• Paulo Briguet
  • 23/04/2016
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NÓS, OS ENFORCADOS DO BRASIL

(Publicado originalmente em http://www.bonde.com.br - 21/04/2016)

De como o PT matou, esquartejou e enterrou as esperanças de um país inteiro

Se Tiradentes vivesse nos dias de hoje, seria chamado de sonegador, golpista e assassino. Sonegador porque lutou contra os impostos (que eram de 20% sobre o ouro produzido, e não 40% do PIB, como hoje). Golpista porque lutou contra um governo corrupto, impopular, ilegítimo e autoritário. Assassino porque era um militar (tanto que se tornaria patrono da PM). Os petistas não só apoiariam o desmantelamento da confraria de coxinhas da época, a Inconfidência Mineira, como também aplaudiriam, aos gritos de "Não vai ter golpe!" o enforcamento do Mártir da Independência. 

É irônico que Brasília que faça aniversário justamente em 21 de abril, Dia de Tiradentes. Pois hoje a capital federal, projetada como a cidade comunista perfeita por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, é o símbolo do isolamento do PT e da quadrilha governante em relação ao que 90% do País pensa e quer. Parte de Brasília — o Congresso Nacional — já se deu conta de que precisa ouvir o povo brasileiro se quiser sobreviver politicamente.

Mas a Rainha Vermelha e seus súditos, negando-se a abandonar a Nowa Huta do Planalto Central, ainda insistem em fazer ouvidos de mercador. O que temos é um país inteiro lutando contra um bizarro edifício de discursos delirantes, slogans redigidos por um marqueteiro que está na cadeia e medidas provisórias sem pé nem cabeça, muito menos constitucionalidade. Eis o Palácio da Mortadela — o hospício em que um bando de criminosos tenta subjugar uma nação.

Hoje os enforcados do PT somos nós, o povo brasileiro. Enforcaram as nossas esperanças, esquartejaram o nosso futuro e querem jogar aos lobos famintos o pouco que sobrou. É por isso que o PT precisa acabar. É por isso que o impeachment é só um começo, e um começo bem tímido. Em cada lar, em cada rua, em cada cidade, em cada hospital, em cada escola, em cada empresa, em cada canto do Brasil somos todos pequenos tiradentes que ouvem a voz de Cecília Meireles descrevendo os delírios de uma infeliz monarca diante de seus súditos:

Entre vassalos de joelhos,
lá vai a Rainha louca,
por uma cidade triste
que já viu morrer na forca
ai, um homem sem fortuna
que falara em Liberdade..

Batedores e lacaios,
camaristas, cavaleiros,
segue toda a comitiva,
nesses estranhos passeios
que oxalá fossem felizes
para Sua Majestade.

Colinas de esquecimento,
praias de ridentes águas,
palmas, flores, nada esconde
aquelas visões amargas
que noite e dia a Rainha
cercam de horror e ansiedade.

Ai, parentes, ai, ministros,
ai, perseguidos fidalgos...
Ai, pobres Inconfidentes,
duramente condenados
por que sombria sentença,
alheia à sua vontade!

"Vou para o Inferno!" - murmura.
"Já estou no Inferno!" "Não quero
que o Diabo me veja!" - clama.
(É sobre chamas do Inferno
que rola a dourada sege,
com grande celeridade...)

Do cetro já não se lembra,
nem de mantos nem coroas,
nem de serenins do Paço,
nem de enterros nem de bodas:
só tem medo do Demônio,
de seu fogo sem piedade.

Toda vestida de preto,
solto o grisalho cabelo,
escondida atrás do leque,
velhinha, a chorar de medo,
Dona Maria Primeira
passeia pela cidade.

(Romanceiro da Inconfidência, Romance LXXXII ou Dos passeios da Rainha louca.)