• Alex Pipkin, PhD
  • 15/08/2025
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Eles Podem Muito, Mas Não Podem Tudo

Alex Pipkin, PhD

 


A virtude não se mede pelo aplauso da plateia nem pelo olhar vigilante de terceiros. Ela existe, ou não existe, na solidão das escolhas. O certo é o certo, mesmo quando ninguém está olhando. O errado é o errado, ainda que uma corte inteira, de capa preta, o aplauda de pé.

Nos salões acarpetados de Brasília, o STF sempre foi mestre no jogo de cena. Acostumado ao velho e surrado toma lá, dá cá, mantém um pacto tácito com grandes bancos e corporações: vocês obedecem às regras não escritas do poder, e nós garantimos que a engrenagem continue girando. Um teatro previsível, de papéis fixos, onde todos sabem suas falas e evitam improvisos perigosos.

Mas eis que surge Donald Trump, não como ator secundário, mas como aquele personagem incômodo que invade o palco e muda o rumo da peça. Com a caneta presidencial e a Lei Magnitsky na mão, primeiro, mira Alexandre, o Grande, e logo outros ministros, como Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso, podem ser atingidos pelas sanções americanas. A medida, ao punir violações de direitos humanos e perseguição política, não apenas lança sombra sobre a reputação dos togados, mas expõe uma vulnerabilidade que o STF sempre fingiu não ter.

Agora, os “guardiões da Constituição” estão esnucados. O roteiro não prevê saída elegante. Se os bancos brasileiros — aqueles mesmos que beijam a mão dos grandes ministros e circulam nos corredores do poder — forem atingidos, restará ao STF revidar. A reciprocidade deixa de ser mera opção: torna-se necessidade. Isso implica ameaçar, ou efetivamente retaliar, bancos e empresas americanas que operam no Brasil.

O paradoxo é evidente: o STF, que tantas vezes moldou o “certo” conforme a conveniência política ou corporativa, agora se vê forçado a agir segundo um princípio que deveria ser imutável — responder a ingerências externas para defender a soberania, não por virtude, mas por sobrevivência.

E aqui, um lembrete incômodo aos senhores de capa preta: vocês podem muito, mas não podem tudo. Há forças que escapam ao alcance de seus votos e liminares. A verdade é uma delas.

Quando a verdade aparece, ela desnuda a vaidade e revela limites. E o terreno sob os pés dos “legisladores” do STF começa a se transformar em areia movediça — instável, traiçoeira, pronta para engolir quem insiste em acreditar que está acima de tudo e de todos.

Como sempre, o tempo se encarrega de mostrar: no fim, não são as togas, nem os palácios, nem as alianças que prevalecem. É a realidade, inevitável e implacável, impondo-se sobre as pretensões humanas.

O certo é o certo. Sempre.