S?UM JUSTO
O julgamento pelo STF, no dia 19/03, da demarca? da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima, culminou naquilo que j?e esperava: a continuidade da ?a de 1,7 milh?de hectares ou 12 vezes o tamanho da cidade de S?Paulo. Isso significa que essa parte do territ? nacional, que tem fronteira com a Guiana e a Venezuela, pertence agora a uma “na? ind?na” e nela n?poder?viver ou sequer pisar os chamados “n??ios” (termo politicamente correto), como se todos n?brancos, negros, pardos n?fossemos igualmente brasileiros.
Segundo o ministro Carlos Ayres Britto, os arrozeiros devem ser expulsos imediatamente da reserva, como se bandidos fossem. Note-se que os “n??ios” que comp?,5% dos habitantes do local, produzem 70% do arroz de Roraima ou 106 mil toneladas das 11.04 milh?que s?produzidas em todo Brasil.
S? justo, o ministro Marco Aur?o de Mello, votou contra a abstrusa demarca?. O ministro Marco Aur?o foi, al?de justo, corajoso, coerente, clarividente, l?o. Mas, s? justo, n?salva o Brasil. Dez ministros proclamaram radiantes a reden? dos verdadeiros donos da terra que, em sua pureza original, apesar de aculturados, s?agora os ?os habitantes da imensa reserva. A eles foi dado o direito de voltar ao atraso primitivo, de se aliar aos que vindo de fora quiserem se estabelecer nas terras de ningu? ou seja, dos 18 mil ?ios, gatos pingados naquele ermo sem defesa. Que venham os companheiros das Farc, os cobi?os estrangeiros, os madereiros, os predadores de todo o tipo que devastam a natureza e levam a riqueza que o pa?estupidamente n?sabe usar. Ningu?vai tomar conhecimento.
N?digam os senhores ministros que as 19 condi?s impostas pelo Supremo, arremedos de prote? da reserva, v?funcionar. Desde quando a lei funciona no Brasil? Funciona a velha esperteza, a malandragem que burla as leis que, ali? raramente s?conhecidas, quanto mais cumpridas. No m?mo ainda procedemos como nas col?s espanholas onde se dizia: “La ley se acata, pero no se cumple”.
A maioria dos brasileiros n?vai tomar conhecimento da infausta senten?dos dez ministros. A reserva de nome ex?o, encravada no long?uo Estado de Roraima n?faz parte da imagina? do carioca, do baiano, do mineiro, do paulista, do ga?, de todos que em seus Estados n?t?no? de nossa grandeza territorial, de nossas riquezas naturais. T?pouco faz parte dos sentimentos de nosso povo o sentido de p?ia. Ali? nossa vis?se limita ao entorno imediato de cada um e o estrago feito passar?espercebido.
Contudo, os senhores ministros, ao abrir o precedente que consagra na pr?ca a “na? ind?na”, escancararam o direito de outras “na?s” reivindicarem a posse de v?as regi?do pa? como ? caso de Mato Grosso, maior produtor de soja, que quem sabe poder?oltar aos tempos pr?olombianos. E n?falo s? outros ?ios ou dos quilombolas. Creio que j??se poder?ou poder? criminalizar as aspira?s separatistas dos que almejam apartar do restante do Brasil os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paran?com o objetivo de criar um pa?menor, mais evolu? e mais pr?ro, exata contraposi? ?eserva Raposa Serra do Sol.
Mas h?lgo mais tenebroso na senten?dos dez ministros. Perpassa no procedimento um qu?e venezueliza?. A impress?que se tem ?ue o Judici?o verga diante do Poder Executivo, julgando politicamente o que deveria estar submetido ?ei.
Afinal, mesmo antes de Antonio Palocci ser julgado pelo Supremo, Lula da Silva o lan? candidato ao governo de S?Paulo, o que indica que o presidente sabe de antem?que nada acontecer?o companheiro acusado de quebrar o sigilo banc?o de um humilde caseiro e de outros crimes ligados ?hamada Rep?ca de Ribeir? E, sintomaticamente, Jos?irceu, que foi chamado pelo Procurador Geral da Rep?ca de “chefe da quadrilha”, foi inocentado.
Tem mais: como Lula da Silva concorda com o ministro da Justi?e companheiro, Tarso Genro, que o criminoso Cesare Battisti ?osso, contrariando o pedido de extradi? feito pelo governo italiano, sugere ao STF que perdoe o terrorista e o liberte. Com isso fica Lula livre de dar a palavra final sobre o caso, transferindo seu desgaste internacional ao Supremo.
Ser?ais uma vergonha a ser passada pelo Brasil no cen?o externo, como se n?bastasse o caso da vigarista brasileira, Paula Oliveira, presa na Su?, do menino norte-americano cuja guarda est?endo negada ao pai biol?o, de todos os golpistas e criminosos que no exterior enxovalham a imagem dos brasileiros s?os e dignos.
Infelizmente, s? justo n?d?onta de nos salvar de n?esmos. Mas, pelo menos consola saber que o ministro Marco Aur?o de Mello existe.
* Soci?a.