• Percival Puggina
  • 22/08/2015
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O GOVERNO DILMA E A SÍNDROME DE ESTOCOLMO

 

 Há alguns meses, uma dupla de vagabundos me encostou uma pistola na barriga e exigiu a chave do carro. Ainda sob o impacto do acontecido, fomos, minha mulher e eu, à delegacia mais próxima relatar a ocorrência. Era o que se impunha fazer naquele momento e esperávamos, ademais, que a notificação urgente possibilitasse - quem sabe? - recuperar o que nos haviam roubado. Mas isso não aconteceu.

Estou convicto de que tivemos um comportamento normal. É o que se faz em tais circunstâncias. Reage-se indo à polícia. Espera-se que os criminosos sejam apanhados. Exige-se que as quadrilhas sejam trancafiadas.

Diante do que acabo de descrever, impõem-se inquietante questão: por que, diabos, quando na condição de cidadãos que veem o país ir à gaita, tantos se recusam a admitir que estão sendo roubados? Por que, após serem ludibriados com mentiras, muitos se mantêm defendendo os mentirosos? Que síndrome de Estocolmo (1) social e economicamente sinistra é essa que ainda sai às ruas, assina colunas de jornais, esgrima comentários no rádio e na tevê e se entrincheira nas redes sociais para defender o governo? Agem como vítimas que, após o dano sofrido, saem conversando amavelmente, abraçadas com quem as prejudicou - "Bye, bye, voltem sempre!". (1) Essa síndrome designa o vínculo emocional com os sequestradores, desenvolvida pelos sequestrados durante um roubo a banco na capital da Suécia em 1973.

Recebi, ontem um levantamento segundo o qual, somando-se os filiados ao Partido dos Trabalhadores com os militantes do MST, Via Campesina, MTST, UNE e ONGs financiadas pelo governo federal, acrescidos dos blogueiros, MAVs pagos pelo partido e titulares de cargos de confiança, chega-se a umas 15 milhões de pessoas, ou seja a 7% do eleitorado. E esse seria, portanto, o piso da aprovação ao governo.

No entanto, os números parecem um pouco inflados. Há gente que não se enquadra em qualquer dessas categorias e se conta entre os tais 7%. Quando milhões saem às ruas em centenas de cidades do país, expressando a natural indignação de quem se percebe roubado, ludibriado e vítima de estelionato eleitoral, os protetores do governo tratam de desqualificar suas admiráveis manifestações. Afirmam que são mobilizações exclusivas da classe média, como se um governo que fez mais da metade dos votos e em poucos meses cai para 7% de aprovação, não tivesse perdido apoio de todas as classes sociais.

Nestes dias, o petismo busca salvação no andar mais elevado dos poderes de Estado, reunindo homens  da estirpe de Lula, Sarney, Renan, Jucá, Barbalho. Janta com ministros do STF! Encontra-se secreta e casualmente com Lewandowsky na cidade do Porto. Usa e abusa dos nossos recursos, aumentando os gastos com a publicidade oficial para domar a mídia e distribuindo favores aos currais eleitorais do Norte e do Nordeste.

E tem buscado, inutilmente, arregimentar apoios, também, no andar térreo, convocando os "exércitos" de Stédile (MST) e de Vagner Freitas (CUT). Que fiasco! Para cada cem manifestantes do dia 16, o governo conseguiu, no dia 20, transportar e colocar nas ruas uns 4 ou 5 gatos pingados, que se moviam em visível constrangimento e com a animação de velório de monge budista. Não é humano, não é natural, não é normal, aplaudir corrupção, inflação, desemprego, carestia, recessão e incompetência. Quando isso acontece, ou há interesses em jogo, ou é síndrome de Estocolmo.

* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.


