• Dagoberto Lima Godoy*
  • 23/01/2009
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QUAL ?O SONHO DE TARSO? - www.dagobertolimagodoy.adv.br

Tarso Genro ?m astro em evid?ia no cen?o pol?co nacional. Dou-lhe o cr?to de boas inten?s, mas muitas vezes n?consigo apreender a l?a das id?s que prega, nem as compatibilizar com certas atitudes suas. No momento, h?ma enorme pol?ca em torno da decis?que tomou, como Ministro da Justi? concedendo o status de refugiado pol?co a um cidad?italiano, condenado em seu pa?como autor e/ou adjuvante de v?os homic?os, classificados como atos de terrorismo. O ato causou muita revolta, especialmente por parte de parlamentares e do governo da It?a, que tomaram a atitude oficial brasileira como uma tremenda ofensa ?emocracia italiana, no que foram apoiados por muitos, aqui no Brasil, como foi o caso do influente jornal O Estado de S?Paulo. [...] Em editorial, [...] o jornal critica duramente o Ministro, por fazer “prevalecer sua opini?pessoal, como se sua expertise (jur?co-internacional? diplom?ca?) fosse suficiente para solucionar quaisquer problemas ‘externos’ nossos” (OESP, 16-01-09). N?faltou quem apontasse o contraste entre essa ?ma decis?de Tarso e aquela outra, quando n?concedeu ref? a dois atletas cubanos, participantes do Pan-Americano de 2007, alegando terem eles manifestado sua vontade de voltar a sua p?ia (n?obstante as amea? proferidas pelo governo “democr?co” de Cuba). A revista Veja, numa reportagem sobre o rumoroso caso, afirmou que “o ministro j?avia dado mostras recentes de que, se ningu?o segura, ele se deixa facilmente levar pelo caminho obscuro das convic?s esquerdistas”, dando como exemplo sua proposta de revisar a Lei de Anistia, com o intuito de punir os torturadores do regime militar, demonstrando “revanchismo e inoportunidade” (Veja, 21-01-09). Tarso reclama que todas essas cr?cas tem inspira? ideol?a, supondo-se que, em seus atos, o ministro esteja livre da mesma (no vi?oposto ao dos cr?cos, ?laro). N?sei quem est?om a raz? desta vez, preferindo aguardar o pronunciamento da Justi? Entretanto, n??e hoje que as atitudes e as posi?s p?cas de Tarso Genro v?dando o que pensar, quanto aos seus verdadeiros objetivos pol?cos. Vale lembrar outros fatos. Em junho de 2001, em mais um de seus elaborados textos (Participa? e reformas - ZH, dia 21, fls. 17), o ent?Prefeito de Porto Alegre manifestou seu desgosto com a “mitifica?” do Or?ento Participativo (OP), posto em pr?ca por ele, que estaria sendo transformado “numa esp?e de ?ne de uma cidade ex?a ‘onde a esquerda deu certo’ ”. [...] Tarso defendia o OP como uma experi?ia “germinal” de “um outro contrato pol?co”, que n?visaria “inviabilizar o atual” (entenda-se por atual o regime constitucional vigente no Pa?; e se apresentava como um evolucionista pol?co, disposto a introduzir “adiantamentos” capazes de organizar “os conflitos sem rumo da democracia puramente formal, muitas vezes manipulados pelo poder econ?o e pela m?a”. A m?a, acusava Tarso, n?oportuniza “a fala de todos, sem discrimina? social ou econ?a”, nem que “as pessoas e os grupos sociais, com pouca influ?ia nas decis?p?cas, possam dar conseq?ia ?suas demandas e interesses mais elementares”. Pregava, ent? um outro contrato pol?co, em que os conflitos fossem abertos e “mediados por regras aut?as e estatais”. Ora, Tarso vem parecendo ser mais movido por suas “convic?s esquerdistas”, como diz a Veja, do que comprometido com a preserva? do contrato pol?co vigente – a ordem constitucional – e a transpar?ia do debate. Dois exemplos: no primeiro caso, recorde-se sua infeliz proposta de ren?a do Presidente FHC, legitimamente eleito pela maioria dos eleitores brasileiros – disparate merecedor de tal repulsa, at?entro de seu pr?o partido, que logo teve que lan? m?de sua verve dial?ca para defender-se da pecha de golpista. No segundo, lembro como ele se op? id?, surgida dentro do pr?o PT, ao preparar a candidatura de Lula ?resid?ia da Rep?ca, para as elei?s de 2002, da defini? de uma “agenda m?ma”, capaz de clarear - para o eleitorado brasileiro e para os investidores nacionais e estrangeiros - o compromisso do Partido e de seu candidato com linhas consequentes e respons?is de pol?ca econ?a, monet?a e fiscal (o que o PT viria a fazer, no Manifesto aos Brasileiros). Segundo li, ?poca, argumentava que o PT deveria afirmar-se por suas diferen? e n?pelas converg?ias com outras correntes pol?cas. Ora, sem clareza na proposta do Partido, como identificar as verdadeiras diferen?, alegadas por ele? Usando os pr?os conceitos expendidos por Tarso, no citado artigo, pode-se afirmar que discursos nebulosos - recheados de promessas infundadas e alimentados por “slogans” e palavras de ordem - fazem parte das “formas arcaicas e superadas de produ? da sociabilidade”, muito ao gosto dos regimes totalit?os. Enfim, as cr?cas ao Ministro podem nem sempre ser justas, mas, quando as palavras sofisticadas e o estilo rebuscado tornam herm?co o discurso, ?os atos e atitudes do pol?co que se podem deduzir os seus verdadeiros prop?os. Ent? a pol?ca em torno dessa ?ma decis?do ministro, talvez nos permita identificar o que, at?gora, n?consegui: qual ?afinal, o “contrato pol?co” sonhado por Tarso Genro? * Cidad?brasileiro. 22-01-2009