• Thiago Kistenmacher
  • 16/01/2017
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POR QUE FERNANDO HOLIDAY INCOMODA TANTO A ESQUERDA?

 

(Publicado originalmente em rodrigoconstantino.com)


Assim como Fernando Holiday, vários são os negros que não caíram nas armadilhas dos escravocratas ideológicos, no entanto, quero focar neste rapaz de apenas 20 anos que, sendo negro, gay, liberal e cristão, é considerado pela esquerda como um traidor, um “Pai Tomás”, para ser mais preciso. De acordo com a mentalidade da esquerda, Fernando Holiday deveria ser comunista, ateu e fazer parte de movimentos negros e LGBT’s, entretanto, ele fez valer a diversidade que a esquerda tanto defende, mas que passa a odiar quando ela se configura em prática.

Só que essa turma não deveria odiá-lo. Seria ela racista? Quando os liberais criticam negros de esquerda, são acusados de racistas. Mas e quando a esquerda ataca um negro liberal? Aí a crítica só diz respeito ao posicionamento político? Contraditório, não? Holiday é mais um negro que a esquerda não conseguiu escravizar.

Algumas questões paradoxais: inúmeros movimentos “sociais” dizem estar ao lado dos negros para acabar com a “hegemonia” branca e, por isso, alegam lutar em favor da diversidade, mas querem algo mais diverso do que um negro que vai contra o discurso dos movimentos negros? Afirmam lutar para que os negros sejam livres, mas o que há de mais livre do que um negro que fala por si próprio sem se alicerçar em coletivos repletos de discursos fáceis e vitimistas? Dizem que o negro deve ser um revolucionário, mas o que seria mais revolucionário do que um negro que defende o liberalismo em meio a um império de esquerda? Enfim, esses coletivos insistem na ideia de que os negros devem ter autoestima e não mais se menosprezarem, mas não é justamente isso que o jovem Fernando Holiday tem feito?

Sabe por que isso tudo é tão paradoxal? Porque a esquerda não quer a abolição da escravidão, pelo menos não da escravidão que promove. Explico. Ela pode ser contra a escravidão abolida em 1888 no Brasil, mas defende a escravidão criada em 1917 na Rússia; é contra a escravidão abolida nos EUA em 1863, porém, relativiza a escravidão criada em 1959 em Cuba. A esquerda quer Fernando Holiday submetido à escravidão ideológica e acorrentado aos seus dogmas na senzala do seu autoritarismo. Como o jovem vereador se insurge contra isso tudo, os descontentes chicoteiam-lhe com a fúria do seu ressentimento.