novos desempregados), país que amarga sanções internacionais e queda nas cotações de suas principais matérias-primas, e o Irã (261 mil), que só agora está conseguindo se livrar de um embargo econômico internacional.

O levantamento sobre a situação do mercado de trabalho no mundo foi feito pelo Instituto Teotônio Vilela a partir de estatísticas, informações, dados e estimativas oficiais disponibilizadas por Banco Mundial, OIT, CIA e pelo site de monitoramento internacional Trending Economics.

O estudo considera todos os países da União Europeia, todos os 34 membros da OCDE, as economias mais desenvolvidas, os emergentes e todas as nações da América do Sul, exceto a Bolívia (que ainda não dispõe de estatísticas para 2015 nas bases utilizadas).

Demissões aqui, contratações lá fora
O governo brasileiro costuma apontar a "crise internacional" como principal razão para os retrocessos econômicos e sociais no país - e, em especial, de sua manifestação mais danosa, o desemprego. No entanto, nações que experimentaram quedas muito mais agressivas na atividade produtiva na sequência da quebradeira global de 2008/2009 exibem hoje situação oposta à do Brasil, ou seja, geram empregos - e não eliminam.

Nesta situação estão economias como Itália, Espanha, Portugal e Estados Unidos. Epicentro da crise das subprimes, os EUA foram o país onde o número de desempregados mais caiu no ano passado, com 1,4 milhão a menos. Outros exemplos: Espanha (-714 mil desempregados), China (-504 mil) e Grécia (-111 mil). A Europa como um todo reduziu seu contingente de desocupados em 2 milhões de pessoas em 2015, de acordo com a OIT.

Quinto país mais populoso do mundo, o Brasil é hoje o terceiro em número absoluto de desempregados, atrás apenas de China e Índia, cujas populações são entre seis e sete vezes maiores que a brasileira. No ano passado, com a ascensão do desemprego aqui, ultrapassamos dois países, EUA e Indonésia, neste ranking. Mesmo com população muito menor, o exército de desempregados brasileiros é somente metade do indiano e um terço do chinês.
 

  • 29 Abril 2016

PAULO FREIRE E A “EDUCAÇÃO BANCÁRIA” IDEOLOGIZADA
Luiz Lopes Diniz Filho


Recentemente a Gazeta do Povo publicou uma reportagem com mais uma batelada desses chavões que os seguidores de Paulo Freire usam para nos fazer acreditar que esse sujeito era um educador preocupado com liberdade e autonomia do indivíduo, quando ele não passava de um doutrinador ideológico dogmático e autoritário (mas de fala mansa). Como crítico de sua pedagogia, gostaria de tecer alguns comentários.

Segundo a reportagem, Freire – que “defendia uma educação assumidamente ideológica” – “propunha uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos e condenava o tradicionalismo da escola brasileira, que chamou de ‘educação bancária’, em que o professor deposita o conhecimento em um aluno desprovido de seus próximos pensamentos. Tal sistema, diz, só manteria a estratificação das classes sociais, servindo o ensino de mero treinamento para a formação de massa de trabalho. Contrariamente, Freire propunha a construção do saber de forma conjunta, em que o professor se aproxima dos conhecimentos prévios dos estudantes, para com essas informações ser capaz de apresentar os conteúdos aos alunos, que teriam poder e espaço para questionar os novos saberes”.

Na prática, a coisa funciona assim: o professor questiona os alunos sobre o seu dia a dia, apresenta uma explicação ideológica para os problemas e insatisfações relatados, e depois discute com eles o que acharam desse conteúdo. Se os alunos discordarem da explicação, o professor argumenta em favor do seu próprio ponto de vista ideológico. Ao fim do diálogo, o professor conclui que os alunos que ele conseguiu convencer estão agora “conscientes” da sua “verdadeira” condição de oprimidos e explorados pela sociedade de classes.

Ora, isso é apenas a dita “educação bancária” camuflada de diálogo! O professor apresenta uma única via para explicar as situações relatadas pelos alunos: a ideologia em que ele acredita. O aluno é deixado na ignorância sobre a existência de pesquisas que explicam as situações de pobreza, desigualdade, problemas urbanos e ambientais, entre outros, fora do universo teórico e ideológico do professor.