 


abrahão finkelstein -   24/08/2015 18:12:56

Caro Puggina, Gostaria de expressar uma convicção: Infelizmente, só o completo naufrágio da economia, quando todos estiverem afogados em dívidas, quando o valor do real tiver se evaporado e gêneros de primeira necessidade tiverem sumido das prateleiras, quando tivermos que andar armados, mesmo estando em nossas casas, sòmente aí, talvez, saia um grito rouco da garganta, um BASTA ao total desmantelamento de um pais que tinha futuro e que foi capturado pelas corporações criminosas, sindicatos escrotos, centrais de assaltantes do erário público, tudo transformado em forma de vida e sentença antecipada de morte na mão de vagabundos como os que te assaltaram. Só aí, talvez, os brasileiros não tendo mais nada a perder ajam como deveriam agir quando ainda havia tempo de botar as coisas em seus devidos lugares.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   23/08/2015 22:56:24

Precisamos continuar investindo na campanha de politização e esclarecimento do povo brasileiro, através das redes sociais e das manifestações nas ruas que, diga-se de passagem, já necessitam de aperfeiçoamentos em sua forma de apresentação. Não existe maneira mais legítima e, ao mesmo tempo, rápida e eficiente de exigir das instituições democráticas que exerçam seu papel político e cumpram seu dever moral e constitucional. Quanto às manifestações de apoio ao governo petista, apesar do zero em adesão popular, serviram de alerta quanto à capacidade de organização, articulação e determinação da comuna. Fiquemos de olhos bem abertos pois, ao menor vacilo, essa gente tem força o bastante para, em questão de semanas, recuperar considerável parte do terreno que perderam em mais de meio ano.

Data Venia -   23/08/2015 18:09:31

Mal posso esperar por outubro de 2016! PT e demais partidos de esquerda vão conhecer o maior fracasso eleitoral da história. Não se esqueçam que, além da corrupção e incompetência, eles votaram contra a redução da maioridade penal. É a hora da VINGANÇA DO ELEITOR!

Gustavo Pereira dos Santos -   23/08/2015 17:53:35

O pai da constituição cidadã e o gordo Rouanet, não deixem de ver o video abaixo. É uma aula sobre impeachment: https://www.youtube.com/watch?v=1WN5BCIVUeM

Gilmar Mendez -   23/08/2015 14:43:48

Acredito que pouquíssimas pessoas sofrem da síndrome Maria do Rosário (ótima adaptação do termo pelo Odilon Rocha), o brasileiro se pudesse lincharia a bandidagem, esse negócio de passar a mão na cabeça de bandido é coisa da esquerda, e neste caso os bandidos a que nos referimos são da esquerda ou de canalhas mancomunados com eles. Na verdade os brasileiros de um modo geral, acreditam e confiam piamente na grande mídia, e não basta só eu ou alguém mais próximo falar e provar para essas pessoas incrédulas sobre tudo o que está acontecendo no Brasil e na América Latina, ou sobre o Foro de São Paulo, pois se não vier o William Bonner em cadeia nacional, em edição extraordinária, com aquele ar de "eu sou a verdade", ah, e com cara de sério, contar tudo sobre os reais planos deste governo criminoso, continuarão não acreditando ou não querendo acreditar. O mesmo acontece sobre a fraudulenta apuração nesta última eleição da Dilma. Uma parcela muito grande da população prefere enfiar a cabeça em um buraco igual ao avestruz, assistir novela ou futebol, não querem se incomodar, por isso é necessário esse trabalho continuado que você vem fazendo Puggina, de conscientização das pessoas, e cada um precisa fazer a sua parte no seu ambiente familiar, roda de amigos e de trabalho, um comentário num blog, numa página do face, um compartilhamento, uma curtida, um simples acesso, uma visualização de um vídeo, muita gente pode achar isso uma bobagem, mas não é, é um incentivando o outro, é a formação de uma rede e de uma conscientização coletiva de uma Nação, não deixar a idéia e a voz do inimigo ecoar mais alto, a verdade deve prevalecer. A mesma coisa é a importantíssima participação nas manifestações, e sobre isso tem gente que diz, "isso não vai dar em nada", claro que adianta sim, não podemos nos acomodar, os cidadãos de bem acabam de mostrar nesta última semana que a rua é nossa e não desta corja criminosa e sua militância paga.

Fernando Luiz Brauner -   23/08/2015 01:05:32

Caríssimo Puggina : "Acima, todos concordes e eu também! Todavia, minha preocupação primeira, agora...É a transformação conveniente e proposital, do "Presidente da Câmara Federal, em boi de piranha", visto as declarações derrapantes, na mídia e outras... Com o objetivo de disfarçar, a crise que repousa, unicamente, em ombros do Executivo e & , obviamente, se sua única responsabilidade...Crise moral e corruptiva sem fim! ". ISTO ME FAZ, ENOJAR!

