• Percival Puggina
  • 17/06/2015
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UM CASO RARO: O BOM SENSO PREVALECEU

 Os autores do projeto que concedia de uma a três passagem de ônibus gratuitas por mês para apenados em regime fechado, em regime semi-aberto e aos parentes de uns e outros, tiveram a delicadeza de retirá-lo. Aliás, ao ler, na manhã desta terça feira, a notícia da apresentação do projeto na Comissão de Direitos Humanos do legislativo gaúcho, lembrei-me dos versos de Chico e os parodiei: "Você que apresentou esse projeto, ora faça a fineza de desapresentar". Foi o que acabou acontecendo, felizmente.

 Sabe-se que a sugestão partiu de um setor da Defensoria Pública, sendo adotada pelos deputados Catarina Paladino, Manuela D'Avila, Pedro Ruas, Miriam Marroni e Jefferson Fernandes. A repercussão pública foi tão negativa quanto deveria ser. O presidente da Comissão, diante disso, jogou a responsabilidade para cima da Defensoria, alegando que a sugestão viera de lá. Esta, por sua vez, rejeitou a maternidade da ideia e mandou de volta para a Comissão. Coisa tipo: "Abraça aí que o filho é teu".

No momento em que escrevo, temos uma decisão acertada em cima de um projeto mal pensado. Na Assembléia Legislativa e na Defensoria Pública há gente sonhando com um anonimato provisório e com o total esquecimento do assunto. Ainda assim, o tema merece reflexão porque a malsinada proposta andou sobre esteira bem conhecida. É a esteira por onde passam leis que protegem a criminalidade, que concedem aos presos regalias negadas às suas vítimas, que anseiam pelo total desarmamento das pessoas de bem, que consideram a concessão de vantagens e gratuidades uma solução magnífica exatamente porque a conta, aparentemente, vai para ninguém. E é nessa esteira que atuam os opositores à redução da maioridade penal (os menores que, recentemente, sequestraram, estupraram e mataram uma menina no Piauí cometeram "ato infracional", mais ou menos como se estivessem dirigindo e falando no celular).

É preciso denunciar sempre essa esteira política e filosófica de más ideias e péssimos resultados práticos.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar.

 


Gustavo Pereira dos Santos -   19/06/2015 15:39:52

Caro Genaro, pensei like you. Desnecessário ler a porcaria da encíclica, haja vista o entusiasmo dos comunas na sua divulgação. Dr. percival, não dirá, mas garanto que pensou. É A MERDA SEM FIM!!! Um abraço, Gustavo.

Genaro Faria -   19/06/2015 05:45:40

Prezado professor Puggina, permita-me um comentário off topic. Ou melhor, um apelo ao seu esclarecimento. É o seguinte: Eu sou católico. Significa que eu creio na interpretação que a doutrina de minha igreja faz da revelação e dos ensinamentos de Cristo, a nós transmitidos pelos apóstolos que foram iluminados pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes. E por Paulo e Lucas, que não receberam essa graça, o que por isso mesmo os identifiquem mais comigo e toda a cristandade. Mas se eu tivesse uma coluna de jornal, um blog ou qualquer meio de comunicação que me expandisse além do meu estreito círculo de amizades, eu não me identificaria como um católico. Porque nesse caso eu estaria, além de declarar minha religião, meu credo, implicitamente desafiando quem de dispusesse a me contestar. E eu não sei, sinceramente, se poderia contrastar seus argumentos. Não, certamente, como seu vasto e profundo cabedal da teologia católica lhe permitiria. Por que não esperei que você tratasse dessa encíclica papal e de outras iniciativas desse papa que tanto e a tantos perturba? Porque faz muito tempo que eu não ouço padres em bispos. Dos que eu conheço, pouco restou do verniz de missionários. Que, me parece, perdeu-se com a batina que cedeu o espírito que concedeu ao burocrata. Eu não li nem pretende ler a encíclica do Papa Francisco. O fato dela estar sendo aclamada por notórios hereges que se vestem de teólogos - marxista em pele de cristãos - é uma péssima referência, suficiente para me afastar de sua leitura. Sou radical? Com certeza! Religião não é política. Não comporta, a fé, o relativismo de um simples conceito filosófico, moral, científico. Ou não será fé. Minha pergunta é sobre o que você acha dessa encíclica do Papa Francisco.

Gustavo Pereira dos Santos -   17/06/2015 16:51:49

É A MERDA SEM FIM!!!!! Ideia de jerico? É da Manuela, com certeza. E o registro do Partido Novo? Cai em sucessivas e infindáveis exigências.

Ismael Façanha -   17/06/2015 16:09:02

Os menores de 18 anos, quando matam ou estupram, são crianças brincando de alguma variante moderna de "ciranda- cirandinha" ?

Odilon Rocha -   17/06/2015 14:16:00

Caro Professor Ideias assim só podem vir de quem vem. Cabe a quem de direito, de sã consciência, não só jurídica!, assim se espera, examiná-la e, se for o caso, rejeitá-lá, pelas péssimas repercussões que o caso pode suscitar. Não era nem para ter chegado ao nível de apresentação do projeto. Chega de brincadeira com coisa séria! Será que esse pessoal de esquerda não aprende? Abraço

Zaqueu -   17/06/2015 14:05:21

Enquanto ladrões e assassinos têm privilégios , o cidadão de bem que trabalha e paga seus impostos tem sua liberdade cerceada, tantos no risco ao ir e vir como pelo autoconfirnamento nas moradias, verdadeiras fortalezas. Quanto aos mantidos em regime fechado, além de regalias legais, ainda contam com os indultos especiais como se prezassem valores como espírito natalino, pascal, amor aos pais. Essas concessões podem propiciar o não retorno à detenção, bem como oportunidade para novos delitos, nesse curto tempo de liberdade. Será que é melhor ficar preso para se ter segurança e ficar livre de criminosos? Estamos entre a espada e ... a espada. A cruz, guardamos para nossa prece: 'LIVRAI-NOS DO MAL, AMÉM'.