• Denis Lerrer Rosenfield
  • 24/12/2008
  • Compartilhe:

VIAGEM AMAZ?IA - Estad?

Viagem ?maz? :: Denis Lerrer Rosenfield Visitei, no in?o de dezembro, a regi?a convite do Comando Militar da Amaz?. A viagem fez-se dentro do Programa Calha Norte, voltado para a manuten? da soberania nacional e da integridade territorial da Regi?Amaz?a e para a promo? do desenvolvimento regional. As observa?s a seguir s?de minha inteira responsabilidade e n?envolvem nenhuma das autoridades militares que fizeram parte dessa miss? O objetivo da miss?era visitar os Pelot?Especiais de Fronteira (PEFs), postos avan?os do Ex?ito nas fronteiras da Amaz?, brigadas do Ex?ito, o VII Comar (Manaus) e o Distrito Naval de Manaus, abrangendo, portanto, as tr?For?. Os locais visitados foram Manaus, Barcelos, S?Gabriel da Cachoeira, Maturac?Sucurucu e Boa Vista. A vis?a?a da regi? sobretudo na viagem ?ronteira norte em dire? ?enezuela e ?uiana, ?e completo despovoamento, com floresta amaz?a cerrada. Os Pelot?Especiais de Fronteira, no caso das visitas a Sucurucu e a Maturac?situam-se, podemos dizer, in the middle of nowhere. Se n?fossem eles, ter?os uma regi?totalmente desprotegida, que apenas poder?os dizer que se trata de terra brasileira. A soberania n??omente uma quest?abstrata de demarca? territorial, mas de efetiva presen?brasileira. Sem o Ex?ito e as For? Armadas em geral, as portas estariam abertas para que essa regi?pudesse tornar-se de outras na?s, o que, no vocabul?o atual, significa patrim? da humanidade. N?nos deixemos seduzir por esse jogo ideol?o das palavras. A presen?militar nessa regi?de fronteira ?onstitu? por em torno de 26 unidades militares, claramente insuficientes para as reais necessidades do Pa? Hoje se fala muito, a partir de um decreto assinado pelos ministros da Justi?e da Defesa, de amplia? para mais 28 PEFs, assegurando a soberania nacional nessas terras ind?nas. H?por? um componente demag?o nessa discuss? pois os pelot?existentes t?muitas car?ias. N?h?atualmente, recursos para a constru? desses novos PEFs. O que houve foi um ato de desviar a aten? do julgamento da Raposa-Serra do Sol, com o intuito de favorecer a demarca? cont?a. O Estado brasileiro nessas regi??ompletamente ausente. Ou melhor, a sua presen?se faz unicamente gra? ?For? Armadas. Toda a regi?de fronteira amaz?a se caracteriza pelos mais diferentes tipos de il?tos, do tr?co de drogas ao desmatamento, passando por contrabando de armas e garimpo. Trata-se, literalmente, da lei da selva. As fronteiras s?extremamente perme?is, pois, por exemplo, a dist?ia entre um pelot?e outro varia de 150 a 300 quil?ros. O Cimi e a Funai t?propagado a id? de que o Ex?ito n??ecess?o, pois os ?ios defendem a fronteira. Nada de mais falso. Os ?ios n?t?nenhum sentido inato de p?ia. Os ianom?s, por exemplo, vivem em pequenas aldeias, com pouco contato com os civilizados, brancos e caboclos, alimentando-se basicamente de farinha e de pouca ca? Circulam entre fronteiras e s?tutelados pela Funai e por miss?religiosas que lhes inculcam ainda mais o sentido do isolamento, da separa? e, mais recentemente, a id? de na?, distinta da brasileira. Quem defende a fronteira ? Ex?ito. O que, sim, existe s?brasileiros ?ios. S??ios que se tornaram brasileiros, o que significa, nas regi?visitadas, que se tornaram brasileiros gra? ?ua incorpora? ao Ex?ito. Nem teriam, n?fosse isso, o dom?o de nossa l?ua. N?faz o menor sentido falar de defesa do territ? nacional, de nossa soberania, sem as For? Armadas. Quem o faz, na verdade, est?azendo um jogo contra o pr?o Pa? No dizer de um membro da comitiva, s?brasileiros ?ios, e n??ios brasileiros. Os ?ios incorporam-se voluntariamente ao Ex?ito, que se torna um meio de sua integra? ao Brasil. Ganham, em suas pr?as tribos, prest?o e melhoram a sua condi? de vida. Guardam tamb?as suas tradi?s, voltando ?suas aldeias, no interior desse processo de acultura? que os faz brasileiros. ?isso que suscita a rea? da Funai e do Cimi, que t?como objetivo segreg?os e isol?os, dentro de um outro projeto pol?co. Em S?Gabriel da Cachoeira h?m batalh?completamente ind?na, de diferentes etnias. Em Maturac?o pelot??onstitu? por ind?nas de 22 etnias. Todos uniformizados e bem treinados para a guerra na selva. Segundo os comandantes militares, trata-se dos melhores guerreiros da selva. Presenciei uma cerim? militar altamente impactante. ?dif?l n?ser sens?l a ela. O local foi, em S?Gabriel da Cachoeira, uma colina que d?ara o Rio Negro. L?a tropa estava perfilada, para uma formatura, com a presen?do comandante militar da Amaz?, o general Heleno. Fazia parte do ritual cantar o Hino Nacional. Naquele ermo do mundo, os soldados ind?nas cantavam o hino a plenos pulm? numa ades?pouca vezes vista. ?como se sua alma falasse atrav?desse canto, dessas palavras, numa irmandade que conferia a todos os presentes uma mesma uni? uma uni?nacional. Os brasileiros ind?nas s??ios aculturados, que se sentem brasileiros. Terminam se identificando com os caboclos, que s?o resultado da miscigena? de brancos com ?ios. O caboclo ? nativo da regi?e termina servindo, para o ind?na, como modelo de integra? ao mundo n?ind?na. ?um equ?co conceitual opor ?ios aos brancos, dentro de uma regi?que j? o produto de um processo de acultura? e, sobretudo, de miscigena? racial, com casais constitu?s de diferentes ra? e etnias. O caboclo ?ruto de todo o processo hist?o brasileiro. Os que se op??cultura? e propugnam pelo isolamento visam, na verdade, a se opor a todo o processo hist?o que resultou na Na? brasileira. * Professor de Filosofia na UFRGS