Félix Maier
Em 2020, foi criada a Emenda do Relator, durante a presidência de Rodrigo Maia na Câmara dos Deputados, inimigo declarado do Presidente Jair Bolsonaro. Esse sistema tinha por objetivo tirar poder do Presidente, gatunando na mão grande uma parte do Orçamento da União que deveria ficar a cargo do Presidente, mas que passou a ser de competência do Parlamento, nas mãos do Relator do Orçamento.
A distribuição do Orçamento da União já tinha as jabuticabas de emendas individuais, emendas de bancada e emendas de comissões, dinheiro bilionário destinado legalmente aos senadores e deputados, para distribuição aos seus grotões eleitorais. Com as emendas de relator, ficou ainda mais precária a situação do Presidente da República, a quem cabia agora liberar um orçamento ainda mais restrito, tendo em vista também as liberações orçamentárias que são obrigatoriamente destinadas aos ministérios, pagamento de precatórios etc., por força legal.
Em 2021, o valor estimado dessa pedalada parlamentar, as tais "emendas de relator", foi de R$ 16 bilhões, valor similar projetado para 2022.
Como não existe transparência nesse tipo de liberação do Orçamento, como valor dos repasses e nomes dos parlamentares envolvidos, tal prática passou a ser chamada pela mídia como sendo um "Orçamento Secreto". Pior: passou a ser chamada de "Orçamento Secreto do Bolsonaro", como se tal prática fosse invenção sua. Pior ainda: Bolsonaro passou a ser acusado de favorecer parlamentares do "Centrão" com esse dinheiro "secreto", em nome da "governabilidade", como se estivesse repetindo o Mensalão do PT.
As emendas de relator foram criadas para tirar poder do Presidente da República, isso é fato, não há mais nada a acrescentar.
Se Bolsonaro tem influência sobre o Parlamento, principalmente sobre o Relator do Orçamento, de modo que a maior parte dessas liberações orçamentárias sejam feitas pelos seus aliados - como ele vem sendo acusado pela mídia e pela oposição -, parece ser o célebre caso em que o feitiço virou contra o feiticeiro.
Rodrigo Maia deve estar roendo a unha do dedão do pé de tanta raiva.