O próprio simplismo do pensamento de Paulo Freire permite exemplificar como isso se dá. Suponham que um aluno de Freire, um operário em processo de alfabetização, convidado a falar sobre sua vida cotidiana, dissesse que está desempregado. Aproveitando a oportunidade para “conscientizar” o aluno, o professor Freire apresentaria a sua visão sobre o tema: “O desemprego no mundo não é, como disse e tenho repetido, uma fatalidade. É antes o resultado de uma globalização da economia e de avanços tecnológicos a que vem faltando o dever ser de uma ética realmente a serviço do ser humano e não do lucro e da gulodice irrefreada das minorias que comandam o mundo” (a citação é de Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa).

É claro que o aluno hipotético só poderia contestar essa análise se tivesse lido trabalhos de economistas sobre as causas do desemprego. Entretanto, o aluno obviamente não leu nada disso, pois está se alfabetizando! Ou seja, o aluno não tem nem poder nem espaço para “questionar os novos saberes” apresentados pelo professor.

O que se tem aí, portanto, é um método que consiste em transmitir ao aluno verdades prontas, tal como na dita “educação bancária”, mas disfarçado por um processo dialógico manipulado pelo professor, que sonega ao aluno o conhecimento de explicações alternativas e mais sofisticadas do que aquela!

* Doutor em Geografia pela FFLCH-USP, professor do Departamento de Geografia da UFPR e colaborador do ESP.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?id=1345499&tit=Paulo-Freire-e-a-educacao-bancaria-ideologizada

 

  • 26 Abril 2016

POLICIAIS SOBREVIVERAM, BANDIDOS MORRERAM. E HÁ QUEM SE ABORREÇA!
Percival Puggina


 Vivemos sob permanente sensação de insegurança. Somos cidadãos desarmados por força da ideologia que nos governa. Nós, as vítimas, sabemos que existem bandidos demais soltos, mas o governo que obedece a essa ideologia proclama que temos presos em excesso. Com a lei permitindo ou não, libertam-se cotidianamente bandidos que deveriam estar presos. Todos aqueles que nos escalam como suas presas e troféus, têm extensa ficha criminal, totalmente inútil. Andam soltos, armados e estão mais livres e seguros do que nós. O crime a que se dedicam é negócio altamente rentável e de baixo risco. Se não há guerra entre gangues, as baixas ocorrem apenas do nosso lado. Totalmente assimétrico! Mas a ideologia que nos governa está nem aí. Não se constroem presídios, não se preservam os efetivos policiais, não se dotam as polícias dos recursos técnicos e financeiros necessários para enfrentar essa guerra. Para a ideologia que nos governa, a insegurança serve esplendidamente à luta de classes pelas duas pontas, como sintoma e como consequência.

Nesse contexto, se inscreve o episódio do tiroteio ocorrido defronte ao Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre. As cenas gravadas em vídeo mostram o quanto os PMs estiveram expostos à morte, trocando tiros contra equipamento mais pesado em espaço aberto, ziguezagueando para escapar dos disparos. E cumprindo até o fim o seu dever. Não há sangue frio num tiroteio desses.

Os quatro mortos foram os azarados do dia 22. O comum é que nada lhes aconteça. O "normal" é que encerrem suas jornadas de trabalho contabilizando bons lucros. É a alta rentabilidade com baixíssimo risco que estimula os criminosos a optarem por esse modo de ganhar a vida. Os quatro do dia 22 a perderam.

A criminalidade já não surpreende ninguém. O que continua surpreendendo são os jornalistas defensores de bandidos, instalados no conforto das redações, protegidos por segurança privada, longe das balas, sempre prontos para criticar as ações policiais perante o mais tênue sinal que possa ser interpretado como demasia, como se excessivo não fosse um bandido sacar da arma e disparar contra a autoridade policial. Os valorosos brigadianos que estavam na cena diante do Hospital Cristo Redentor nos representam e nos defendem. Atacá-los é atacar-nos. Seja com as armas de fogo, seja com as armas da palavra, escrita ou falada.  Receberão da Corporação as medalhas de reconhecimento que a sociedade já lhes presta.
 

  • 24 Abril 2016

MEMORIAL DA INDIGNIDADE
Percival Puggina


 Lula ainda merecerá, no curso da História, um Memorial da Indignidade. A organização criminosa que gravitou e se instalou em torno do somatório de dois poderes extraordinários - a sedução do demagogo e os recursos do erário - é o fruto perfeito dessa combinação. E Lula foi, nela, o grande protagonista.

 O memorial cuja criação estou propondo conterá um extraordinário acervo de imagem e som através do qual os visitantes conhecerão detalhes de um período tão maculado de nossa trajetória como nação neste início do século XXI.

