"No Brasil, criou-se uma situação realmente trágica: — ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina." (Nelson Rodrigues)
Nas histórias em quadrinhos do Super-Homem, existe um planeta fictício chamado Mundo Bizarro. Trata-se de um planeta simetricamente oposto a realidade vivida pelo Super-Homem, no planeta Terra. No Mundo Bizarro, existe tudo que existe no planeta Terra, inclusive o Super-Homem, só que totalmente o oposto do real.
As vezes acho que esse é caso do Brasil. Tudo aqui ocorre de maneira oposta e contraditória. Aqui, criminosos são vítimas; traficantes são viciados; música pornográfica é cultura; roubar terra é justiça social, e por aí vai.
Por essas e outras, não deveria me surpreender ao ver notícias como a de que Jandira Feghalli - comunista de carteirinha e deputada federal pelo PC do B -, foi acusada de receber R$100 mil de empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato para sua campanha. Ora, onde está toda aquela balela de lutar contra o "grande capital"? Uma comunista que recebe doações de grandes empresas é o equivalente a um membro do Estado Islâmico que aceita um iphone de um americano. Nada a ver. E onde está toda pureza comunista? Sim, porque além de aceitar doações de empresas, há a acusação de que a verba vinha de propina. Parece que os santos comunistas gostam mesmo é de viver como capitalistas, vide Fidel Castro e Nicolas Maduro.
Aliás, essa não é a primeira vez que Jandira Feghalli tenta viver como uma burguesa. Jandira abriu um restaurante de comida árabe no Rio de Janeiro, que vendia, pasmem, Coca-Cola a R$10 e kibes a R$15! E onde Jandira abriu esse restaurante? Na Rocinha ou no Vidigal, onde está o proletariado? Nada disso, foi em Copacabana mesmo. E por incrível que pareça, ainda tem mais. A defensora da classe trabalhadora tem nada mais nada menos do que sete processos trabalhistas contra ela. Não é hilário? Realmente não se fazem mais comunistas como antigamente.
O mais triste disso tudo é saber que existem vários gêmeos siameses de Jandira Feghalli entre os candidatos a prefeitura do Rio de Janeiro. Estão lá figurinhas como Marcelo Freixo, Alessandro Molon, além de, é claro, a própria Jandira. E mais triste ainda é saber que muitos cariocas caem nessa conversinha comunista. Muitos parecem querer viver no fantástico mundo de Chico Buarque, esquecendo-se que o "poeta" vive mais em Paris do que no seu amado Rio.
E a coisa não para por aí. Não é novidade para ninguém que o Rio é uma das cidades mais violentas do Brasil. Qualquer pessoa que acompanha minimamente o cenário político sabe das bandeiras que essa esquerda carioca defende. Eles estão sempre lá achando um absurdo a quantidade de bandidos que estão nos presídios, um absurdo como os menores infratores são tratados, um absurdo toda "faxina social" que a "polícia fascista" faz nas favelas, etc. Sendo assim, votar em candidatos como Freixo, Molon e Feghalli - que defendem abertamente criminosos em detrimento dos cidadãos de bem -, é de uma contradição que não tem tamanho.
Mas o brasileiro parece ter perdido a noção das coisas. Vejo pessoas achando um absurdo, chocadas com um ataque terrorista nos EUA – mesmo tendo acontecido 15 anos após o último atentado – e não se chocam com o nosso terrorismo diário, que não nos permite nem falar no celular na rua por termos medo de sofrermos um latrocínio. Sim, existem os malucos nos EUA que volta e meia invadem escolas e saem matando pessoas. Mas por mais chocante que isso seja, o jornalista canadense Dan Gardner já demonstrou que nos últimos 30 anos morreram, em média, três vezes mais pessoas atingidas por raios do que por atiradores surtados nos EUA. Já aqui no Brasil, o raio cai muitas vezes no mesmo lugar.
Por isso, não dá para entrar na conversinha do esquerdista Obama, que pede controle de armas toda vez que acontece um atentado como este. Talvez Obama devesse fazer um benchmarking no Brasil e ver o quão "bem sucedido" foi o nosso estatuto do desarmamento. Aqui, o sucesso dessa lei foi tão grande, que crianças de 10 anos usam armas para matar policiais. E adivinhem só: tem gente, como os jornalistas petistas Juca Kfouri e José Trajano, que acham que o absurdo maior neste caso foi justamente o policial matar uma criança de 10 anos! Ou seja, esqueçam que essa criança portava uma arma e estava furtando um carro, o importante mesmo é acusar a polícia opressora.
Enfim, esse é o Brasil, o país dos absurdos, das contradições e da falta de noção. Digam a verdade, somos ou não somos um país bizarro?