• Cleber Benvegnú
  • 29/03/2009
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OS SANGUESSUGAS DO BRASIL - Zero Hora

O Brasil, de fato, como tem dito o humorista Jos?im? ? pa?da piada pronta. N?raras vezes, no entanto, a anedota costuma ser de mau gosto. ?o caso do esc?alo administrativo do Senado. Impressiona a constata? de que aquela casa, composta por 81 senadores, possu?181 diretores com sal?os pr?os de R$ 25 mil. Mais: o or?ento da institui? ?uperior ao do munic?o de Porto Alegre. Isto mesmo: para administrar alguns poucos pr?os e suas susceptibilidades, o gasto ?aior que o de uma cidade com 1,4 milh?de pessoas. Eis a prova provada da nossa cultura patrimonialista, que endeusa o Estado apenas para us?o como se privado fosse. ?o dinheiro do povo a servi?dos privil?os de uma casta silenciosa, sorrateira e espertalhona. No Brasil, em virtude das peculiaridades do seu processo civilizat?, o poder – a Coroa Portuguesa – chegou antes da constitui? comunit?a. A popula? s?io depois, submetida e amoldada ao comando estabelecido. A consequ?ia ?ue a nossa hist? foi se desenhando em volta das franjas estatais, enquanto a sociedade restou subjugada a um papel meramente secund?o e coadjuvante. N??or outro motivo que a iniciativa privada ?ista com tanto descaso. N??or outro motivo que o empreendedorismo n?faz parte dos curr?los escolares. N??or outro motivo que temos a maior carga tribut?a do planeta. N??or outro motivo que reina a burocracia no servi?p?co. N??or outro motivo, enfim, que o Estado foi se transformando num elefante gordo, vagaroso e ineficiente. Mas, apesar disso, ele ainda continua ovacionado como se fosse a ?a reden? poss?l. Vivemos, enfim, num pa?em que a pauta sempre trata dos direitos, quase nunca dos deveres. Na pol?ca, o patrimonialismo se encaixa tanto na esquerda quanto na direita retr?das. N?tem prefer?ias partid?as e ideol?as. Seu esp?to ?ervir-se do bolo. Basta ver que agora o governo Lula fomenta um processo de inchamento da m?ina p?ca sem precedentes, enquanto antes um coronelismo reacion?o distribu?benesses a amigos do “rei”. S?muitos os que constru?m sua autonomia pol?ca e financeira nesse entorno do poder. Como sanguessugas da for?de trabalho alheia, fazem pouco, descansam muito, colocam o palet? cadeira e saem a defender teses politicamente corretas. Quase nada produzem, quase nada acrescentam. N?s?todos, por ?o, mas h?iversos nessa condi?. Que o caso do Senado sirva de alerta. Alerta definitivo! Que a sociedade reavive seu civismo e revigore seu ?eto republicano. Que os funcion?os p?cos possam ser bem pagos e reconhecidos, contanto que de maneira justa e equilibrada. Que o Estado n?seja pequeno ou grande, t?somente efetivo. Enfim, para n?deixar o pessimismo tomar conta, melhor dizer: que Deus nos proteja! *Advogado e escritor