João Cleucio Nogueira Lima -   22/08/2015 22:32:24

Caríssimo Percival , boa noite ! Eu estive refletindo sobre esses comportamento e modos de agir de milhões de pessoas a muito tempo, mas a muito tempo mesmo. Hoje entrando no hotmail para ler minhas mensagens diárias e encontrei a sua. Como de praxe , leio e arquivo todas as suas crônicas. Não é que descobri que você, me permita tratá-lo assim, pois somos amigos virtuais a mais de 4 anos, descobri que revelastes ao Brasil aquelas minhas reflexões impiedosas com os tais comportamentos das pessoas acima tratado. "Caro Puggina, sua analogia foi brilhante - há sim uma Síndrome de Estocolmo (turbinada) no seio da população, inclusive nos elementos mais eruditos da sociedade!", como comentou acima o Sr Ricardo Soares. Uma descoberta muito inteligente e de muita sensibilidade psicológica. Meus parabéns e obrigado por desvendar esses mistérios alienados dessas mentes que padecem desse mal. Forte abraço !

Odilon Rocha -   22/08/2015 18:58:27

Caro Professor Tudo não passa de uma questão de princípios, de moral, nivelados por ignorância, falta de discernimento e outras coisas mais. Sim, tem também malandragem. Está na hora de trocarmos o nome que cunhou aquela lastimável inversão de valores lá na terra viking. Aqui é 'Síndrome Maria do Rosário'. É só uma pequena adaptação. Nada mais. Abraço

Genaro Faria -   22/08/2015 16:50:21

A falta de publicações editadas aqui, do aparelhamento generalizado das instituições do Estado e da chamada sociedade civil , além de anos de doutrinação nas escolas e universidades levaram a essa hegemonia marxista em nosso ambiente cultural, de resto incipiente e mais voltado para o entretenimento que propriamente para o saber. Quem protesta contra o governo não se ilude de que o marxismo seja um filosofia ou uma doutrina, que não é mesmo, mas uma apologia ao crime (meios) que justifica os fins, quais sejam, manter-se indefinidamente no poder e com ele eliminar os adversários, inclusive fisicamente. Quem participou dessa marcha a favor de um partido que se proclama "dos trabalhadores", mas se alia a empresários corruptos e banqueiros não tem apenas um problema moral ou psicológico. Tem também um deficit mental.

Ismael de Oliveira Façanha -   22/08/2015 15:23:28

Chego à casa dos setenta, já tendo perdido no caminho velhos e diletos amigos, alguns até mais jovens do que eu, o que deveria me encher do medo à própria morte, mas graças aos "modernismos" e às façanhas do PT, sinto a vida neste país algo como um purgatório de pecados alheios, que me desgosta profundamente, pior do que qualquer coisa que possa imaginar.

Jorge Luiz Fenerich -   22/08/2015 15:16:59

Triste mas necessário dizer que somos um povo que infelizmente é incapaz de produzir cidadãos capazes, competentes, produtivos e imbuídos de ética, moral etc, somos um povo que assim como todo o resto da "América Latrina" estamos fadados a eternidade nesse marasmo. Não quero aqui ofender ninguém, sou tudo o que disse acima porém desde quando me conheço por gente só vejo esse pais ir para baixo principalmente depois de 1988, a coisa tem piorado muito a cada quatro anos. Triste mas um fato consumado.

Gustavo Pereira dos Santos -   22/08/2015 14:59:15

Sem me alongar, afirmo que a corrupção, a violência e a degradação da sociedade são traços marcantes da esquerda. Não há comparação com a direita, onde o direito burgês pune.. É histórico, está documentado, o socialismo NUNCA desenvolveu uma nação considerada civilizada. O socialismo funciona em países plenamente desenvolvidos pelo capitalismo, like Noruega e Dinamarca (altos IDH), ond e o 1º ministro vai trabalhar de bicicleta e qualquer cidadão tem atendimento médico urgente se der um espirro. Pensar que quem fez a merda irá limpá-la é o mesmo que aceitar um ladrão tomar conta de um cofre abarrotado de grana. Coisa de débil mental.

