Ontem, dia 20 de fevereiro de 2015, mais uma vez, um grupo de brasileiros que recebeu da imprensa amiga o título de “intelectuais” veio a público afirmar que “a democracia está em risco, que a situação é a mesma de 1964 e que prepara-se no país um golpe contra o Governo Dilma”.
Não tenho mais argumentos e não vejo mais necessidade de escrever um artigo para refutar os conceitos dessa gente. Tampouco entendo ser necessário definir, mais uma vez, quem tem, numa nação livre, o direito de apresentar-se como “intelectual”. Acho, por outro lado, que é essa uma oportunidade para me dirigir à sociedade em mais um apelo para que ela, sociedade, consiga entender a diferença entre o PT e qualquer outro partido que esteve antes no Governo Federal.
Certa vez eu disse que o entendimento do brasileiro médio, a sua capacidade de emitir juízo sobre a realidade política, “oscila entre o lúdico e o obrigatório”, entre a mulata e o imposto de renda, entre o churrasco do final de semana e a conta do dentista. Existe no Brasil, desde sempre, uma espécie de mistura entre o pragmatismo e o utilitarismo, uma incapacidade congênita de avaliar qualquer ação em termos transcendentais e que atravessa, que perpassa toda atividade ou pensamento. Essa regra que aqui descrevo não é exceção no conjunto de motivos que seduziram, que motivaram até hoje, os marginais do poder. Os brasileiros sempre souberam que foram roubados, sempre tiveram, de forma clara e independente do seu nível de informação e educação, a noção de que o poder corrompe, de que os partidos mentem, e os candidatos mudam. O que então está acontecendo de diferente desde a chegada do PT ao poder em 2003? Por que a necessidade constante de invocar o Governo FHC como a origem da corrupção? Por que a reunião e a manifestação desses supostos intelectuais em defesa de Dilma Rousseff? Qual a importância de afirmar veementemente, fanática e histericamente, que tudo que estamos assistindo “sempre foi assim”?
Leitores que até aqui tiveram a paciência de seguir meu raciocínio, a resposta é uma só: porque em toda história do Brasil isso NUNCA foi assim ! É a primeira vez que a Nação enfrenta como governantes um grupo de criminosos com uma “causa”. Não estamos mais tratando com Sarneys ou Malufs, não lidamos mais com projetos de enriquecimento pessoal, com a compra de bens materiais ou com o acesso ao “sexo fácil”.Não é freudiana a explicação para o projeto de poder petista e eu diria que sequer sei, na verdade, se alguma teoria existe capaz de fornecer completamente os elementos para uma “explicação”. Pela primeira vez, em toda história, os brasileiros enfrentam uma força que rouba em nome de uma “causa”, que supera a crise imediata, a questão prática do dilema que envolve prazer e obrigação e que imperava, até hoje, no firmamento dessa nau chamada Brasil que, em pleno século XXI, navega orientada pelas estrelas. Nossa “estrela guia” é agora desgraçadamente vermelha, nosso timão é uma foice e nossa âncora um martelo. Pobre do nosso país ! Até hoje essa nação sabia o que significava ser governada por aqueles que lhe tiravam dinheiro mas agora vai aprender, a qualquer custo, o que é ser governado por alguém que lhe rouba a liberdade. É para confundir matéria e pensamento, dinheiro e liberdade..É para tornar a mesma toda história do Brasil contada até aqui, para dizer que estamos novamente em 1964 que os “intelectuais” vieram a público: o Foro de São Paulo continua (e assim dever ficar) ignorado. A ideia de uma América Latina inteira governada pelo socialismo segue como “teoria da conspiração”, não é ?
O PT “é um partido como outro qualquer”..Foram indivíduos que, visando “enriquecimento pessoal” praticaram “mal feitos” ..Em outras palavras: “A Luta Continua” e mais importante - “A Causa” segue ignorada...
Porto Alegre, 21 de fevereiro de 2015.