• J.R. Guzzo
  • 15/04/2009
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TUDO PELO RACIAL - Enviado ao site

Como disse recentemente o escritor Jo?Ubaldo Ribeiro, citando um dos seus personagens da Ilha de Itaparica, quem tem ra??achorro. N?poderia ter feito um resumo melhor da coisa toda O Brasil est?azendo o poss?l, nestes ?mos tempos, para dar a si pr?o algo que at?oje conseguiu n?ter: um problema racial. Se tantos outros pa?s importantes t?quest?s?as de racismo, por que o Brasil tamb?n?poderia ter a sua? Parece um motivo de desapontamento, na vis?das pessoas que foram nomeadas pelo governo para defender os interesses da popula? negra, ou nomearam a si mesmas para essa tarefa, que o Brasil seja possivelmente o pa?menos racista do mundo. Que outros poderiam ser citados? Certamente haver?a?s que t?um n?o maior de leis contra a discrimina?, s?mais s?as na sua aplica? e adotam medidas de prote? especial a minorias raciais. Mas n?d?ara sustentar, n?a s?o, que haja mais racismo no Brasil do que em qualquer delas. Como poderia haver, num pa?onde a grande maioria da popula? n?sabe dizer ao certo qual ? sua cor, nem demonstra maior interesse em saber? Moreno ? sugest?de resposta mais frequente, quando a pergunta ?eita para a imensa massa de brasileiros que n?se identificam claramente como brancos, nem pretos, nem qualquer outra coisa. Criar um racismo que se preze, num pa?assim, n??rabalho f?l – mas ?oss?l. Uma das ferramentas mais utilizadas para isso ?istribuir aos brancos uma esp?e de culpa geral por tudo o que ocorre de errado aqui dentro. N?se citam nomes; s? cita a cor da pele. Tornou-se comum, por exemplo, o uso da express?elite branca como s?olo de coisa do mal – com a agravante, em certos casos, de que essa elite, al?de branca, pode ser do sul. A mesma gente, de pele clara e olhos azuis, ?ulpada tamb?pelo que ocorre de errado l?ora, como a crise financeira internacional; por essa maneira de ver a vida, os desastres que produziram foram provocados por seu tipo f?co, e n?pelo seu comportamento individual. Outro esfor??riar reparti?s p?cas para cuidar da quest?racial – o que tem a tripla vantagem de dar uma cara oficial ?xist?ia do problema, passar a impress?de que o governo est?uidando dele e arrumar empregos para amigos. A mais not?l delas ?m ?o com nove palavras no t?lo e status de minist?o – a Secretaria Especial de Pol?cas de Promo? da Igualdade Racial. Seu grande feito, em seis anos de exist?ia, foi a demiss?da secret?a-ministra Matilde Ribeiro, em 2008, quando se descobriu que ela usava o cart?de cr?to destinado ao exerc?o de sua fun? para pagar despesas de free shop ou contas no Bar Amarelinho, no Rio de Janeiro. Nada parece pior, por? do que a tentativa de estabelecer por lei que cidad? devem ter direitos diferentes de acordo com a cor de sua pele, como preveem os projetos de cotas raciais ora em debate no Congresso Nacional – pelos quais os brasileiros negros, ou definidos como tal, deveriam ter mais direitos que os brasileiros brancos, ou de outras origens, no mercado de trabalho, nas vagas universit?as ou nos concursos para cargos p?cos. ?o contr?o, exatamente, do que deveria ser. A grande vit? da humanidade contra a discrimina? racial foi excluir das leis a palavra ra? o objetivo era estabelecer que todos t?direitos id?icos, sejam quais forem as suas origens, dentro da ideia de que todos os homens pertencem a uma ra?apenas – a ra?humana. No Brasil de hoje, em vez de proibir o uso da no? de ra?para dar ou negar direitos, tenta-se ressuscitar a tese de que os indiv?os s?diferentes uns dos outros, em termos de cidadania, segundo a cor que t? Os defensores de leis raciais ludibriam a boa-f?legando que cota racial ?? afirmativa, escreveu, num artigo para O Estado de S. Paulo, o advogado negro Jos?oberto Milit? um especialista em antidiscrimina? na OAB de S?Paulo. A? afirmativa, de fato, ?utra coisa: ? efetiva atua? da autoridade para coibir a discrimina? contra minorias e multiplicar oportunidades, sem criar cotas, exigir repara?s pelo passado ou estabelecer diferen? de direitos. Ao estado cabe atuar para destruir a cren?em ra?, diz Milit? Leis raciais n?servem para a redu? das desigualdades entre brancos e pretos, pois atacam os efeitos, mas aprofundam as causas. S? al?disso, o oposto da harmonia: como se sabe, nada ?ais f?l do que passar da distin? ?ivis?