RICARDO MORIYA SOARES -   22/08/2015 14:48:53

Caro Puggina, sua analogia foi brilhante - há sim uma Síndrome de Estocolmo (turbinada) no seio da população, inclusive nos elementos mais eruditos da sociedade! Acredito que o número de cretinos que jamais deixarão de apoiar o PT e seus subalternos (PCdoB, PSOL, PSTU e PCO) chegue a casa dos 10-12 milhões; podendo inflar até 15 milhões se levarmos em conta os estudantes lobotomizados espalhados pelo país. Em suma, eles representam a minoria da minoria em números totais - e se comportam como aqueles 'alunos do fundão', que apesar de representaram menos de 5% de toda a turma, ainda sim conseguem interromper e atrapalhar os seus colegas e professores, chegando até a corromper um ou outro mais fraco de espírito. Esses idiotas úteis sempre existirão, e é nosso dever enquadrá-los para que respeitem as regras de convívio em sociedade. O nosso maior problema é o dito 'grupo intermediário' - um colosso de aproximadamente 30% do eleitorado que oscila mais que a Itália na Primeira Guerra Mundial. Eles não tem vontade própria, ou sequer buscam qualquer entendimento acerca dos graves problemas que enfrentamos como nação; eles simplesmente seguem os padrões apresentados na grande mídia - o que é péssimo para uma semidemocracia! E não são apenas os recipientes de programas governamentais, pois no conjunto acima mencionado, estão representantes de todas as camadas sociais (pequenos e microempresários, profissionais liberais e especialmente burocratas concursados). Os 30% podem muito bem eleger a figura nefasta de Marina Silva em um eventual embate pós renúncia (ou pós impeachment); ou mesmo reeleger o Demônio dos Nove Dedos para um terceiro mandato... creio que a única certeza que eles tem (o grupo dos 30%) é a da onipresença necessária do Estado Nacional. O Estado Babá é indispensável para o grupo dos 30, e sempre o será, pois nasceram e cresceram acreditando nos mais diversos contos mágicos sobre a excepcionalidade e infalibilidade das entidades públicas - para eles, o corrupto é apenas uma maçã podre que danifica todo o sistema, pois nunca pensaram a fundo que o próprio sistema é a maçã podre que prejudica o indivíduo! O Grupo dos 30% vive em um limbo permanente, eles precisam de uma abrangente Síndrome de Estocolmo para poder justificar sua própria conduta viciada e preguiçosa

Frederico Hagel -   22/08/2015 14:32:39

Acho que a questão não se enquadra em respeito a formas de pensar... Quem defende manter as moscas que causaram a m... defende a corrupção e o descalabro de 12 anos de mentiras e subornos. Assim como quem defende a escalada comunista feita pelo PT no Brasil não aprende com a história e exemplos de nações que enveredaram por este caminho. Normalmente são teóricos que sempre aproveitaram-se das benesses do dolce farniente deste governo de ladrões.

André Ambrosio Abramczuk -   22/08/2015 14:30:04

Como de praxe, artigo lúcido. Gostei imensamente dos comentários de Alexandre e de Carlos Edison Domingues.

Alexandre -   22/08/2015 13:58:30

Acredito que muitos estão apenas cautelosos, esperando a conclusão da Lava Jato. Ao que parece, o PT não é o único nem o principal envolvido. Eu me solidarizo com quem DESCONFIA de um governo que já teve vários de seus quadros envolvidos com a corrupção. Mas o protesto de alguns é desqualificado quando misturam indignação com a corrupção com questões ideológicas. É a tal indignação seletiva. Nem todo corrupto é de esquerda e vice-versa. É temerário acreditar que a derrubada de um projeto ideológico eliminará a corrupção da política. Nesse sentido, embora não se possa criticar quem se sinta roubado e queira o impeachment, também é necessário respeitar quem pensa diversamente. Quem defende que é necessário, antes de trocar as moscas, que a m... acabe.

Carlos Edison Fernandes Dominguesedison -   22/08/2015 13:34:28

Sr. Puggina. Alcancei os 78 anos com o mesmo entusiasmo que iniciei aos 18. Ao longo do tempo convivi com Mem de Sá, Carlos de Brito Velho e Solano Borges. A maioria dos que, atualmente , comandam os três Poderes não me decepciona. Eles são produtos de uma doença social chamada lulismo que assola uma nação durante algum tempo. Devemos continuar combatendo este mal. Carlos Edison Domingues