• Editorial do Estadão
  • 10/01/2009
  • Compartilhe:

O MST NO PAPEL DE QUINTA-COLUNA

O novo governo paraguaio do ex-bispo progressista Fernando Lugo, empossado em agosto ?mo e eleito sob a bandeira da reforma do Tratado de Itaipu, encontrou no Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) aliado pronto a encampar a sua causa no Brasil. Ao aceitar pressurosamente o papel de quinta-coluna que foi instado a assumir por seus interlocutores em Assun?, com os quais mant?estreitos v?ulos ideol?os, centrados na Teologia da Liberta?, a incendi?a organiza? se coloca em rota de colis?com o governo brasileiro - que o sustenta generosamente. Na defesa do interesse estrat?co nacional, o presidente Lula est?irmemente decidido a manter a integridade do acordo firmado pelos dois pa?s em 1973. O Planalto n?objeta a que o Paraguai fa?uma auditoria da sua d?da de US$ 19 bilh?origin?a da constru? da usina binacional. Mas se op? pretens?de Lugo de obter uma eleva? significativa do pre?que o Brasil paga ao seu pa?pela energia de Itaipu (US$ 45,31 brutos por megawatt). O governo brasileiro tampouco aceita a reivindica? paraguaia de vender a outros pa?s, e n?apenas ao Brasil, como estipula o tratado, a parte que lhe pertence da gera? da usina. (O Paraguai consome n?mais de 5% do fornecimento de Itaipu.) O objetivo imediato de Lugo ?uplo: de um lado, ampliar a pauta de conversa?s com Bras?a - o que, em si, ?eg?mo; e, de outro, dar curso a uma estrat?a de guerrilha, como revelou ao jornal Valor um negociador paraguaio que n?quis se identificar. Trata-se da decis?temer?a de angariar apoios no Brasil para a batalha de opini?p?ca que o governo paraguaio quer ver desencadeada para furar o alegado bloqueio brasileiro de informa?s oficiais sobre as tratativas entre as partes. ?onde entra o MST, com o acendrado internacionalismo que levou o seu l?r supremo, Jo?Pedro Stedile, em maio de 2006, a oferecer ao presidente da Bol?a, Evo Morales, as suas brigadas para expulsar os latifundi?os brasileiros do vizinho pa? (Nesse mesmo ano, ele anunciou a solidariedade do povo brasileiro ?acionaliza? da ind?ia de g?boliviana, com a ocupa? de duas refinarias da Petrobr?) Prudentemente, Morales dispensou a colabora? da turba paramilitar emeessetista. Agora, a organiza? ?ue foi procurada, na certeza de pronto e fraternal atendimento. Para preparar o esp?to da milit?ia, material de propaganda sobre as demandas paraguaias j?ircula entre os seus acampados e assentados, sustentados pelo governo brasileiro, que paga as cestas b?cas que lhes s?destinadas, com o dinheiro do contribuinte. O pretexto para a mobiliza? ? defesa do princ?o da soberania nacional e popular sobre os recursos naturais, diz um dos principais dirigentes do MST, Roberto Baggio, convenientemente esquecido de que, no caso de Itaipu, esses recursos permaneceriam inexplorados n?fosse a associa? com o Brasil. Para o governo Lula, tanto o presidente Lugo como os seus agentes do lado de c?a fronteira est?querendo politizar uma quest?t?ica e p?ob suspeita um acordo leg?mo no ?ito das rela?s bilaterais. Mas isso e nada ? mesma coisa para o projeto insurrecional de Stedile. Se for necess?o faremos no futuro manifesta?s de solidariedade ao povo do Paraguai, anuncia ele. Sabendo-se de longa data no que consistem tais manifesta?s, as suas palavras representam antes uma amea?do que uma promessa. O MST conta com forte estrutura nos Estados do Sul, como o Paran?nas proximidades da ?a de Itaipu. Al?disso, por interm?o da Via Campesina, de que faz parte, o MST se articula com o seu equivalente paraguaio, a Mesa de Coordena? Nacional das Organiza?s Campesinas, que ajudou a formar. Igualmente ominosa ? perspectiva de que a solidariedade ao povo do Paraguai seja inclu? na exacerbada agenda revolucion?a da passagem dos 25 anos do MST, a ser festejada, como de costume, com manifesta?s de protesto, ocupa?s de propriedades e marchas por todo o Pa? Noticia-se que, por determina? do Planalto, a Ag?ia Brasileira de Intelig?ia (Abin) ir?onitorar a alian?antinacional em que embarcou o MST. N?poderia ser de outra forma. Com toda a probabilidade, por? o governo ter?e ir al?disso.