• Márcio Luís Chila Freyesleben
  • 07/02/2009
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O REI EST`NU

Quando o Ministro Tarso Genro concedeu asilo pol?co a Cesare Battisti, tive a certeza de que o fato deixaria de ser not?a em tr?dias. Em que pese a gravidade do desatino, a imprensa agiria como tem agido nos ?mos vinte e cinco anos: poucas vozes destoantes em meio a uma maioria condescendente. Era ?o que a imprensa n?teria o anelo nem a coragem de sustentar a not?a por muito tempo, como acontecera em epis?s anteriores. A merc?ispensada a Battisti em nada diferiu das concess?que haviam sido feitas a outros terroristas que, malgrado as evid?ias, foram idolatrados pelo Governo do PT e pela elite intelectual do pa? Inertes, assistimos ao pa?de Anita Garibaldi, de David Canabarro, de Ant? de Souza Netto e de Bento Gon?ves, baluartes da rep?ca e da liberdade, ocupar-se de impingir ao povo incauto os novos her?p?ias-amadas. Com efeito, n?se poderia esperar postura diferente de um Governo que conta com o apoio, a participa? e a simpatia de pessoas cujo passado registra crimes atrozes o mais poss?l, com especial destaque aos assaltos a banco, aos sequestros de diplomatas e aos covardes assassinatos. O caso Battisti estranhamente ganhou f?o, e passou a n?ter data para cair no esquecimento. O que teria havido de errado? Em meio a vers? opini?e teorias, fui buscar explica? no dinamarqu? Hans Christian Andersen, autor de A Roupa Nova do Rei. Conta a f?la que havia um rei que adorava vestir roupas bonitas. Seus emiss?os percorriam longas dist?ias em miss?de encontrar roupas novas para o rei. Certa feita, um bandido, dizendo-se alfaiate, convenceu o rei de que era capaz de confeccionar as mais belas roupas do reino. Apenas as pessoas muito inteligentes, todavia, poderiam v?as; aos menos inteligentes, as roupas seriam invis?is. O rei, vaidoso, contratou o farsante, que foi devidamente alojado em pal?o com o exclusivo desiderato de produzir o guarda-roupa real. Certo dia, ansioso, o rei quis conhecer os progressos do alfaiate, e, junto de seus ministros, foi ter com o artes? Assim que o farsante exibiu as vestes invis?is sobre a mesa de trabalho, o rei asseverou: Que maravilha! Magn?co. Posto que nada visse, n?desejava dar parte de ignorante diante de seus s?os. O ministro da educa? igualmente nada via, mas, em p?co, fez coro com o rei, temendo passar por tolo: Majestade, ?ndumento de fina estirpe. Os demais ministros, temendo a n? de n?inteligentes, engrossaram o coro com o rei, e sucederam-se suspiros e elogios exagerados. Agendou-se, ent? a apresenta? p?ca do rei com seus novos trajes. Concitaram-se os s?os inteligentes - e somente eles - a que comparecessem ?olenidade. Com o reino em festa, anunciava-se a chegada do monarca. Quando o rei surgiu em p?co trajando a nova roupa, todos ficaram boquiabertos. Como ?ela a roupa do rei! Que cousa espetacular!, diziam os s?os, que n? eram n?inteligentes. Do cimo de uma quaresmeira, um menino, que a tudo assistia e a quem nada havia sido explicado sobre as propriedades m?cas das novas vestes reais, olhou e exclamou: o rei est?u! O espanto foi generalizado, e um sil?io profundo foi seguido de estupefa?. Todos come?am a se entreolhar: O rei est?u... Est?nu mesmo. O rei tratou de tapar as vergonhas com as m? e esconder-se em pal?o. O asilo a Battisti fugiu ao controle do governo porque a It?a, ?emelhan?do garoto da f?la, esbravejou: o ministro est?u! O brado italiano parece ter despertado a imprensa de um sono hipn?o. Sono hipn?o, ali? no qual mergulhara h?uito. Foi certamente por conta da hiberna? que a imprensa deixou de se posicionar nas diversas ocasi?em que Carlos Lamarca, Carlos Marighella e Che Guevara foram referidos como her? ou nas in?as vezes em que Fidel Castro, Evo Morales e Hugo Chaves foram aqui tratados a p?de-l? Hans Christian Andersen escolheu um menino para denunciar a nudez do rei, porque a crian? representava a ingenuidade, a sinceridade e, portanto, a isen?, somado ao fato de que o petiz n?havia sido contaminado pelo senso comum. Tivesse escolhido um adulto, certamente a f?la teria outro desfecho. O adulto, desprovido dos atributos meninos, cairia em fatal desgra? seria sumariamente recha?o debaixo de pilh?as e tro?. Sem o benef?o da isen?, o adulto seria vinculado a interesses conspirat?s, a grupos opositores, e outras cantilenas idiossincr?cas. A It?a, por ser um elemento externo, encarnou o menino. No Brasil, eram dos adultos as poucas vozes que se levantaram. H?inco lustros a esquerda empenha-se em convencer o povo brasileiro de que seus terroristas foram verdadeiros her? de que lutaram pela liberdade democr?ca do pa? Cuida-se da mais absurda mentira, pois qualquer pessoa com um m?mo de honestidade intelectual sabe que a esquerda preparava-se para levantar-se em armas contra o regime democr?co, com o objetivo de implantar o comunismo no Brasil, regime que desdenha os mais elementares princ?os de liberdade. No entanto, semelhantes aleivosias vicejaram feito erva daninha, em detrimento da verdade. O incauto que se atrever a contrari?os ser?mediatamente rotulado de direitista, o que compreenderia, na concep? falaciosa da esquerda, saudosismo ?itadura, afei? ao fascismo e ades?ao nazismo. Assim como o rei que, temendo passar por tolo, deixou-se ludibriar por um farsista, n?amb? temendo sermos acusados de direitistas, quedamos silentes. A esquerda foi de tamanha efici?ia que calou a direita brasileira; transformou-a no adulto, ou seja, no ant?o do menino da f?la. Mas n?foi s?so. Notem que a maioria dos brasileiros ?ontr?a ao aborto, ?utan?a, ?ni?homossexual, ?egaliza? das drogas, e ?avor?l ?enas de morte e ?edu? da maioridade penal. A m?a, no entanto, exprime suas opini?como se fosse porta-voz do sentimento nacional. A campanha do desarmamento foi um exemplo emblem?co do descompasso entre o sentimento nacional e os ideais de nossa intelectualidade. Ent? eles nos atingiram n?apenas o direito de exprimir nossa opini? quando nos silenciaram, sen?tamb?nas pr?as palavras, quando se arvoram nossos porta-vozes. Antes que seja tarde demais, ?reciso levantar a bandeira da direita, recobrar os valores do liberalismo, para salvaguardamos a democracia e o capitalismo; com destemor e afinco. Antes que seja tarde demais, ?reciso denunciar que o rei est?u. * Procurador de Justi? Minist?o P?co Estado de Minas Gerais