• Millôr Fernandes
  • 05/12/2008
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O LEÏ E O RATO

Depois que o Le?desistiu de comer o rato porque o rato estava com espinho no p?ou por desprezo, mas d?o mesmo), e, posteriormente, o rato, tendo encontrado o Le?emvolvido numa rede de ca? roeu a rede e salvou o Le?( por gratid?ou mineirice, j?ue tinha que continuar a viver na mesma floresta), os dois, rato e Le? passaram a andar sempre juntos, para estranheza dos outros habitantes da floresta ( e das f?las). E como os tempos s?t?duros nas florestas quanto nas cidades, e como a polui? j?evastou at?esmo as mais virgens das matas, eis que os dois se encontraram, em certo momento, sem ter comido durante v?os dias. Disse o Le? - Nem um boi. Nem ao menos um paca. Nem sequer uma lebre. Nem mesmo uma borboleta, como hors-doeuvres de uma futura refei?. Caiu estatelado no ch? irado ao mais fundo de sua alma leonina. E, do ch?onde estava, lan? um olhar ao rato que o fez estremecer at? medula. A amizade resistiria ?ome? - pensou ele. E, sem ousar responder ?r?a pergunta, esgueirou-se p?nte p? sumiu da frente do amigo ( ? ) faminto. Sumiu durante muito tempo. Quando voltou, o Le?passeava em circulos, deitando fogo pelas narinas, com ? da humanidade. Mas o rato vinha com algo capaz de aplacar a fome do ditador das selvas: um enorme peda?de queijo Gorgonzola que ningu?jamais poder?xplicar onde conseguiu ( f?las!). O Le? ao ver o queijo, embora n?fosse animal queij?ro, lambeu os bei? e exclamou: - Maravilhoso, amigo, maravilhoso! Voc? uma das sete maravilhas! Comamos, comamos! Mas, antes, vamos repartir o queijo com equanimidade. E como tenho receio de n?resistir ?inha natural prepot?ia, e sendo ao mesmo tempo um democrata nato e confirmado, deixo a voc? tarefa ingrata de controlar o queijo com seus pr?os e fam?cos instintos. Vamos, divida voc?meu irm? A parte do rato para o rato; para O Le? a parte do Le? A express?ainda n?existia naquela ?ca, mas o rato percebeu que ela passaria a ter uma validade que os tempos n?mais apagariam. E dividiu o queijo como o Le?queria: uma parte do rato, outra parte do Le? Isto ?deu o queijo todo ao Le?e ficou apenas com os buracos. O Le?segurou com as patas o queijo todo e abocanhou um peda?enorme, n?sem antes elogiar o rato pelo seu alto crit?o: - Muito bem, meu amigo. Isso ?ue se chama partilha. Isso ?ue se chama justi? Quando eu voltar ao poder, entregarei sempre a voc? partilha dos meus bens que me couberem no lit?o com os s?tos. Voc? um verdadeiro e egr?o mer?ssimo! N?vai se arrenpender! E o ratinho, morto de fome, riu o riso menos amarelo que podia, e ainda lambeu o ar para o Le?pensar que lambia os buracos do queijo, E enquanto lambia o ar, gritava, no mais forte que podiam seus fracos pulm? - Longa vida ao Rei Le?! Longa vida ao Rei Le? MORAL : Os ratos s?iguaizinhos aos homens. Autoria: Mill?ernandes