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27/06/2003Vários jornais
17/06/2003Vários jornais
01/06/2003Folha OnLine
17/05/2003Percival Puggina
31/03/1964Percival Puggina
Acalmem suas expectativas. Não vem aqui nenhuma imersão nos bastidores da vida presidencial. Aliás, não há motivo nem possibilidade de que algo assim possa acontecer. Conheci o deputado num evento em Brasília há cerca de 20 anos e não lembro de que tenhamos trocado palavras. Depois disso, falei com o presidente apenas uma vez quando veio a Porto Alegre, em fevereiro de 2016. Houve, na Assembleia Legislativa, um evento em que fui o palestrante convidado. E foi só.
Estou, portanto, bem longe de Brasília. O título “Um dia na vida de Bolsonaro” reflete o fato de que eu não suportaria 24 horas nas condições enfrentadas por Bolsonaro no exercício da função confiada a ele por 57 milhões de brasileiros, entre os quais eu mesmo. Desde 1889, nenhum presidente teve tais e tantos adversários poderosos agindo contra si de modo simultâneo e com violência que vai da facada real aos punhais virtualmente cravados nas costas e aos franco-atiradores acantonados nos muitos meandros do lulopetismo.
Mas não é apenas o presidente a vítima cotidiana desses ataques. Em todos os espaços onde, no governo, alguém com ele afinado tenta impor o seu programa, imediatamente afiam-se as facas, armam-se as barricadas e geram-se as crises que acabam por afastar o desditoso de sua posição. Qualquer observador atento pode, inclusive, antecipar a próxima vítima, cujo nome, modestamente, já conheço, mas não vou revelar porque isso pode ser entendido como sugestão.
Tenho percebido sempre a mesma estratégia. Criam tumulto em torno de algum fato menor e soltam a conhecida matilha de lobos selvagens. Em seguida, a situação vira crise e começa a fritura do “causador da crise”. As vítimas ou saem ou caem. E é sempre assim, desde que a esquerda surgiu como esquerda e seus fins “justificam” seus meios. Sempre é dos outros a culpa pelo mal que fazem. Pois é exatamente isso que vem sendo adotado contra o presidente da República e seu governo há mais de dois anos. E ele aguenta firme.
Após um dia vivendo a vida de Bolsonaro, minhas estribeiras seriam perdidas, minhas analogias seriam substituídas por palavrões com endereço certo. A infinita resiliência de Bolsonaro é meritória e suas explosões de mau humor são plenamente justificáveis.
***
Em relação ao recente episódio envolvendo a “inédita crise” com os militares, convém lembrar que o presidente da República é chefe de governo e é também, por essas incongruências do nosso presidencialismo, chefe de Estado. Como tal, e não como chefe do governo, é o comandante supremo das Forças Armadas. Os fatos ocorridos na área do Ministério da Defesa devem ter servido para mostrar algo que tantas vezes tenho dito: entre os comandos há unidade nas funções militares, mas existem divergências internas em relação à pauta política.
O problema do Brasil é político e é institucional. Tem que ser resolvido diretamente pela sociedade, impondo-se aos seus representantes no Congresso Nacional. De nada vale apontar os males e vícios do STF e deixar livres os congressistas, os únicos que poderiam corrigi-los. Enquanto a nação sofre e sangra, inflaram suas emendas parlamentares para R$ 50 bilhões, um montante que o Estado simplesmente não tem.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
Percival Puggina
A importância da próxima eleição para o futuro dos brasileiros não deixa dúvida. O vigor da atual polarização evidencia estarmos todos conscientes disso.
Pensando a respeito, resolvi listar tudo que, para mim, está em jogo nas urnas do próximo domingo. A lista ficou assim, em seus elementos mais relevantes:
Quando fiz essa lista, percebi que cada um desses itens e todos eles são objeto de combate por parte de Lula e seus apoiadores. São razões mais do que suficientes para recusar meus votos à esquerda brasileira. principalmente num momento em que todo o Ocidente se debate com os mesmos males. Há que resistir.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
Percival Puggina
Sábado, dia 6 de outubro, vivi um dia excepcionalmente feliz. Em companhia do amigo Coronel Jorge Schwerz (do Canal Ao Bom Combate) e sua esposa, fui a Camaquã participar do Congresso do Movimento Brasil Conservador do RS.
Dois anos de “terrorismo e pandemia” paralisaram essa atividade em seus primeiros movimentos, ainda em 2019. Agora, quando a normalidade parece voltar à vida, conservadores retomam seus encontros regionais e municipais com o intuito de identificar o adversário, arregimentar, motivar, preparar quadros, estabelecer metas e estratégias para que seus princípios e valores se constituam em força política reconhecível como tal.
