• André Burger
  • 06/05/2016
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O AMBIENTE DOS INVESTIMENTOS NO CENÁRIO PÓS DILMA

 

(O autor é membro do Grupo Pensar+. O texto foi publicado originalmente em pontocritico.com)

Detalhe: Burger escreve -dilma- sempre com letra minúscula. Eis:

CENÁRIO CALMO
O cenário dos investimentos no Brasil está calmo. Calmo até demais! Seja pela incerteza gerada por uma economia em recessão, seja pela expectativa da troca de governo, pois sai uma facção política que espantou os investidores, entra uma que pode, insisto no pode, atraí-los.

INCERTEZA E INSEGURANÇA
São dois os principais componentes para afastar investidores: a INCERTEZA e a INSEGURANÇA. Incerteza temos demais, principalmente com esta indefinição política. Insegurança, também estamos bem servidos. Seja econômica: qual a política fiscal, cambial e de juros de longo prazo? Seja jurídica: qual respeitabilidade aos contratos privados?

PRÓDIGO
O Brasil viveu, a partir do governo dilma, como um pródigo, gastando mais do que arrecadava e com políticas econômicas e sociais iguais ao do governo Lula, onde havia um superávit fiscal, mas as condições econômicas não se repetiram com dilma.
A consequência dessa política temerária foi um crescente endividamento público, que geraram os CRIMES FISCAIS, que os brasileiros acharam melhor chamar de -pedaladas fiscais-. O sinal de perigo para os investidores, notadamente os estrangeiros, foi a perda do tal grau de investimento. Ou seja, quem aqui investir reconhece que o risco é elevado. Somos terra para especuladores. Recuperar isso levará tempo.

O QUE ACONTECE?
O que acontece com a saída de Dilma e sua desastrada política econômica?
1- O Brasil não amanhecerá com suas contas em dia, num ambiente favorável aos negócios.
2- Ainda levaremos 107 dias para abrir uma empresa e 2.600 horas para cumprir as obrigações tributárias.
3- Os juros ainda serão elevados, contratar funcionários continuará oneroso e ainda seremos junk para os investidores internacionais.

INVESTIMENTOS
Investimentos, vale lembrar, são decididos com base nas expectativas de retornos futuros. O Brasil continua sendo uma economia grande com um enorme mercado consumidor. Um pouco empobrecido, é verdade, mas segue tendo um PIB superior a todos os demais países da América do Sul somados. O PIB de São Paulo equivale ao da Argentina. O do RS, a soma da Bolívia, Paraguai e Uruguai. Ou seja, há mercados e consumidores. Historicamente recebemos mais investimento estrangeiro, proporcionalmente ao PIB, que os demais países que formam o BRICS e isso desde 1996.
Conversando com investidores externos e gestores de fundos de investimento (private equity), suas expectativas estão alinhadas a esses parâmetros: potencial do Brasil a longo prazo, o tamanho do mercado brasileiro e as vantagens comparativas frente a outros países e regiões, especialmente no agronegócio. Ou seja, há uma potencial reversão da situação de investimento privado no Brasil. Em o próximo governo garantindo os 3 Cs: coerência, constância e comprometimento, é viável uma retomada do investimento e do crescimento.

Mas isso é o setor privado. Pelo lado do governo, uma retomada dos investimentos deverá demorar muito mais. Até porque o endividamento do setor público (União, estados, municípios e as empresas estatais) atingiu um nível tal que não há como promover qualquer investimento.

Se o governo pós dilma for minimamente responsável deverá reduzir as despesas correntes antes de se aventurar novamente a promover investimentos. Decorre daí um cenário auspicioso: a falta de recursos do governo pode obrigá-lo a privatização e orientar menos os investimentos através dos bancos públicos, cabendo ao setor privado com sua lógica de mercado investir.

Essas duas ações levam-nos a investimentos de acordo com o que o mercado busca, portanto, em caso de prejuízo, o ônus não é dos pagadores de impostos.

Devemos, naturalmente, vigiar atentamente o novo governo. A tentação de se tornar populista, emitir moeda, criar déficits fiscais é sempre muito grande. Soma-se a isso que a futura oposição, que se não é majoritária, sabe armar protestos, fazer barulho e cuspir.

Vimos que o caminho para uma economia estável é demorado e difícil. Quantos anos levamos para conquistar o tal grau de investimento e quão rápido foi perdê-lo. Ou ainda, em apenas 15 anos um país rico, a Venezuela, se torna um dos mais pobres da América Latina. Ou seja, o desvio para o fracasso é rápido. Imaginar que o governo é a solução, apenas precipita isso.