• Sílvio Lopes
  • 05/06/2024
  • Compartilhe:

Câncer político

 

Silvio Lopes

          Quem de nós, no Brasil, nunca parou para refletir sobre o porquê deste país cheio de riquezas, de potencial extraordinário ainda estar longe de se tornar uma grande nação, mas continua sendo um vasto e tenebroso albergue?

Somos o que se pode dizer um país que tinha tudo para dar certo, e deu errado; enquanto isso, há países que tinham tudo para dar errado, e deram certo? Qual o nosso problema? Afinal, qual é o segredo da pujança e da prosperidade?

Como uma pessoa atacada por um câncer no seu organismo, o Brasil, no final dos anos 70 (os mais gloriosos do ponto de vista da realidade econômica), contraiu o pior dos cânceres e que se tornou pandêmico na alma de nossa atividade política. Não é preciso martelar muito para descobrir que à essa época uma pequena célula cancerígena, de notável poder de metástase, passou a tomar conta de mentes e corações dos brasileiros e brasileiras.

Daí em diante, tratou-se de minar e destruir toda e qualquer estrutura institucional que servisse como potencial predadora do mal e das artimanhas erigidas para sepultar nossos sonhos de fazer deste país a tão sonhada grande nação. Deu no que deu.

Nosso projeto de sociedade com ordem, justiça, liberdade e prosperidade, falhou. Aliás, falhou pode não ser o mais exato. Foi "boicotado". E o foi, justamente, a partir desse câncer com nome de partido político que só nos tem trazido engodo, desesperança e temor pelo que ainda poderá vir por aí.

Sob o mantra de defender a "democracia", essa gente despudorada e canalha nos está condenando à mais abjeta e desumana condição: de servidão absoluta ao poder do Estado. Uma tragédia sem fim. Que pode, aliás, não ter volta!

E de um Estado que se tornou império da corrupção, cujas intervenções se fundam na compra de clientelas, distribuindo cargos e empregos aos milhares aos amigos dos "donos do poder". Um Estado que rechaça o talento, a meritocracia e premia, antes, o servilismo e a condição imoral e antiética dos apaniguados.

Tudo a ver com os dias de hoje. A verdade da vida está agonizando. Como bem profetizou José Saramago..."O tempo das verdades plenas acabou. Vivemos no tempo da mentira universal. Nunca se mentiu tanto. Vivemos na e da mentira todos os dias". É desalentador. Que tristeza.

*       O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.