Ao longo destes últimos anos, tenho repetido insistentemente que todo o fogo descarregado sobre o governo do presidente Bolsonaro tem o conservadorismo como alvo real. Nós conservadores queremos exatamente o que eles querem ver destruído, desconstituído, fora da pauta das alternativas. Trata-se, então, de um enfrentamento travado no plano das ideias, da cultura e da política. No Brasil, diante do que vemos acontecer, a empreitada conservadora é uma obra de salvação nacional.
Por isso, foi muito prazeroso falar ao público que lotou, com interesse e entusiasmo o amplo auditório e dependências do Centro Empresarial Humanize, num evento notável. Pretendia retornar a Porto Alegre após minha participação no início da manhã, mas fiquei até o final da tarde porque logo percebi uma boa oportunidade para conhecer, reencontrar e, principalmente, aprender com figuras destacadas do nosso conservadorismo. Ali estavam, movidos pelo mesmo ideal, intelectuais, políticas, comunicadores e lideranças como, entre outros, José Carlos Sepúlveda, Ernesto Araújo, Paulo Henrique Araújo, João Pedro Petek, deputado Luciano Zucco, deputado Eric Lins, vereadora Fernanda Barth, Felipe Pedri, Paula Cassol, Bruno Dornelles, Carina Belomé, Gustavo Vitorino e os três maravilhosos talentos (o Paulo, o Augusto e o Bismark) do grupo Hipócritas.
No início da manhã, também assistimos, falando de Brasília, o deputado Eduardo Bolsonaro e enquanto eu retornávamos a Porto Alegre, ainda se apresentavam àquele privilegiado e entusiasmado grupo, remotamente, os irmãos Weintraub, Valéria Sher e Anderson Sander.
Na coordenação geral do congresso do MBC/RS, a promissora liderança do jovem Maurício Costa, que, com numeroso e acolhedor grupo de parceiros da causa, fez acontecer o evento.
Foi semeadura em terreno fértil, necessária para colher uma restauração de princípios e valores em ausência dos quais o Brasil ficou irreconhecível e a própria obra civilizadora passa a exigir realinhamento e reconstrução.
Que em ritmo acelerado, sob as bênçãos de Deus, o mesmo se reproduza centenas, milhares de vezes em nosso país.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
A Copa foi bom negócio? Sob qual ponto de vista? Cá, de onde a vejo, como cidadão, não me parece que a resposta seja afirmativa. É obvio que não opino e não devo opinar sobre ela na condição de torcedor, que sou, porque considero essa posição imprópria como ponto de observação para analisar empreendimento tão vultoso e oneroso. Como torcedor, talvez fosse arrastado para a lógica de Ronaldo, segundo quem "não se faz Copa do Mundo com hospital". Nem posso assumir como meus os pontos de vista da FIFA, dos jogadores, dos patrocinadores, ou seja, da rentável cadeia produtiva do espetáculo futebolístico. Vista por eles, a Copa é algo tão extraordinário quanto deveria ser porque, afinal, trata-se de empreendimento padrão FIFA.
Mas não é esse o modo correto, como cidadão brasileiro, de avaliar o evento. No próximo dia 14 - no day after - alguém já terá erguido o caneco e os visitantes terão ido embora. Nos gramados, mescladas com suor e sangue, terão secado todas as lágrimas de alegria e de tristeza. Nesse dia, estarei olhando meu país e me lembrando das cidades que o príncipe Potemkin construiu para despertar o interesse de Catarina II pela região da Crimeia, onde ele queria implantar um projeto de colonização. Consta que a rainha o acompanhou nessa longa viagem por motivos que não eram propriamente de Estado. E consta que eram todas de fachada as cidades salpicadas pelo príncipe ao longo do caminho por onde os dois arrulhantes pombinhos haveriam de passar. Eram para inglês ver, como dizemos por aqui. Será inevitável pensar assim depois de ter visto nossas capitais tão bem guarnecidas, nosso noticiário policial tão sossegado, nosso trânsito tão fluido nos dias de jogos. E é nisso que penso hoje ao observar multidões carregando nos rostos as cores da pátria. Como não se vê em Sete de Setembro algum.
Estaremos, meados de julho, em situação melhor do que estávamos em meados de junho? Não parece crível, depois de tanto empréstimo tomado e de tanto gasto feito para "inglês ver". Levarão em conta, as avaliações oficiais, as consequências no PIB nacional das horas e dos dias não trabalhados em todo o país? Pois é.
Para que não digam que só vi problemas, a Copa deixa um legado político significativo. A turma do "Não vai ter copa", aqueles aprendizes de terrorista, arrogantes, perniciosos, que se mediam pelos estragos que faziam, doravante terão que conviver com a irrecusável constatação de sua insignificância e da rejeição que o mundo civilizado nacional lhes explicitou. Também esses brutamontes, grotescos e supérfluos, foram só para inglês ver.
Zero Hora, 06 de julho de 2014.