• Percival Puggina
  • 08/09/2021
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SETE PERGUNTAS

 

Percival Puggina

 

“Os cidadãos têm direitos individuais independentes de toda autoridade social ou política, e a autoridade que os viola torna-se ilegítima”. (Benjamin Constant, filósofo e político francês de quem os ministros do STF certamente ouviram falar nos cursos que tenham feito). 

No dia 7 de setembro de 1822, o Brasil proclamou sua independência de Portugal porque as Cortes Extraordinárias da Nação Portuguesa planejavam reduzir o Brasil à condição de colônia para prover riqueza e rendas à metrópole empobrecida e degradar a dignidade e a liberdade dos brasileiros.

No dia 7 de setembro de 2021, a maior mobilização popular da nossa história, pacífica e ordeira, proclamou ao sol e à chuva, aos ventos e às calmarias, seu desejo de liberdade de opinião, expressão e dignidade para todos os cidadãos. Por isso, foi o maior Dia da Pátria, depois da fundação da Pátria.

Todos aqueles a quem, de algum modo, se dirigiam as manifestações rejeitaram o gigantesco evento que teve apoio ou foi convocado pelo presidente da República. As perguntas que trago à reflexão do leitor, neste momento difícil da história nacional, são as seguintes:

- quando a esquerda brasileira não se empenha em derrubar quem ocupe a cadeira que ela ambiciona?

- quando a esquerda brasileira não cuidou de assassinar a reputação de quem a ela se opõe?

- quando a esquerda brasileira, no poder, não abusou do poder de que dispôs?

- quando a esquerda brasileira não buscou a hegemonia e o controle da comunicação social?

- quando não buscou o conflito, não esticou a corda, não promoveu a cizânia?

- quando não criou ela mesma os problemas de que se vale para chegar ao poder?

- quando, mundo afora, não foram os conservadores e liberais os adversários prioritários, que a esquerda totalitária sempre precisou derrotar e reduzir ao silêncio nos gulags, nos campos de concentração e nas UMAPs cubanas?

Estas sete perguntas fiz aos cidadãos presentes sob seus guarda-chuvas na manifestação ocorrida em Porto Alegre, no Parcão, no Sete de Setembro. E a resposta unânime foi: “Sempre!”

Sempre foi isso. Sempre foi assim. Eis por que afirmo, com convicção, que Bolsonaro é o objetivo instrumental, material (para dizer com Aristóteles) dos atuais ataques promovidos pelas instituições de Estado. O objetivo final, porém, somos nós, conservadores e liberais, ressurretos na eleição de 2018 com os princípios e valores que julgavam, há mais de meio século, remissos da história nacional.

Agora, impõem-se silenciar-nos. Urge, para essa esquerda, calar as novas vozes que ecoam para milhões nas redes sociais. Saúdo nesses jovens, a inteligência, a superioridade intelectual, a razão que almoça com a verdade, janta com a justiça, serve ao Bem, E causa inveja. Muita inveja.

Se o STF, de doutos e sábios, com tanta facilidade muda de convicção contra a opinião pública, por que, raios, está sendo criminalizada a opinião divergente?

Tudo indica que somos muito mais importantes do que julgamos ser. Talvez haja muito mais em jogo do que as cartas sobre a mesa.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 


Elizabeth Fressato de Oliveira -   12/09/2021 10:34:18

Obrigada por esclarecer e nos por à pensar.

José Carlos da Fontoura Porto -   12/09/2021 07:35:17

Muito bem colocado, eu ainda acho que a esquerda não é oposição, pois ela é contra todos os atos do Governo, ela é a favor do quanto pior melhor, eles querem o poder a qualquer custo e pior tem dois poderes aparelhados para isto, estamos navegando por águas perigosas.

Henrique Oliveira -   09/09/2021 22:25:03

Caro , esrou muito preocupação com o momento atual no Brasil e reconheço que o atual recuo do presidente me preocupa. Talvez ele não esteja preparado ou apoiado o suficiente para virar a mesa no bom sentido e restabelecer o equilíbrio entre os poderes com apoio das Forças Armadas, que participei por 30 anos. Será que essas forças ainda estão a favor de sua população?

CAROLINA CRUZ -   09/09/2021 22:05:54

Não consigo acreditar.......que foi escrito por você.

Gilmar quintino de Oliveira -   09/09/2021 15:09:43

Parabéns......., isso soa como chover no molhado......, nos textos impecáveis que saem da sua lavra. Chove agora em Avaré SP - com ela o verde, que ditará a cor da Moda na Primavera, nessa tão aguardada Estação, entre tantos outros benefícios. que virão. "Amas, com fé e orgulho, a terra em nasceste!/Criança! Não verás país nenhum como este!...................... - Olavo Bilac.

Segalla Robinson -   09/09/2021 14:46:04

República do bafafá e do febeapá. Quão triste ter que aturar esquerdalha e agora a direitalha com o mesmo discurso especular.

Luiz R. Vilela -   09/09/2021 08:50:32

Pois é! Sempre achei que qualquer autoridade que tenha o poder concedido pelo estado, só pode praticar atos legais. Quando uma destas mesmas autoridades, passa a praticar atos ilegais, a concessão que o estado lhe faz, cessa automaticamente, e seus atos passam a ser qualificados como "arbitrários" e por consequência perdem a validade. Seja para policial, promotor, juiz ou qualquer outro poderoso, com a investidura concedida pelo estado, não pode cometer ato ilegal. Agora, quando a "ilegalidade" é cometida pelas pessoas que justamente deveriam apontar e julga-las, recorrer a quem? Apoiar o erro e se solidarizar com o errado, apenas pelo espírito de corpo, demonstra muito bem o caráter do solidário. É triste constatar, mas parece que a falta de vergonha tomou conta do nosso pais.

Martins -   08/09/2021 19:43:39

Gostei do seu artigo. Mas cabe outra pergunta, mais ampla sobre a manifestação: Por quê a mídia não fez quaisquer comentários a respeito dos pedidos das ruas? Por que não apresentaram e leram qualquer faixa apresentada pela multidão? Ficaram apenas com o que o presidente falou. Mas a manifestação popular ocorreu no país inteiro!

Miriam Libânio Magalhães -   08/09/2021 18:38:08

Seus textos,enriquecem diariamente .Admiradora mineira de Pouso Alegre , .P em SP ha 50 anos.Algo bom p alegrar lo:Durante 3p anos punga um pedacinho do Hino Nacional para alunos .Era tão normal.So hoje percebi a indiferença de colegas Mas a semente boa foi plantada Boa noite