Arrumando a minha biblioteca deparei-me com velhos artigos e antigas anotações de origens diversas, capazes de decifrarem e contribuírem para o entendimento do atual caótico cenário político, econômico e psicossocial brasileiro que não nasceu de repente. Vem sendo construído, gota a gota, homeopaticamente, desde os primórdios do Século XX.
Duas destas fontes de consulta ressalto como verdadeiras profecias. A primeira, diz respeito a um ensinamento de Lênin, versando sobre o trabalho de massa da militância comunista para a desintegração moral da sociedade, objetivando criar o caldo de cultura propício para que o golpe mortal no inimigo capitalista se tornasse possível e fácil. Complementava dizendo: “os capitalistas nos fornecerão a corda com a qual nós os enforcaremos”.
E agora estão nas manchetes da imprensa e nas prisões, os amorais capitalistas, dirigentes das empreiteiras, os doleiros e lobistas, comprometidos no projeto criminoso de poder dos comunistas. Embora esses comunistas também estejam sendo indiciados e alguns deles punidos, os procedimentos dos capitalistas os caracterizaram como tão sórdidos quanto seus algozes comunistas. Grande conquista para a desmoralização do sentimento capitalista.
A segunda profecia foi de autoria do dramaturgo, escritor e jornalista Nelson Rodrigues que em priscas eras diagnosticou os principais motivos condutores das más escolhas da maioria dos eleitores brasileiros que se especializaram em cavar as próprias sepulturas, escolhendo a fina flor dos falsários que sabem prometer o Nirvana aqui na Terra. Isto é, o estado de libertação do sofrimento. Vejamos esta profecia:
A REVOLUÇÃO DOS IDIOTAS - Nelson Rodrigues
"Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina."
"O artista tem que ser gênio para alguns e idiota para outros. Se puder ser idiota para todos, melhor ainda".
"Até o século XIX o idiota era apenas O Idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou tirar um cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os 'melhores' pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele.
Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas."