O EXPURGO NO REGIME CUBANO PODE SER UM ATO DEFENSIVO - www.sacralidade.com.br
Os “castr?os”, ou praticantes da obscura ci?ia que ? interpreta? das mudan? na ditadura dos irm? Castro, em Cuba, est?divididos com rela? ao significado do expurgo realizado no governo nas ?mas semanas. Alguns o consideram como sinal de mudan? outros o v? como sinal de resist?ia ?udan?
Antes de compartilhar com os leitores minha pr?a vis?dos fatos, vou fazer uma r?da revis?das tr?principais teorias sobre os motivos da demiss?de uma d? de altos funcion?os p?cos cubanos, entre eles o ex-chanceler, Felipe P?z Roque, e o ex-czar da economia, Carlos Lage. H?empos corriam rumores de que ambos estavam entre os prov?is sucessores do velho presidente Ra?astro (77 anos).
P?z Roque, de 44 anos, ex-ajudante pessoal de Fidel Castro e a quintess?ia da fidelidade ao tirano, era da linha dura. Homem de limitado alcance intelectual, que se orgulhava de ser considerado um “talib?cubano, uma vez me disse, com cara s?a, que em Cuba havia mais liberdade de imprensa do que em Miami. Se assim fosse, lhe respondi, Cuba teria autorizado, h?uito tempo, formadores de opini?anticastristas em sua m?a.
Lage, ao contr?o, era quase universalmente visto como um reformista. M?co de profiss? 57 anos, planejou as reformas econ?as que permitiram que Cuba sa?e do “per?o especial” que se seguiu ao colapso do bloco sovi?co.
No fim da semana passada, como costuma acontecer com os funcion?os p?cos removidos nos regimes estalinistas, P?z Roque e Lage fizeram seu respectivo “mea culpa”, depois que Fidel Castro (82 anos) escreveu um artigo publicado na imprensa oficial, afirmando que eles tinham sucumbido ?“do?as do poder”, e declarou que “o inimigo externo estava cheio de ilus?a respeito deles”.
Entre as explica?s mais freq?es do expurgo feitas pelos “castrologistas” est?
• A teoria do “sinal de mudan?: o presidente Ra?astro consolida seu poder destituindo os homens leais a Fidel e substituindo-os pelos leais a ele mesmo – quase todos militares – nos cargos mais altos do governo, antecipando-se a eventuais mudan? da administra? de Obama que relaxem as san?s norte-americanas contra Cuba. Ao rejeitar os leais a Fidel e substitu?os pelos seus pr?os protegidos, Ra?amb?promove uma nova gera? de l?res, que ser?mais adequados para resolver as novas realidades diplom?cas e pol?cas, segundo a mais difundida teoria sustentada entre os cuban?os.
• A teoria da “resist?ia ?udan?: antecipando-se ?mudan? da administra? de Obama que relaxem algumas san?s norte-americanas em rela? a Cuba, os irm? Castro destitu?m os membros do governo mais jovens, mais conhecidos e mais relacionados internacionalmente, para enviar um claro sinal de que n?haver?achaduras pol?cas no regime. Chamem isso de reconcentra? de poder, se quiserem. Se os Estados Unidos relaxarem suas san?s, o governo cubano pretende apresentar-se como um bloco monol?co, afirma essa teoria.
• A teoria do “bode expiat?”: a caracter?ica mais not?l do regime castrista, como de todas as ditaduras, ? busca constante de bodes expiat?s. Como assinalou na semana passada o jornalista independente cubano Odalis Alfonso Toma, “sempre que atingimos o pico das crises administrativas ou executivas, aparecem novas acusa?s de apropria? indevida do dinheiro p?co e de abuso de poder, lan?as contra funcion?os p?cos dos altos escal?governamentais.[1]
Uma combina? de teorias
Minha opini? minha modesta conjetura ?ue o ocorrido na semana passada foi uma combina? da segunda com a terceira teoria. O artigo escrito por Fidel Castro declarou que P?z Roque e Lage tinham proporcionado aos inimigos de Cuba “ilus? de mudan? na ilha, o que me leva a crer que o expurgo foi uma medida defensiva tomada pela ditadura decr?ta.
Foi o que j?correu e acontece novamente. Cada vez que fatos externos amea? pressionar Cuba para que permita as liberdades fundamentais, ou que algu?do governo cubano surge como potencial sucessor da dinastia familiar, os irm? Castro t?reagido cerrando suas fileiras e entrincheirando-se na posi? de linha dura.
No final da d?da de 1980, quando a extinta Uni?Sovi?ca iniciou o processo de abertura pol?ca da perestroika, Fidel Castro destituiu – e depois executou – o carism?co her?o ex?ito e renomado reformista, o general Arnaldo Ochoa. Em 1992, em meio ?emocratiza? dos ex-aliados cubanos do leste europeu, Castro destituiu Carlos Aldana, o segundo funcion?o mais poderoso do Partido Comunista Cubano e mais famoso reformista dentro da hierarquia do governo cubano. Como as v?mas do expurgo da semana passada, estes e outros funcion?os p?cos afastados sempre fizeram declara?s p?cas confessando seus alegados pecados.
Agora que Washington se compromete a relaxar as san?s norte-americanas, a fam?a governante cubana provavelmente continuar? a promover limitadas mudan? econ?as, que disfar? a continuidade do regime. Internamente, cerram as fileiras, para tentar protelar o efeito da press?internacional no sentido de uma pol?ca de abertura.