(Publicado originalmente em fernandabarth.com.br)
A hegemonia petista chega ao fim. A vitoria esmagadora de Rodrigo Maia, do DEM, eleito nesta madrugada o novo presidente da Câmara dos Deputados, foi muito mais sobre o PT do que sobre Rosso e mostra claramente que a hegemonia petista acabou em Brasília. Petista, não estou falando em hegemonia de esquerda, que tenho tratado em outros posts.
O candidato Marcelo Castro, por quem Lula estava trabalhando "forte" nem ficou entre os dois primeiros colocados. Pessoas como a deputada Maria do Rosário retiraram sua candidatura porque sabiam que não teriam nenhum voto. Bom, talvez o seu próprio. Isto mostra que Lula já não tem mais o poder simbólico que tinha antes, que não tem mais a credibilidade e a capacidade de aglutinar poder. Seus interlocutores já percebem que o rei está nu e com os dias contados. Isto é também um forte sinalizador para o impeachment de Dilma acontecer definitivamente. Resumindo, agora de forma irrefutável, o PT já não manda mais em Brasília.
O DEMocratas volta ao protagonismo depois de 20 anos!!!!!! Fico muito feliz com isto, pois mostra que estamos dando os primeiros passos para endireitar este país e torço, apesar dos Maias serem a ala mais à esquerda dentro do DEM, para que ventos mais liberais soprem neste país. Isto também fortalece qualquer projeto majoritário do DEM para 2018, leia-se Ronaldo Caiado como presidenciável.
É inegável que temos eleições difíceis pela frente e reformas que têm que ser feitas. Mas o MAIS importante, Maia está em um partido que NÃO está envolvido na Lava Jato, que trabalhou forte pelo impeachment e que vai priorizar as 10 Medidas Contra a Corrupção. Não aceitaremos nada diferente disto, muito menos que ele encabece acordões contra a operação mais importante que o Brasil já viu acontecer. Maia tem a chance da vida dele de mostrar que tem luz própria, para além do pai, César Maia e acho que não a desperdiçará.
Imagino que ele vá se aconselhar e se unir com gente boa dentro do DEM nacional, como o senador Ronaldo Caiado e o deputado gaúcho Onyx Lorenzoni, que abriu mão da pré-candidatura a prefeito de Porto Alegre, provavelmente já mirando o projeto nacional. Pessoas como Onyx devem ter sido fundamentais para a articulação política que acabou por eleger Rodrigo Maia, que saiu do primeiro turno com 120 votos, apenas 14 votos na frente de Rogério Rosso, que fez 106 no placar, e conseguiu conquistar em poucas horas mais 165 votos, fechando em 285 a 170 votos. Votos estes que contaram com o apoio de gente do PDT, PCdoB, PR e PTN, motivo de crítica por alguns liberais e conservadores.
É preciso entender que a direção da casa, cuja presidência tem que dialogar com a maioria E com a minoria, precisa agir de forma diplomática, como Maia mesmo disse em seu discurso de posse, "para pacificar a casa". As questões ideológicas direita x esquerda deverão ficar no embate das votações, nas pautas a serem escolhidas e na condução das mesmas. Nestes pontos, até segunda ordem, Maia é um deputado do Democratas, e deverá agir como um liberal. Espero, verdadeiramente, que trate das questões de forma mais republicana, mais transparente e visando uma política de resultados para a população. Tem que ser estratégico neste momento e aproveitar a chance histórica de fazer entrar na agenda temas de viés mais liberal e menos estatista.Muito menos estatista.