• Hermes Rodrigues Nery
  • 01/05/2015
  • Compartilhe:

PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS E "RELIGIONS FOR PEACE" PROMOVEM EVENTO NO VATICANO

O cardeal argentino, Dom Marcelo Sánchez Sorondo, Presidente da Pontifícia Academia das Ciências, promoveu em 28 de abril, um evento sobre "mudanças climáticas", no contexto do desenvolvimento sustentável. O seminário foi promovido em parceria com a Religions for Peace e contou com a presença do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, do Cardeal Peter Turkson, Presidente do Pontifício Conselho "Justiça e Paz", e do Presidente do Equador, Rafael Correa. O diretor do Instituto da Terra da Universidade de Colúmbia, Jeffrey Sachs (defensor da Carta da Terra e dos Objetivos do Milênio da ONU), foi um dos expositores, como também a presidente da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, Prof.ª Margaret Archer, Prof. Veerabhadran Ramanathan e Dr. William Vendley, Secretário-Geral do Religions for Peace. Também participaram do simpósio, Peter Raven, Partha Dasgupta, John Schellnhuber, Martin Rees, Y.T. Lee, Paul Crutzen, Rabbi David Rosen, Olaf Tveit, Metropolitan Emmanuel, Din Syamsuddin, Swamiji Theertha, Kosho Niwano, Jeffrey Sachs, President Rafael Correa, Hans Vestberg, Laurence Tubiana, Cardeal John Onaiyekan, Pierpaolo Donati e Stefano Zamagni. 

A presença do Religions for Peace como co-promotora do evento chamou a atenção, tendo em vista sua conhecida atuação em favor do "projeto de poder global, um projeto totalitário" - como lembra Juan Cláudio Sanahuja. Segundo ele, a organização faz parte de um movimento liderado pela ONU que visa "um domínio global pela imposição de um pensamento único - uma colonização ideológica que tem sua origem imediata no Relatório Kissinger, antecedente inspirador das conferências internacionais dos anos 90 e dos projetos de reengenharia social, que a partir delas, se põem em marcha na tentativa de construir uma nova sociedade com bases totalmente diferentes das que conhecemos, tratando de neutralizar e anular, lenta e discretamente, toda visão transcendente do homem para substituí-la por um novo sistema de valores. Por isso chamo de reengenharia social anticristã". Sanahuja ainda recorda que o Relatório Kissinger havia estabelecido "como política global que os padrões culturais dos povos, entre os quais se incluem as crenças religiosas, que tornam inviáveis as políticas de controle de natalidade, devem ser alterados".

A Religions for Peace (juntamente com tantas outras organizações alinhadas à ONU, tem trabalhado nesse sentido: por novos paradigmas religiosos, com "uma ética universal de valores relativos", "uma ética universal de vida sustentável", com "o disfarce espíritualista do ecologismo", na "tentativa de impor um dogma da nova religião sincrética universal". Por isso, o estranhamento da Religions for Peace,como entidade globalista para esses fins, que busca o esvaziamento da "própria identidade das religiões", para se chegar (com a retórica da "ética do cuidado"), ao "paradigma ecologista da nova ética ou religião universal, no qual se entrelaçam o relativismo moral, o sincretismo religioso e o panteísmo", como explica Sanahuja. No bojo disso está também, por exemplo, o propósito da ONU em "universalizar o controle obrigatório da população", para combater os pobres e não a pobreza, pois "o mandamento ecologista de controlar a natalidade para salvar o planeta" é "próprio do paradigma do desenvolvimento sustentável". Daí porque a estupefação: juntar num mesmo evento o Secretário-Geral do Religions for Peace, e o diretor do Instituto da Terra da Universidade de Colúmbia, Jeffrey Sachs, dentro do Vaticano, com a presença do Secretário-Geral da ONU, é realmente bastante preocupante, quando sabemos o que representa de nocivo à sã doutrina católica, tais organismos.

Sanahuja recorda ainda que "a visão cristã é inconciliável com o imanentismo panteísta da Carta da Terra", então é perturbadora a constatação de que Jeffrey Sachs assessora hoje o Vaticano, sabendo o que ele defende. "A Carta da Terra é um manifesto materialista - diz Sanahuja - pagão, panteísta, e que pretende fornecer uma base ética para um rígido controle da população mundial". Até hoje ressoou com grande estranhamento para os católicos do mundo inteiro, a colocação de Francisco sobre os católicos não se reproduzirem como coelhos. O fato é que o efeito daquela declaração agradou enormemente a ONU, a Steven Rockefeller, Mikhail Gorbatchev, Hans Kung e tantos outros paladinos do desenvolvimento sustentável.

Que assessoramento o Vaticano espera de Jeffrey Sachs, conhecido por defender o controle demográfico para alcançar o desenvolvimento sustentável, quando sabemos que esses tantos organismos da ONU consideram o aborto como o método mais eficaz de controle populacional? O que esperar de um evento que reúne no Vaticano o Secretário-Geral da ONU, o diretor do Instituto da Terra da Universidade de Colúmbia, o secretário-geral da Religions for Peace e o presidente do Equador, Rafael Correa, quando sabemos que está em Quito a sede da UNASUL? O que levou Rafael Correa ser o único presidente latino-americano a estar presente num evento dessa natureza?

Sanahuja conta ainda que "a organização Religions for Peace apoiou na ONU a criação da nova religião universal para 'uma nova era, a idade de ouro da harmonia e prosperidade, da paz e da justiça'." Religions for Peace e Carta da Terra estão estreitamente ligados. Daí a apreensão de estarem juntos em um encontro na Santa Sé, quando sabemos que o papa prepara com ardor sua encíclica ecológica. Religions for Peace ajudou, por exemplo, a ONU a criar a nova religião universal, cujo texto "mistura passagens bíblicas de Isaías, as profecias de Zoroastro, as promessas do Alcorão, a visão Sikh, a Doutrina Jain e as teorias de Confúcio e do budismo; o taoísmo, o Bhagavad-Gita, o xintoísmo, o Bahá'i e religião Sioux: é a consagração internacional do sincretismo religioso", afirma Sanahuja. E mais: "a organização Religions for Peace recebe financiamento, por exemplo, de Catholic Relief Services; Latin American and Caribbean Regional Offices; Maryknoll Fathers and Brothers; UN Millennium Campaign; US-AID; UNESCO;UNICEF;FNUAP;UNIFEM e PNUD".

O mais incrível em tudo isso, foi constatar que o Cardeal brasileiro Dom Raymundo Damasceno de Assis integra o Religions for Peace, como podemos ver no site da própria entidade (http://www.religionsforpeace.org/who-we-are/world-council). O fato é que um presidente do Sínodo dos Bispos de tamanha importância como o que ocorrerá em outubro próximo, é um dos moderadores da referida organização. Tudo isso realmente causa perplexidade, sem saber, afinal, o que está acontecendo.

World Council | Religions for Peace International
www.religionsforpeace.org