• Percival Puggina
  • 15/02/2009
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UMA SOCIEDADE VIRADA DO AVESSO

Todo dia, toda hora, nos defrontamos com o avan?dos males sociais. Viol?ia, pervers? criminalidade, drogas, epidemia de gesta?s na adolesc?ia exibem a face assustadora de uma sociedade que se extraviou dos limites. Uma sociedade que, por infinitos modos e tecnologias, muito mais deseduca do que educa. Uma sociedade onde o balconista do bar comete delito se vender cigarro a uma menina de 12 anos, mas sai na boa se a levar espontaneamente para a cama. O desastre que descrevo ganhou marco importante com os rebeldes franceses de 1968 e com seu slogan “il est interdit interdire!” – ?roibido proibir. Malgrado ser flagrante contradi? em termos, a regra ganhou os pensadores “progressistas” da ?ca e se espalhou pela sociedade do Ocidente, atingindo um dos fundamentos da ordem social – o princ?o da autoridade. Proibi?s inibiriam a criatividade. Todo “n? proferido para uma crian?mutilaria sua capacidade de ser aut?a. E toda a autoridade restou delegada ao ilus? templo de uma coer?ia interna, cada vez mais falsa, onde estar de acordo consigo mesmo ganha prioridade em rela? a estar de acordo com a verdade, e onde a mera sugest?de que existam verdades ?ntendida como pura insol?ia. Todo professor, preocupado com bem educar seus alunos, proclama, agora, a imensa dificuldade de o fazer perante a furiosa indisciplina instalada nas salas de aula. Poucos pais que n?tenham chutado o balde de suas responsabilidades deixam de reportar o atrofiamento de sua autoridade e fracassos em suas tentativas de impor limites. Estou falando do mundo e da vida. O que ocorre sob nossas janelas e nos chega pelo notici?o n?faz mais do que expressar decorr?ias de uma mentalidade que primeiro abalou e agora destr?s institui?s. Quais institui?s? Nada de importante, apenas coisas fora de moda e motivos de tro? assim como fam?a, igreja, poderes de Estado, escola, hierarquias num sentido amplo, bem como tudo que da?eriva: ordens, mandamentos, leis, obriga?s, direitos alheios e at?esmo aquele bolorento respeito natural pelos mais velhos. Sem institui?s n?h?utoridade e sem autoridade n?se preservam valores. Sou conservador por manter uma inconformidade juvenil perante esse retrato. Diariamente n?penso o mundo como quem est?aindo, mas como quem est?hegando. Sei (e creio que poucos deixam de saber comigo) que o v?o ? ades?a h?tos que levam ao mal, e que a virtude, pela cal?a oposta, ? ades?a h?tos que conduzem ao bem. Sei que uma sociedade se ergue pela vereda da virtude e desanda pelas avenidas do v?o. E sei que o oxig?o da virtude flui pelas institui?s, que precisam ser s?as e, tamb?elas, virtuosas: fam?a, Igreja, Estado, escola e assim por diante. Voc??e perguntou por que s?os alunos das duas institui?s educacionais militares do Estado os mais bem colocados em todas as avalia?s de desempenho? N?sem pesar reconhe?que este artigo ser?isto como “careta” e politicamente incorreto, de uma ponta a outra. Com efeito, constru?s uma sociedade na qual a virtude se oculta encabulada e o v?o ganha posi? de relevo; onde aquela fica reservada ao foro mais ?imo e este ?roclamado do alto dos telhados. Depois, repete-se o que n?me canso de denunciar na ?a pol?ca: totalmente desinteressados das causas, passamos ao xingamento das consequ?ias. Especial para ZERO HORA 15/02/2009