 A ideia do memorial ocorreu-me quando me caiu em mãos, vinda de alhures, matéria publicada no Estadão em 5 de outubro do ano passado sobre a fala de Lula durante evento com o tema "Bolívia dez anos - transformações políticas, éticas e sociais". Nessa fala, Lula registra o surgimento de forças conservadores (coisa à qual o PT estava desabituado e que surgiu, diga-se de passagem, graças ao próprio partido do presidente, suas iniquidades e desacertos). Depois de chamar a atenção para o esgotamento do Foro de São Paulo e à necessidade de ser construído algo compatível com a nova realidade, o presidente relatou o diálogo que teve com Evo Morales quando este era candidato ao primeiro mandato presidencial: Ao lado do segundo homem na cadeia de comando da Bolívia, Lula revelou que foi consultado por Evo Morales, então candidato a presidente do país vizinho, sobre a possibilidade de estatizar as plantas da Petrobrás em território boliviano.

"O Evo me perguntou: 'como vocês ficarão se nós nacionalizarmos a Petrobrás'. Respondi: 'o gás é de vocês'. E foi assim que nos comportamos, respeitando a soberania da Bolívia", disse Lula, como se a Petrobrás lhe pertencesse. No dia 1º de maio de 2006, Evo invadiu militarmente as plantas da Petrobrás onde o Brasil havia investido US$ 1,5 bilhão. Cantou de galo e nosso governo nem piou.

Coisas como essa, que eu já não lembrava mais, não podem cair no esquecimento! E saiba leitor: haverá conteúdo para encher pavilhões, organizados quase como um diário desse triste período em que Lula foi o grande protagonista da política brasileira. Grande até ser reduzido à sua verdadeira pequenez e cair, junto com o país, no fundo do poço do descrédito.
 

  • 22 Abril 2016

PALHAÇO ENGANA LULA, VOTA A FAVOR DO IMPEACHMENT E MOSTRA QUE GOVERNO DILMA CHEGOU AO FIM.
Redação Ucho.Info 
 


Após o deputado federal Tiririca (PR-SP) votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, no último domingo (17), o ex-presidente Lula, que continua como quase ministro, fez um desabafo inconformado. "Esse cara esteve comigo hoje. Como ele faz isso? Ele ia votar com a gente".

"Senhor presidente, pelo meu país, meu voto é sim", afirmou Tiririca durante a sessão. Foi a primeira vez que o palhaço e dublê de deputado fez uso do microfone do plenário da Câmara, após quase seis anos como parlamentar.
Sentado em uma das salas de reunião do Palácio da Alvorada, Lula teria dito à "companheira" Dilma que havia recebido Tiririca na manhã de domingo, no quarto do hotel transformado em lupanar político do governo. "Ele ia votar com a gente", repetiu Lula. Dilma balançou a cabeça negativamente, dando a entender que estava consciente das traições.

Assessores presidenciais tentavam mapear os "traidores", não apenas entre deputados do PP, mas também no PR, PMDB e outras siglas. Somente PT e PC do B não traíram o governo. Concluiu-se ali que a voz das ruas não estava com Dilma, além do clima que se instalou no plenário, favorável ao impedimento da petista, que influenciou deputados como Tiririca, que foi ovacionado pela oposição após dizer "sim".

Outro deputado que esteve no bunker anti-impeachment, que Lula montou em elegante hotel de Brasília, foi o deputado Paulo Maluf (SP). Ele era contrário ao impeachment da presidente, mas mudou de ideia durante a comissão especial da Câmara. Lula tentou, sem sucesso, reverter mais uma vez o voto de Maluf.

O ex-presidente recebeu alguns "nãos" na capital dos brasileiros, o que influenciou no antecipado desânimo do governo em relação à votação, como noticiou o UCHO.INFO horas antes do início da sessão dominical da Câmara.
A derrota do governo na votação sobre a admissibilidade do processo de impeachment mostrou que Lula perdeu o seu conhecido poder de barganha ou traçou uma equivocada estratégia de negociação. Um dos votos que surpreendeu o ex-metalúrgico foi o do deputado federa Adail Carneiro (PP-CE), assessor especial do governador Camilo Santana (PT-CE). Carneiro foi exonerado para votar contra o impeachment, mas acabou votando a favor do impedimento da presidente, a quem pediu desculpas.

No momento em que um palhaço – que ainda não mostrou a que veio como deputado – consegue enganar um político experimentado como Lula, nomear o petista para a Casa Civil é armação contra eventual prisão no escopo da Operação Lava-Jato, caso não seja um sinal de desespero de um governo moribundo que aguarda a extrema-unção.

 

  • 20 Abril 2016